Diego Costa, do São Paulo, diz como superou críticas e retomou espaço

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GloboEsporte

 Eduardo Rodrigues 

Em entrevista ao ge, zagueiro fala de ascensão meteórica, retorno ao banco de reservas e vaga de titular absoluto do técnico Rogério Ceni: “Viver os dois lados me criou maturidade”

Discrição e confiança. As duas palavras se tornaram um mantra para o zagueiro Diego Costa, do São Paulo, enfrentar as adversidades de um jogador que sai das categorias de base e se depara com a realidade dos profissionais de um grande clube.

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A rápida ascensão na equipe principal do São Paulo teve prós e contras. Ao mesmo tempo que a condição de titular em 2020 lhe trouxe a realização de um sonho de criança, ela também mostrou que as críticas podem aparecer da noite para o dia.

Depois de “colocar Jô no bolso” em um clássico daquele ano, contra o Corinthians, Diego Costa não manteve o nível nos jogos seguintes e voltou para o banco de reservas. Da torcida, ouvia críticas e até alguns pedidos para deixar o clube. Nada disso o abalou.

– Viver os dois lados me criou uma maturidade grande e hoje eu sei que todo jogo é difícil, eu tenho que mostrar. Em todo campeonato temos que entrar para ganhar, acho que isso é vestir a camisa do São Paulo. Esse momento difícil só serviu de aprendizado e usei a meu favor. Treinei mais, me alimentei melhor, procurei olhar mais partidas, ver meus jogos depois de todas as partidas. Isso me fez criar uma maturidade. Saber a responsabilidade que é estar vestindo a camisa do São Paulo – afirmou o zagueiro em entrevista ao ge.

– Usei esse momento para crescer como atleta, como humano e saber que quando tivesse um momento bom de novo para eu dar mais valor, e acho que isso fez toda diferença para a minha volta – acrescentou

Diego Costa, zagueiro do São Paulo, renovou contrato até o fim de 2024 — Foto: Rubens Chiri/Saopaulofc.net

Diego Costa, zagueiro do São Paulo, renovou contrato até o fim de 2024 — Foto: Rubens Chiri/Saopaulofc.net

Com Rogério Ceni, Diego Costa se tornou titular absoluto. Ele é o zagueiro que mais atuou nesta temporada e cada vez mais ganha a confiança do treinador. A boa fase culminou na renovação de seu contrato até o fim de 2024.

– Na chegada do Rogério, na pré-temporada, eu procurei mostrar para ele o quanto eu estava trabalhando, o quanto eu estava dedicado e o quanto eu estava querendo a vaga de titular. Eu sei que a concorrência é muito alta e sadia. Tem o Arboleda que é zagueiro de seleção, Miranda que já serviu a Seleção, e procuro aprender com eles também, sempre estou observando, sempre escutando o que eles falam – comentou.

– Está sendo um momento muito especial, estou trabalhando muito para corresponder às expectativas do clube. Acho que estou encarando com muito trabalho, seriedade. Tenho uma grande responsabilidade, procuro trabalhar bastante para sempre atender às expectativas do que o clube espera de mim.

São Paulo anunciando a renovação do Diego Costa

Muito desse momento se deve ao fato de Diego Costa ter uma boa saída de bola com os pés. O seu estilo agrada ao técnico Rogério Ceni, que decidiu colocar o ídolo Miranda no banco de reservas para dar chance ao garoto de apenas 22 anos.

Quando atuava no sub-20 do São Paulo, Diego Costa foi volante e adquiriu uma habilidade para construir jogadas, algo que tem se destacado agora nos profissionais.

– Sempre trabalho bastante passes, procuro estudar bastante o jogo para sempre dar essa opção para o treinador. Não é ser só o zagueiro que marca. Não. Sou o zagueiro que marca, que joga, zagueiro que é bom de cabeça, um zagueiro muito rápido. Então tento usar isso a meu favor – analisou o jogador.

Discreto e “sem risadinha”

Apesar dos 22 anos, Diego Costa faz o estilo do zagueiro sério e sem risadas à toa. É a personalidade que acompanha o jogador nascido em Mato Grosso do Sul desde que ele começou a dar os primeiros chutes na bola.

O jeito dentro de campo é um reflexo do que ele é fora dele. Um “cara família” como o próprio se intitula, Diego Costa é discreto e não faz muito alarde em redes sociais. Também não gosta tanto de sair. Isso o ajuda a ter o foco no futebol.

– Se eu não estou no treino, trabalhando, eu estou em casa, com meus familiares, com meu irmão. Até meu irmão brinca às vezes e fala que eu tenho que me divertir mais. Porque às vezes eu chego em casa e quero assistir jogos. Peço para ele colocar lances do meu jogo e ele fala: “Mano, descansa um pouco, amanhã você vê”. Então sou um cara família, procuro estar com meus amigos próximos, sou bem reservado com amizade e redes sociais. Esse é o Diego.

Gol de Diego Costa em São Paulo x Manaus — Foto: Marcos Ribolli

Gol de Diego Costa em São Paulo x Manaus — Foto: Marcos Ribolli

A única extravagância de Diego Costa está nas tatuagens, que tomam conta do seu corpo. Elas, no entanto, têm um significado especial, como frases, datas importantes e até mesmo um número que marcou sua vida e carreira.

– O número 25 (tatuado no braço direito) é o minuto do meu primeiro gol pelo São Paulo – contou o zagueiro, que marcou pelos profissionais no duelo contra o River Plate, pela Libertadores de 2020.

Sem medo de cobrar os mais velhos dentro de campo, Diego Costa vai se tornando um dos líderes do elenco mesmo com a pouca idade. Foi assim em toda sua trajetória nas categorias de base.

Diego Costa, do São Paulo, tem tatuagem com número 25 — Foto: Reprodução

Diego Costa, do São Paulo, tem tatuagem com número 25 — Foto: Reprodução

Nesta quinta-feira, às 19h30 (de Brasília), diante do Juventude, o zagueiro deve estar em campo para tentar colocar o São Paulo nas oitavas de final da Copa do Brasil e cravar ainda mais seu nome no time titular e na história do clube.

– Meu maior crítico sou eu, para sempre estar à altura para poder jogar, para poder estar demonstrando para quem está de fora que eu mereço sim estar jogando de titular, que mereço sim ter as oportunidades que estou tendo – finalizou.

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