UOL
Brunno Carvalho
A derrota por 2 a 1 para o Guarani deixou claro ao técnico Rogério Ceni que o São Paulo ainda tem muito a melhorar para o decorrer da temporada. Com apenas 15 dias de pré-temporada, a equipe mostrou problemas semelhantes aos do ano passado na estreia do Paulistão e saiu de campo sem pontuar.
Em entrevista coletiva virtual depois da partida, o treinador admitiu que o condicionamento da equipe ainda não é o ideal, mas afirmou não ser desculpa para a derrota. “A estreia foi ruim porque você perde na estreia do campeonato. Não importa se são poucos dias de treinamento, se ainda não estamos com condicionamento físico ideal, mas é sempre ruim. Como ideia de jogo, como posse, como construção, eu acho até que foi bom, mas erramos uns passes fáceis, [faltou] ter um pouquinho mais de velocidade para construir, com amplitude de jogo. Até teve coisas boas, mas ainda falta bastante para atingir um bom estágio”, disse o treinador.
Ceni afirmou ainda não saber exatamente quando seus jogadores estarão 100% fisicamente. “Depende do que a gente fizer, se a gente for rodar mais o elenco, se a gente for usar mais os mesmos jogadores rodada após rodada”. Antes de iniciar a partida de hoje, Ceni afirmou ter escalado a melhor equipe de acordo com a condição física. Recuperado recentemente da covid-19, o zagueiro Miranda foi poupado, dando lugar a Diego Costa. O mesmo aconteceu com Patrick, que entrou apenas no segundo tempo.
O São Paulo volta a campo no próximo domingo (30), às 16h (de Brasília), contra o Ituano. Será o primeiro jogo no Morumbi na temporada. Confira outras declarações de Rogério Ceni: Como você avalia a atuação dos reforços? A questão física atrapalhou? Eu acho que enquanto tiveram a condição física, desempenharam bem. O lado direito, principalmente, com Nikão, Rafinha e Alisson funcionou bastante no primeiro tempo. Construímos a maioria das jogadas por esse lado.
Acho que no final o Nikão saiu um pouco cansado, o Rafinha permaneceu no jogo um pouco cansado. Acho que quem se destacou mais na parte física, talvez até o melhor jogador nosso, foi o Alisson. Jogou pelo meio, jogou pelo lado quando precisou, e teve uma condição física superior aos demais. Mas é um primeiro jogo, nós temos que melhorar, sabemos que temos que melhorar a parte física e ser um pouco mais agressivo, ter um pouco mais de profundidade. Vamos tentar através dos jogos, da competição, melhorar.
Chute do Lucão do Break no primeiro gol era defensável? Do ângulo de onde eu estou é muito difícil falar. Tem que olhar pela televisão, não consigo te dar uma avaliação melhor. O jogador pegou um chute feliz, realmente, de fora da área. Mas não dá para eu ter a profundidade exata do lance. Mas, independentemente disso, foi uma ótima finalização, não podemos descartar o mérito do jogador adversário. O quanto o torcedor pode ser importante no retorno da equipe ao Morumbi? Sempre. O torcedor é sempre muito importante, foi muito importante em um momento difícil do ano passado nas rodadas finais do Campeonato Brasileiro. Sempre com muita gente, sempre aplaudindo e sempre empurrando o time.
Agora, é um começo de trabalho. Muitos jogadores que hoje jogaram trabalharam 10 dias apenas. Vamos tentar melhorar o time a cada rodada. E a presença do torcedor, o incentivo do torcedor, é muito importante para nós, para mim, para todos os jogadores. Quais aspectos trabalhados na pré-temporada que hoje deixaram a desejar? O lado direito funcionou bem, o lado esquerdo não foi da mesma maneira. O ano passado o time atacava muito bem pelo lado esquerdo e tinha uma falta de equilíbrio pelo lado direito.
