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Tales Torraga
Ricardo Centurión é hoje um dos grandes personagens do futebol argentino. Aos 29 anos e prestes a estrear no San Lorenzo, ele deu uma saborosa entrevista de quase uma hora à ESPN do país sem amarras com o passado. E em um “sincericídio” tipicamente portenho, ele admitiu que só não foi à última Copa do Mundo com a seleção argentina por ter ido a uma balada pouco antes da apresentação dos jogadores então comandados por Jorge Sampaoli.
“Um dia antes de sair a lista [de convocados], tive uma reunião com Sampaoli, quase uma hora, com ele me dando todos os detalhes”, disse o atacante que passou pelo São Paulo em 2016 e 2016. “Eu me sentia parte desta seleção, até me telefonaram, me pedindo uma foto para um documento, me iludi. No outro dia, estava mais fora que uma campainha. Não entendi essa parte. Joguei pelo Racing no estádio do Banfield pela Copa Argentina, fui ao aniversário de um companheiro meu [Darío Benedetto, hoje no Boca], e saiu um vídeo nosso numa boate. E usaram isso como dizendo: ‘outra vez saindo’. E Sampaoli não me telefonou mais.”
Como foi Em maio de 2018, publicamos aqui no UOL Esporte que a grande surpresa da lista dos convocados da seleção argentina para a Copa do Mundo era a entrada de Maximiliano Meza, do Independiente, que convenceu Jorge Sampaoli de que era uma aposta mais confiável do que Ricardo Centurión, o ex-são-paulino que então atuava no Racing.
Em público, Sampaoli dizia que a escolha por Meza era técnica e tática. O ótimo meia do Independiente atuava (e bem) na armação, no ataque e na marcação. Centurión, claro, não oferecia tal polivalência a Sampaoli. Sua virtude como reserva de Di María na Rússia seria o jogo rápido e driblador. Mas não foi nenhuma condição técnica ou tática que o tirou da Copa — e sim o seu comportamento.
O Racing passou por um vexame histórico ao perder por 1 a 0 e ser eliminado da Copa Argentina pelo Sarmiento de Resistencia, da Terceira Divisão. E o que Centurión fez depois do jogo? Foi a uma boate comemorar o aniversário de Darío Benedetto, seu ex-companheiro do Boca. A aparição de Centurión caiu mal entre a torcida do Racing e foi digerida de maneira ainda pior por Sampaoli, que desistiu de levá-lo à Rússia pelo deslize que se somava a tantos outros.
O blog “Patadas y Gambetas” apurou que Sampaoli e seus auxiliares consideraram o comportamento de Centurión como um tema de constante atenção em plena Copa — e que faria mais sentido se livrar desta eterna interrogação em um mês tão desgastante quanto o Mundial. A escolha foi fechada também pelo comprometimento que Meza demonstrou na última convocação, para os amistosos ante Itália e Espanha. Uma das vozes que mais pesaram nos bastidores da seleção foi a de Lionel Messi, que demonstrou a Sampaoli ter ficado surpreso com a postura adulta e tranquila do atleta de 26 anos do Independiente em sua estreia na seleção.
Sampaoli tanto botava fé na utilidade de Centurión que considerava deixá-lo no mesmo quarto de Messi durante a Copa. No fim, ponderou que a possibilidade de Centurión estressar Messi era bem maior do que a chance de ”domesticar” o jogador do Racing que vive um claro caso de autossabotagem. Dez meses antes deste episódio, horas antes de fechar sua permanência no Boca, onde era camisa 10 e ídolo, Centurión pôs tudo a perder brigando numa balada. No aniversário de Benedetto não houve briga, mas sim o péssimo padrão de agir de maneira negativa diante de uma situação que poderia representar tanto para sua vida profissional.
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