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Clube revelou contato pelo jogador quando ele ainda tentava fugir da guerra na Ucrânia.
Após o diretor de futebol do São Paulo, Carlos Belmonte, afirmar que tinha feito contato com representantes de David Neres na semana passada, na Central do ge (veja no vídeo acima), o clube recuou, mas manteve portas abertas para uma negociação no futuro.
Neres, que tem contrato com o Shaktar, é um dos jogadores brasileiros que estava na Ucrânia na semana passada, quando foi inicia a invasão russa ao país.
David Neres abraça familiar na fronteira da Romênia — Foto: instagram.com/oficialcafe10
Ao contrário de alguns colegas, como Pedrinho e Maycon, que prontamente voltaram ao Brasil, Neres deixou Kiev e inicialmente ficou na Europa, em segurança, com a família da esposa, que é alemã. Nesta quarta-feira, ele chegou a São Paulo.
As declarações de Belmonte foram feitas na quinta-feira, no mesmo dia em que o presidente russo Vladimir Putin ordenou o ataque.
Naquele momento, Neres estava em um bunker na capital ucraniana com outros brasileiros, com crianças e mulheres. Nas redes sociais, o grupo expunha situação difícil, pedia ajuda e demonstrava temor com as horas seguintes.
– No momento em que surge isso (a invasão da Rússia à Ucrânia), o Rui Costa me liga e diz: “Cara, vamos procurar o empresário para fazer uma conversa”. O Rui fez esse movimento. A gente sabe que é muito difícil, mas se ele quiser voltar, as portas estarão abertas – disse Belmonte na ocasião.
O presidente do São Paulo, Julio Casares, porém, adotou tom mais político para tratar do assunto.
– Eu só fui solidário a eles (jogadores brasileiros na Ucrânia). Solicitei medidas do Governo. Atletas estão vivendo ainda sob um trauma grande. Respeitamos e não falamos de negócios nesse momento – escreveu ele em mensagem ao ge.
Na última semana, antes que os atletas deixassem a Ucrânia, o São Paulo enviou ofício ao Itamaraty cobrando um plano de resgate e se colocado à disposição para prestar assistência.
O São Paulo, porém, continua acompanhando a situação de Neres.
Pedrinho e David Neres em treino do Shakhtar Donetsk — Foto: Divulgação/Shakhtar Donetsk
Com os ataques russos, o campeonato ucraniano foi suspenso, e os jogadores se dispersaram.
Os contratos com os clubes ucranianos continuam válidos. Qualquer acordo dependerá de uma negociação com as agremiações.
Por enquanto, a Fifa não se manifestou sobre a situação desses atletas – as principais janelas de transferências na Europa já foram fechadas, enquanto no Brasil é possível registrar novos atletas até 12 de abril.
Segundo Casares, será preciso aguardar para avançar nessas conversas:
– Não misturamos os assuntos. Podemos ter essa conversa no momento próprio.
Em postagem no Instagram, já fora da zona de guerra, Neres também se esquivou sobre transferências:
– Graças a Deus, estamos em segurança com nossa família, e quando tudo passar resolveremos nossa situação, que hoje não tem importância nenhuma diante da guerra que presenciamos lá – escreveu o jogador.
Neres foi formado em Cotia, mas deixou o São Paulo com 19 anos, em 2016, a caminho do Ajax. O atacante defendeu o time holandês até janeiro, quando foi vendido ao Shaktar. Ele não teve tempo de estrear no clube ucraniano, já que o torneio local estava paralisado pelo inverno antes de ser suspenso por causa da guerra.
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