São Paulo avança na busca de um ‘dono’. O preço seria de R$ 1,5 bilhão. Mais que o triplo do Cruzeiro e Botafogo

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COSME RÍMOLI 

A Alvarez & Marsal trabalha desde 9 de março na preparação do clube para vender seu futebol, se transformar em SAF. O primeiro número especulado por sócios é de R$ 1,5 bilhão. Hoje, a dívida é de mais de R$ 700 milhões.

Desde o dia 9 de março há uma consultoria renomada trabalhando no planejamento de revolucionar o São Paulo Futebol Clube. Torná-lo Sociedade Anônima de Futebol.

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Ou seja, vender a um parceiro o comando do clube tricampeão do mundo.

Por que o clube precisa de um bilionário ou uma empresa para gerir seu patrimônio?

Porque as contas não fecham. E a tendência é que o São Paulo fique muito atrás dos grandes rivais como Palmeiras, São Paulo, Atlético Mineiro.

Acumulando péssimas administrações, o clube deve mais de R$ 700 milhões. Tem no Morumbi um estádio envelhecido, que precisa de profunda reformulação para se transformar em arena multiúso. Não há condições financeiras de montar uma equipe com grandes e caros jogadores. O clube tem pouco mais de 30 mil sócios torcedores.

O orçamento estimado para o ano, previsto de maneira muito favorável, é de arrecadação de R$ 386 milhões e redução da dívida em R$ 106 milhões. Isso se tudo der certo, com o futebol chegando a duas finais. Chegou no Paulista. Restam a Sul-Americana e a Copa do Brasil. No Brasileiro, a previsão não ousa sequer sonhar com o título.

Ou seja, se 2022 for maravilhoso, vai terminar com o clube devendo R$ 594 milhões, fora os temíveis juros. 

Ou seja, o cenário em 2023 seria o mesmo.

Daí a necessidade do SAF, acredita o presidente Julio Casares. Ele vem divulgando esses dados para os conselheiros do clube. Embora existam ainda os “tradicionais” e que resistam à ideia de o clube virar sociedade anônima, já há muitos que estão convencidos que não há outro caminho.

O sonho da diretoria é achar um 'dono' que transforme o Morumbi em uma arena multiúso

A empresa Alvarez & Marsal Sportainment é responsável por analisar cada detalhe financeiro do clube. Para lançar no mercado um valor que garanta a reestruturação do Morumbi, reformulação do Centro de Treinamento na Barra Funda, faça ajustes no CT de Cotia. Mas também privilegie a área social do São Paulo, que, por exemplo, sofre com enchentes todos os anos.

E cuide do futebol a ponto de garantir um time com potencial para voltar a ser campeão do mundo. Algo completamente impossível atualmente.

A empresa busca os potenciais “donos” do futebol.

Casares não quer precipitação.

A Alvarez & Marsal tem um prazo muito grande para apresentar não só o valor que o São Paulo cobrará do “seu dono”, mas também apresente um plano que convença os conselheiros que as mudanças serão efetivamente feitas.

O prazo para que o plano seja apresentado termina em novembro.

Ao mesmo tempo, já há uma sondagem no mercado, em possíveis investidores.

O que assusta Casares, muito mais do que no Cruzeiro e no Botafogo, por exemplo, que se tornaram sociedade anônima, é a força dos conselheiros tradicionais. 

Ele não quer passar pelo vexame, como aconteceu em janeiro, quando lutou pela reeleição do presidente, e os associados vetaram. 

Por isso a busca de um valor muito mais alto do que foram oferecidos e aceitos por Ronaldo ao Cruzeiro, R$ 400 milhões, e por John Textor, ao Botafogo, também R$ 400 milhões.

São Paulo negociou com Douglas Costa. Mas não teve dinheiro para ter o jogador, que foi para o Galaxy

Os dois tradicionais clubes tinham dívidas bilionárias e atormentadas por rebaixamentos constantes. Jamais foram campeões mundiais. O São Paulo é tricampeão do planeta.

Nenhum dos dois misturavam infraestrutura e estádio próprio. Ou tinha uma coisa ou outra.

Por tudo isso, alguns números já circulam no Morumbi.

Sim, são extraoficiais, sem confirmação pela Alvarez & Marsal. 

Mas, para animar os associados, cogita-se que, a princípio, a cúpula do São Paulo sonha com R$ 1,5 bilhão. Mas não por 90%. Mas para 51% de suas ações.

Casares chama de “valuation” da marca.

São números muito otimistas, lógico.

E que ninguém confirma oficialmente.

Nem os dirigentes nem, menos ainda, a Alvarez & Marsal.

Tratam como pura especulação.

Mas que já fazem parte do início de convencimento dos sócios e conselheiros.

Mesmo que acreditem que o São Paulo valha mais, o importante, para Casares, é que percebam que o futebol do clube tem um preço. 

E precisa vendê-lo para que tenha condições de seguir competitivo não só no Brasil, como na América Latina, como no mundo. 

Também reestruture a parte social.

Atualmente falta dinheiro.

É uma situação complexa.

Mas que o presidente acredita ser sem volta. 

Seu mandato vai até dezembro de 2023.

Desde o dia 9 de março consultoria estuda como transformar o futebol do São Paulo em Sociedade Anônima

E garante a aliados: seu maior legado será transformar o futebol do clube.

Acabar com a sufocante dívida de R$ 700 milhões.

Modernizar o Morumbi, os Centros de Treinamentos e o Morumbi.

A única maneira para isso está na Sociedade Anônima do Futebol.

E adequar a estrutura do clube para os sócios.

Mas não será nada barato ser dono do futebol do São Paulo Futebol Clube.

O primeiro número especulado já é mais que o triplo do Cruzeiro e Botafogo.

Casares pode pedir o que quiser.

Suas missões, difíceis, serão duas.

Achar quem pague.

E, depois, convencer o próprio São Paulo a aceitar.

Porque perderá a autonomia no seu futebol.

Técnico e jogadores, patrocinadores, veículos de transmissão. Tudo será de escolha do “dono”.

Algo que é muito dolorido para a história do tricampeão mundial.

Mas que Casares coloca como uma questão de sobrevivência.

De seguir um clube com potencial para ser campeão do planeta.

Simples e dolorido assim.

Santos e Corinthians já discutem internamente a SAF.

O Palmeiras é o único clube grande de São Paulo que a rejeita.

Pelo menos por enquanto…

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