GloboEsporte
Leonardo Lourenço
Torcida demonstra impaciência em empate com Ituano, apesar de reformulação no time.
As vaias ouvidas no Morumbi logo após o empate sem gols com o Ituano, no domingo, pela segunda rodada do Paulistão, são compreensíveis. Parecem duras demais para um time em reformulação, em seu segundo jogo no ano, com muitas mudanças, mas trata-se de um sentimento acumulado.
Está ainda fresca na memória do torcedor a aflição na reta final do Brasileiro, quando o São Paulo evitou só na penúltima rodada um rebaixamento inédito. Rogério Ceni estava no banco, mas é exagero dizer que o time se salvou do vexame ao evoluir após a saída de Hernán Crespo.
Por outro lado, é preciso ponderar que o São Paulo está, de fato, num processo de reformulação do elenco, que houve pouco tempo para se preparar para o Paulista e que essa preparação foi prejudicada pelos muitos casos de atletas afastados por Covid.
Rogério Ceni em São Paulo x Ituano — Foto: Marcos Ribolli
Rogério, numa decisão saudável, mudou muito o time em comparação àquele que perdeu do Guarani na estreia. Faz bem para testar reforços, sistemas e para poupar jogadores que viveram num ambiente tensionado por uma série de lesões no ano passado.
O Paulista, que no passado ganhou o peso de “Copa do Mundo” – as aspas são de um dirigente –, dessa vez equilibra-se expectativa no Morumbi. A temporada do São Paulo não pode terminar em abril, principalmente após a frustração de 2021.
Dito tudo isso, com os “poréns” obrigatórios ao momento, esperava-se mais do time no empate com o Ituano.
Com muitas dificuldades, o São Paulo passou o jogo trocando passes sem avançar sobre a bem montada defesa do rival e, na incapacidade de se aproximar da área pelo chão, cruzando dezenas de bolas que tiveram a eficácia da cloroquina no tratamento da Covid.
Rogério mudou bastante o time. Jandrei estreou no gol – e demonstrou que pode incomodar o titular Tiago Volpi, uma pressão que o goleiro ainda não teve em três anos no clube.
Na defesa, Miranda atuou com Diego Costa, e Welington assumiu a lateral esquerda. Rodrigo Nestor foi o primeiro volante, com Patrick e Gabriel Sara pelos lados. Na frente, Nikão e Alisson atuaram com Rigoni como centroavante – a pior ideia de Rogério para o jogo.
Confira a coletiva pós-jogo de Rogério Ceni do São Paulo
O argentino se meteu no meio da zaga do Ituano e desapareceu. Era visto eventualmente, quando pressionava o goleiro rival para que não demorasse numa reposição. Passou o primeiro tempo quase sem tocar na bola. No segundo tempo, com Calleri em campo, voltou para o lado, mas continuou mal – vive um jejum de 13 jogos, sem nunca ter feito um gol com Ceni no banco.
Quem esteve mais perto da vitória foi o Ituano, que teve um pênalti no primeiro tempo. Gerson Magrão bateu, e Jandrei defendeu – o goleiro foi a melhor notícia para o torcedor tricolor, com uma atuação segura.
Jandrei defende pênalti em São Paulo x Ituano — Foto: Marcos Ribolli
As vaias foram assimiladas por Rogério Ceni:
– Eu acho que o torcedor sempre sai frustrado quando não tem vitória em casa. Esse resquício vem quase de uma década, não do ano passado. Por não conseguir grandes vitórias, títulos expressivos. Torcedor tem expectativa muito alta, e a realidade não corresponde.
Não se faz um time em tão pouco tempo, mas paciência é artigo de luxo no futebol. O legado de 2021 – e até antes disso – pesa no Morumbi.
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