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Eduardo Rodrigues, José Edgar de Matos e Leonardo Lourenço
Técnico supera início de ano difícil e leva Tricolor até decisão contra o Palmeiras.
No dia 9 de fevereiro, o São Paulo venceu o Santo André por 1 a 0, pela quinta rodada do Campeonato Paulista, e mesmo assim Rogério Ceni foi para a entrevista coletiva com um semblante sério e de preocupação.
Naquele momento, a equipe vivia um início de temporada ruim. A vitória contra o time do ABC Paulista era apenas a primeira de 2022 após uma sequência de duas derrotas e um empate. Ceni tinha motivos para não sorrir.
– Eu fico com uma cara que não é boa porque ganho poucos jogos. Foram poucas situações que me deixam satisfeito. O que faz você estar de bom humor é a vitória. Como não ganhamos muito, não tenho como chegar aqui sorrindo enquanto as vitórias não vêm – afirmou na ocasião.
Rogério Ceni aplaude a torcida em São Paulo x Corinthians — Foto: Marcos Ribolli
Quase dois meses se passaram e, enfim, Rogério Ceni encontrou motivos para voltar a sorrir no comando do São Paulo. Alguns fatores fizeram com que essa mudança de ânimo ocorresse, e a maior delas aconteceu no último domingo, com a classificação para a final do Paulistão após vitória sobre o Corinthians.
Nesta quarta-feira, às 21h40, no Morumbi, o sorriso pode aumentar com uma possível vitória diante do Palmeiras, pelo jogo de ida da decisão do torneio.
– Você só toma pancada, perde jogo, não pode ficar animado. Conseguimos fazer o que foi proposto, não deixar o time cair. Mas foi pesado. Não fizemos nada de tão diferente, especial. Há motivos agora para estar mais animado. Ninguém consegue dar risada, estar feliz com derrotas. Hoje estamos mais animados, claro. Hoje um jogo que estava definido e praticamente deixamos difícil. Aí você vem com mais ânimo – disse Ceni após vencer o Majestoso.
Mas o que realmente fez o treinador mudar tanto o ânimo em tão pouco tempo? Abaixo, o ge cita alguns desses motivos.
Competitividade da equipe
Da luta contra o rebaixamento no Brasileirão no ano passado, o São Paulo manteve a postura pouco agressiva e sofreu duras críticas do torcedor, que nos primeiros jogos do ano no Morumbi esboçou algumas vaias.
Ceni, porém, fez um desabafo após esse mesmo jogo contra o Santo André que chacoalhou todos os setores do clube, e parece ter feito até mesmo os jogadores “acordarem” para o restante do Paulistão e da temporada.
Veja a coletiva de Rogério Ceni após a vitória sobre o Santo André pelo Paulistão
A partir desse momento, o São Paulo passou a criar uma identidade dentro de campo, com uma postura mais aguerrida e competitiva.
Relembre aqui o desabafo de Ceni e suas consequências .
Apoio do torcedor
Junto com o desabafo sobre problemas estruturais do clube, Ceni também retomou a confiança e o apoio do torcedor são-paulino, que até aquele momento se sentia magoado com o ídolo por declarações do passado.
Em novembro de 2020, o treinador afirmou que mesmo trabalhando por tantos anos no São Paulo, um “clube de massa”, a atmosfera do Flamengo era diferente. A declaração não pegou bem com os são-paulinos, que em determinado momento não queriam o retorno do ex-goleiro.
Torcida do São Paulo no Morumbi — Foto: Marcos Ribolli
A demonstração do seu lado mais são-paulino no discurso no começo deste ano, aliado às vitórias e um time mais competitivo, fez com que as arquibancadas voltassem a apoiá-lo. Até a música dos tempos de goleiro voltou a ser cantada no Morumbi: “O, ôôô… Goleiro artilheiro, recordista tricolor… MITO”.
Contratação de reforços
Logo que acabou o Campeonato Brasileiro do ano passado e o São Paulo conseguiu se livrar do rebaixamento, Rogério Ceni deixou claro para a diretoria que o trabalho só teria sucesso com reforços.
Seu principal desejo era um atacante veloz, algo que o treinador não recebeu até hoje, apesar das tentativas com Douglas Costa e Soteldo. No entanto, ele foi atendido em outras posições, como a lateral direita, com Rafinha, e o gol, com Jandrei. Para o meio de campo foram contratados Nikão e Patrick; no ataque, Alisson. Por fim, veio o volante Andrés Colorado.
Rafinha é apresentado pelo São Paulo — Foto: Rubens Chiri / saopaulofc
Rafinha, Alisson e Jandrei rapidamente conquistaram o treinador e assumiram certo protagonismo no time. O lateral pelo seu espírito de liderança. O meia-atacante pela sua característica brigadora, enquanto o goleiro passou a se destacar com a saída com os pés e logo desbancou Tiago Volpi.
Os outros três contratados ainda não conseguiram uma boa sequência, mas Ceni acredita que possam ser importantes para o restante da temporada, que ainda tem Copa Sul-Americana, Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro.
Apostas que deram certo
Pablo Maia titular? Miranda reserva? Léo de volta para a lateral esquerda? Ceni utilizou o Campeonato Paulista como um laboratório, experimentando novos jogadores e mudando alguns de posição. Raras foram as vezes em que o treinador repetiu uma escalação de um jogo para o outro.
Além de evitar a fadiga do elenco, o treinador também conseguiu encontrar boas peças e formações táticas. O caso mais emblemático foi o do garoto Pablo Maia. Revelado na base são-paulina, o volante estreou diante do Ituano, na segunda rodada do Paulistão, e não saiu mais da equipe.
Pablo Maia se tornou um dos jogadores mais regulares do São Paulo e praticamente intocável no sistema de jogo de Ceni. Luan, Gabriel Neves e Andrés Colorado dificilmente conseguem ter chances no meio de campo com a ascensão do garoto.
Pablo Maia conversa com Rogério Ceni na estreia pelo São Paulo — Foto: Rubens Chiri/Saopaulofc.net
Outra escolha decisiva foi a condição de reserva de Miranda. O ídolo do Tricolor perdeu a posição para Diego Costa, que tem se destacado. Segundo Ceni, ele tem uma saída de bola mais apurada que a do companheiro e por isso ganhou a vaga.
A boa fase de Pablo Maia e Diego Costa, inclusive, evidencia uma característica desse São Paulo: a aposta nos garotos da base. Ceni tem dado chance para os garotos e eles têm aproveitado. No último domingo, Welington abriu o placar contra o Corinthians, e Igor Gomes, Nestor e Gabriel Sara são nomes quase certos nas escalações.
Aproveitamento em clássicos
Vencer os maiores rivais tem sido quase uma regra para o São Paulo em 2022.
Em quatro clássicos, o Tricolor venceu três e foi derrotado em apenas um – aproveitamento de 75%. E a derrota foi justamente para o Palmeiras, rival da final desta noite. Caso vença o time alviverde, a equipe terá conseguido vitórias contra todos os rivais neste ano.
Melhores momentos: São Paulo 2 x 1 Corinthians, pelo Campeonato Paulista
Contra o Corinthians, foram duas vitórias (1 a 0 na fase de grupos e 2 a 1 na semifinal). Diante do Santos a vitória foi por 3 a 0, na Vila Belmiro.
Essas conquistas fizeram com que Ceni caísse de vez na graça dos torcedores, que hoje podem sorrir mais aliviados – juntos com o treinador – sonhando com o bicampeonato do Paulistão.
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