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Rodrigo Mattos
O São Paulo teve um aumento de R$ 67 milhões em sua dívida líquida durante o ano de 2021, como mostra o balanço do clube. O incremento ocorreu principalmente em empréstimos bancários, impostos não pagos e débitos com jogadores. A agremiação foi obrigada a buscar dinheiro porque gastou além do que poderia ano futebol. Ao final de 2021, a dívida líquida do São Paulo foi de R$ 641,9 milhões – esse valor é obtido com todo o passivo menos o ativo circulante e montantes a receber a longo prazo. No final de 2020, o débito líquido era de R$ 575 milhões.
Em sua chegada ao clube, o presidente são-paulino, Julio Casares, prometeu uma administração de austeridade. Não foi o que se viu. É fato que teve de lidar com esqueletos de gestões passadas que inflaram sua dívida. Porém, o dirigente não desacelerou os gastos no futebol (pelo contrário), o que contribuiu para mais um ano no vermelho. O déficit são-paulino em 2021 foi de R$ 106 milhões. Houve um aumento da receita que saltou para R$ 465,3 milhões, em torno de R$ 100 milhões a mais do que em 2020. Só que, além dessa receita está inflada por dinheiro de TV de 2020, a despesa do futebol cresceu quase na mesma proporção.
O total das despesas com futebol foi de R$ 412 milhões, incluídas aí amortizações – crescimento de R$ 80 milhões sobre o ano anterior. O gasto de fato do futebol do São Paulo representa 71% da receita bruta (sem as amortizações). Em agremiações endividadas, esse percentual teria de ser bem menor, na casa de 50% ou 60%, para reduzir os débitos. Para efeito de comparação, sem amortizações e premiações, o São Paulo gastou R$ 334 milhões no futebol. Se adotarmos o mesmo critério, sem as premiações pagas aos jogadores pela Libertadores, o Palmeiras teria uma despesa de R$ 347 milhões com futebol.
A necessidade de maior austeridade são-paulina fica clara porque estouraram dívidas em vários itens. O clube teve de pagar R$ 82 milhões em débitos com clubes por contratações, como Thiago Volpi e Tchê Tchê. Com isso, reduziu a dívida com direitos federativos. Mas teve de parcelar débitos novos de acordos feitos com Daniel Alves, Hernanes e Richalyson – só para os três o clube deve R$ 35 milhões. Para financiar esse rombo, o São Paulo teve de aumentar os empréstimos bancários. O total chegou a R$ 172 milhões, quase R$ 100 milhões a mais do que ao final de 2020. Os débitos, no entanto, são a longo prazo. E houve redução em outros débitos financeiros, que eram operações de antecipações de valores de vendas de jogadores.
Mais do que isso, houve uma explosão da dívida tributária. O total atingiu R$ 134,7 milhões após um crescimento de R$ 82 milhões. Esse débito é fruto de impostos federais não pagos em gestões anteriores, incluindo contribuições previdenciárias. O São Paulo aderiu a um programa do governo chamado PERSE e parcelou a maior parte das pendências, além do que já estava no Profut. Como conclusão, a diretoria do São Paulo até atacou alguns dos problemas do clube como receitas baixas – melhorou patrocínio – e esqueletos de dívidas. Mas continuou a gastar além da conta para um clube que tinha que reduzir sua dívida para se tornar saudável.
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