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Treinador também fala sobre a diferença entre treinadores brasileiros e estrangeiros.
Fernando Diniz foi o convidado do Bem, Amigos desta segunda-feira. Entre outros assuntos, o treinador comentou sobre o trabalho dos treinadores estrangeiros no Brasil, respondeu se os brasileiros estão ultrapassados e falou sobre sua saída do São Paulo na temporada de 2020.
Depois de seis jogos sem vencer no Brasileirão daquele ano, o São Paulo viu a liderança ser perdida. Na 33ª rodada, Fernando Diniz foi demitido. Segundo ele, aquela foi a demissão que mais doeu em sua carreira.
Fernando Diniz comenta momento em que sentiu que seria demitido do São Paulo
– Foi a do São Paulo, obviamente. Foi um trabalho de muita gente, de uma torcida gigante e apaixonada, e um trabalho sem contratar ninguém, enxugando a folha e oportunizando. (…) Pelo aspecto coletivo, conseguimos fazer o time jogar de uma maneira que é difícil fazer. O time jogava bem e treinava bem todo dia. Eu, talvez, fosse até desnecessário. Eles se entendiam bem. Foi uma pena termos caído tanto, tirou os dois títulos da nossa mão.
O treinador disse que confiava na retomada do time.
– O momento que eu senti que o São Paulo podia voltar foi no meu último jogo. Sou muita intuição. Aqui acho que dá para colocar as coisas no lugar, mas foi exatamente o jogo em que fui demitido. Nós estamos errando nisso, nisso, então temos que trabalhar na relação com os jogadores para reconstruir, para fecharmos e seguir. Eu acho que deveria ter ficado – disse.
Fernando Diniz, técnico do São Paulo, no jogo contra o Atlético-GO — Foto: HEBER GOMES/AGIF – AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/ESTADÃO CONTEÚDO
– Foram seis jogos em janeiro. Nós empatamos dois e perdemos quatro. Aproveitamento de pouco mais de 10%. Tiveram jogos que jogamos muito bem e perdemos. Coritiba foi um, Santos foi outro, mas era aquele momento que mesmo jogando bem, perdia. E tomamos uma goleada do Inter que machucou para caramba – continuou.
Fernando Diniz comenta momento em que sentiu que seria demitido do São Paulo e situação com Tchê Tchê
– Mas assim: a gente tinha trazido o time até ali, e o time já estava classificado na Pré-Libertadores, então eu já sabia lidar com aqueles cara que tiveram momentos difíceis juntos. Pô, vamos aceitar e vamos juntos, porque eu apostaria, por mais difícil que fosse. Estava na pressão, o time grande é pressão o tempo todo, tinha uma pressão adicional pelo tempo todo que estava sem ganhar. Mas eles resolveram mudar, não é uma crítica à diretoria que entrou, não é isso, é a mudança – completou Diniz.
Fernando Diniz no programa Bem, Amigos — Foto: Sportv
O São Paulo terminou o Brasileiro daquele ano na quarta posição, com 66 pontos. Foram 18 vitórias, 12 derrotas e oito empates.
Técnicos brasileiros são ultrapassados?
Nos últimos anos, os clubes brasileiros têm apostado em técnicos estrangeiros para comandar seus times. Foi assim com Abel Ferreira e Jorge Jesus, exemplos que deram muito certo no Brasil. Vítor Pereira, no Corinthians, foi o mais recente a ser contratado.
Fernando Diniz discorda em relação aos técnicos brasileiros estarem ultrapassados: “Queremos resolver problemas de forma infantil”
Fernando Diniz foi questionado se os técnicos brasileiros estão ultrapassados. E o treinador foi claro em sua resposta. Para ele, a análise feita é rasa.
– No fundo, a gente quer resolver os problemas do futebol brasileiro da maneira mais superficial possível, com certa infantilidade. Dos estrangeiros que estiverem na América do Sul, o melhor foi o Ramirez no Del Valle. Você traz, bota no Inter e manda embora depois de cem dias. A régua aqui é o resultado. Não sabemos quem é bom treinador aqui. A gente discute quem ganha e quem perde. Jogou agora a final da Supercopa, foi decidido no 12º pênalti. As manchetes no dia seguinte supervalorizam quem ganhou e diminuem quem perdeu – disse.
fernando diniz, vasco — Foto: Marcos Riboli
– Quais são os melhores times do mundo? Os que têm mais dinheiro e podem contratar os melhores jogadores. Aqui no Brasil, Flamengo, Palmeiras, Atlético-MG e, agora, Corinthians. Se você colocar um estrangeiro nos quatro, um deles, provavelmente, vai ter mais chance de título. Se colocar esses quatro em um time de investimento menor, vamos ver o que vai acontecer. É uma análise muito superficial.
Para Fernando Diniz, essa questão passa muito por onde o dinheiro se concentra.
– Onde você concentra seus recursos financeiros, você acaba levando os melhores treinadores e jogadores. Na Europa, fica todo mundo lá, e isso facilita para os caras de lá terem novas ideias. A Europa ficou elaborando, por muito tempo, um jeito de ter protagonismo para ganhar dos brasileiros. Saíram na frente, neste sentido de amarração coletiva, para ganhar dos brasileiros – comentou.
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