Acho que essa entrada do Nikão com o Rafinha ajudou bastante a equilibrar o lado direito, o próprio Alisson. Nós jogamos hoje num tripé, só depois na parte final que nós jogamos em um 4-2-4, quando entrou o Éder com o Calleri. Acho que a gente teve mais equilíbrio e melhores ações pelo lado direito. Falta a gente dar esse mesmo equilíbrio no lado esquerdo, fazer esse balanço de um lado para outro até chegar à conclusão. Mas precisamos melhorar na criação. No controle do jogo até foi bom, mas na criação falhamos bastante.
A ideia de hoje que você tem para o time é próxima do que vimos hoje? Tudo que a gente não tem é imposição física. São jogadores mais baixos, mais técnicos. Acho que é um time que é feito para tentar construir jogo, um time com uma ideia mais ofensiva. Mas com o passar do tempo, com a melhora no condicionamento físico… o que mais a gente sente é a bola aérea. É um time que sofre muito nesse tipo de bola, seja na transição direta (goleiro-atacante), seja nas bolas paradas, é um time que ainda sofre nesse sentido por não ter uma estatura tão elevada.
O quanto o ritmo dos jogadores pesou nessa partida de estreia? Eu acho que o ritmo faltou para o São Paulo e para o Guarani, apesar de ter começado mais cedo a pré-temporada. É cansativo para todo mundo, é puxado um primeiro jogo para todos.
O Guarani foi mais feliz nas finalizações, teve bons chutes, um gol de falta belíssimo, mas não teve muitas chances. Nenhum dos dois lados teve chances claríssimas de gol. Eles tiveram os dois chutes, acho que não tiveram nenhuma outra oportunidade de gol, e nós também não criamos tanto. Tivemos um pênalti que estava em impedimento, uma finalização do Alisson que passou muito próxima ao gol. Mas o que falta é essa agressividade na última linha, conseguir criar, rodar, mas ser agressivo na última linha, penetrar um pouco mais pelos lados, atacar um pouco mais o meio da área. Isso é o que falta para gente e é o que vamos tentar buscar nos próximos dias.
Os minutos finais deixaram uma boa impressão para o torcedor? Honestamente, os minutos iniciais para mim foram bem melhores que os minutos finais. Os minutos finais foram mais de tentar, de pressionar, tentar agredir o adversário, marcar pressão para retomar a bola… mas você também propiciou alguns contra-ataques ao adversário. Para mim, os minutos iniciais foram muito melhores, onde o time ainda estava inteiro fisicamente e nós conseguimos construir bastante, tentando equilibrar o lado esquerdo com o lado direito. Lado direito hoje muito acionado, lado esquerdo hoje não foi tão bem. Mas para mim os minutos iniciais foram bem melhores que os minutos finais.
São Paulo apresentou problemas da temporada passada. É possível solucioná-los com esse elenco? Nós vamos fazer o melhor que nós podemos com jogadores que nós temos. Lógico que vamos tentar fazer o melhor possível. Agora, a velocidade nós temos Marquinhos, Caio e Toró para tentar essa velocidade. Mas quando uma equipe baixa a linha, como baixou o Guarani, você tem que ter muito mais qualidade de construção do que velocidade. A velocidade se dá quando você é pressionado por um time e joga em contragolpe, como o Guarani jogou a maior parte do tempo: com dois pontas com pé invertido e dando velocidade.
Mas quem joga em linhas adiantadas precisa ter uma melhor qualidade de construção, melhor passe dos zagueiros. É isso que a gente precisa treinar mais, precisa ter um pouquinho mais dessa sintonia fina para jogar em adversários que baixam linha como o Guarani baixou hoje.
LEIA TAMBÉM:
- São Paulo x Atlético-MG: onde assistir ao vivo, horário e escalações
- Veja o que o São Paulo precisa para ter sua melhor campanha no Brasileiro em dez anos
- Sem confronto direto, São Paulo vê adversários dispararem e briga por G-5 mais distante
- São Paulo anuncia mais de 25 mil ingressos vendidos para duelo com Atlético-MG
- Liderança ativa: veja como Rafinha, Calleri e Lucas atuam também fora do campo no CT do São Paulo