GloboEsporte
José Edgar de Matos
Atacante comanda vitória fundamental e que livra o Tricolor da chance de rebaixamento.
Faltava uma carga de adrenalina. Uma carga de intensidade para o São Paulo poder respirar, enfim, no Campeonato Brasileiro. Esse impulso veio na pilha demonstrada por Luciano no decisivo confronto diante do Juventude, no Morumbi, na última segunda-feira. No ritmo do decisivo camisa 11, o Tricolor venceu por 3 a 1 e se livrou definitivamente de qualquer chance de queda.
Em 75 minutos dentro de campo, Luciano anotou dois gols, tirando o time duas vezes do sufoco, e ainda participou diretamente do gol anotado por Jonathan Calleri, que aproveitou rebote após cabeçada do companheiro.
A noite começou e terminou com canto especial dos mais de 40 mil são-paulinos no Morumbi para o jogador: “é Lu-ci-a-no!”.
Desde o retorno do público aos jogos no estado de São Paulo, Luciano é o jogador mais ovacionado pelos torcedores. A entrega em campo talvez seja a responsável pelo afeto criado; porém, os gols, como os anotados contra o Juventude, colocam ao rumo da idolatria um jogador que até meses atrás nunca havia jogado com torcida favorável no Morumbi.
Luciano recarregou um combalido São Paulo, agora livre das chances de rebaixamento — Foto: Marcos Ribolli
O cenário encerrado com alívio, contudo, começou com preocupação. De volta após três jogos, o camisa 11 abusou da força na primeira jogada da partida e recebeu o cartão amarelo. Tal ato, que claramente mostrava o excesso de vontade do atacante, se transformou em uma pilha positiva, com a resposta necessariamente rápida que o São Paulo precisava.
Luciano abriu o placar aos quatro minutos e participou do gol de Calleri, aos 42 do primeiro tempo. Na etapa final, quando o Juventude diminuiu o marcador e ensaiava uma pressão para buscar o empate, o atacante chegou na frente de Rafael Forster e deu um tapa de categoria de canhota para ampliar.
Um gol de raça, concentração e habilidade. Tudo o que o São Paulo precisava para, enfim, se salvar no Brasileirão sem depender da última rodada.
A noite sob o ritmo de Luciano terminou aos 30 minutos da segunda etapa, quando os aplausos e gritos do início se repetiram para reverenciar o grande personagem da noite. A partir da saída do atacante, o ritmo da partida caiu, e o são-paulino pôde contar, minuto a minuto, o encerramento do drama no Brasileirão de 2021.
Com Luciano, o Tricolor é diferente, mais competitivo. Essa intensidade é fundamental para o São Paulo se recuperar como time de futebol e evitar uma nova temporada de desgaste com o torcedor, que exige mais, como demonstrou em manifestação de protesto depois da vitória.
Luciano comemora retorno com gols em vitória que garantiu o São Paulo na série A
Luciano antecipou o retorno após passar por cirurgia no punho e recarregou um time combalido, que sofreu uma forte pancada do Grêmio há poucos dias. O atacante transforma o ambiente são-paulino dentro e fora do campo, não se conforma com o resultado adverso.
Essa pilha, essa indignação com a situação aquém do clube, que deve mais se sentir aliviado do que comemorar o resultado de segunda-feira, serve como um norte para ser incorporado dentro do clube para um 2022 com menos sufoco e com mais festa pelo lado do Morumbi.
O que deu certo
Calleri anotou o segundo gol do São Paulo na partida — Foto: Marcos Ribolli
Sem a presença de Gabriel Sara, vetado por problemas no joelho, o São Paulo mudou a dinâmica ofensiva e trabalhou mais diretamente. Com Calleri centralizado coube à dupla Rigoni e Luciano dar ritmo para o ataque e se deslocar para abrir espaço.
Foi assim que o São Paulo chegou ao primeiro gol, com cruzamento preciso de Rigoni para Luciano abrir o placar antes dos 10 minutos de partida, e ao terceiro, com o camisa 11 atacando a profundidade para aproveitar belo lançamento de Miranda.
Porém, mais do que qualquer tipo de movimentação, o São Paulo teve uma mudança anímica, especialmente em comparação ao jogo contra o Grêmio. O time de Rogério foi intenso, se impôs e, enfim, pode respirar no Brasileiro, e com méritos.
O que deu errado
São Paulo venceu o Juventude, mas noite poderia ser ainda mais tranquila — Foto: Marcos Ribolli
O São Paulo sofre com problemas de desconcentração, e não é de hoje. A vantagem adquirida na segunda etapa quase se transformou em poucos minutos do segundo tempo.
O gol do Juventude saiu com uma bola que cruzou de lado a lado e terminou em finalização dentro da pequena área. O lance poderia ter mudado o jogo e transformado o ambiente no Morumbi, mas Luciano reapareceu minutos depois e resolveu a partida.
Próximos passos
Enfim, o São Paulo respirou. O time não vai ser rebaixado. Porém, antes de pensar em 2022, a equipe se despede do Brasileirão na quinta-feira, às 21h30 (de Brasília), diante do América-MG, em Belo Horizonte.
Depois do último compromisso esportivo, o São Paulo se volta para a política. No dia 16, conselheiros votam mudanças no estatuto, que sugerem um clube ainda menos democrático, com diminuição do conselho, reeleição e pouco acesso ao processo.
A atenção, com 48 pontos na tabela, se direciona para fora do campo, onde a instituição ainda vive grave crise, principalmente financeira, com dívidas acima dos R$ 600 milhões.
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