São Paulo topou bônus e fatia de direitos a Marquinhos, mas multa travou renovação

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GloboEsporte

Leonardo Lourenço

Agentes queriam valor baixo para rescisão para facilitar negociação com clube do exterior; jogador está próximo de ser vendido ao Arsenal.

O São Paulo aceitou praticamente todas as exigências feitas pelos representantes do atacante Marquinhos para renovação de contrato, mas uma delas impediu que o negócio pelo atleta de 19 anos fosse finalizado: a multa rescisória internacional.

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Os agentes do jogador queriam que a multa fosse fixada em 10 milhões de euros, um valor baixo para o mercado, principalmente por um atleta jovem – mas que facilitaria uma futura transferência. O São Paulo vetou e propôs valor seis vezes maior, de 60 milhões de euros.

A renovação, a partir daí, travou. Marquinhos está muito próximo de ser vendido ao Arsenal, da Inglaterra, que propôs 3,5 milhões de euros (quase R$ 18 milhões na cotação atual) ao São Paulo. O clube paulista já aceitou a oferta, e a transferência depende agora de burocracias.

Marquinhos é um dos atletas do São Paulo com contratos que são considerados irregulares pela Fifa, que limita a três anos o vínculo assinado por jogadores menores de idade – o do são-paulino era válido por cinco anos, até 2024, como permite a Lei Pelé.

Marquinhos está perto de se transferir do São Paulo para o Arsenal — Foto: Marcos Ribolli

Marquinhos está perto de se transferir do São Paulo para o Arsenal — Foto: Marcos Ribolli

Em casos como esse, porém, o entendimento da Fifa se sobrepõe quando são negociações entre clube de diferentes países. Assim, Marquinhos poderia deixar o São Paulo de graça em julho, quando se completam três anos da assinatura, para qualquer time estrangeiro.

De acordo com e-mails a que o ge teve acesso, as negociações pela renovação datam de, pelo menos, setembro de 2021. Dirigentes do São Paulo, porém, dizem que a aproximação começou meses antes, quando o então técnico Hernán Crespo confirmou que o jogador seria incorporado ao elenco profissional definitivamente.

O novo vínculo de Marquinhos seria até o final de 2024, dentro dos parâmetros da Fifa, e o clube pagaria salários que começariam em R$ 100 mil com reajustes anuais que elevariam a, no mínimo, R$ 120 mil no último ano.

A proposta ainda previa uma série de bônus: R$ 15 mil a cada três jogos em que atuasse por pelo menos 45 minutos e um acréscimo salarial de R$ 25 mil caso disputasse 20 jogos por ao menos 45 minutos na temporada. Outras premiações incluíam convocações para a seleção sub-20, olímpica e principal.

De luvas, o São Paulo pagaria R$ 800 mil em dez parcelas a partir de maio de 2022. Ainda daria 10% dos direitos econômicos de Marquinhos ao próprio jogador.

Os dados constam em proposta enviada ao atleta no dia 3 de maio, cerca de 10 dias antes de o ge revelar que o atacante tinha recebido uma oferta do Arsenal.

A proposta tricolor serviria como proteção ao clube, que tem preferência na primeira renovação contratual de jogador formado em sua base.

Nos e-mails trocados entre o diretor executivo de futebol do São Paulo, Rui Costa, e o agente Bruno Paiva, representante do atleta, ficam mais claros os motivos de a renovação não ter avançado.

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Em fevereiro, Costa respondeu a Paiva sobre as condições apresentadas, citando a concordância do São Paulo com a maioria delas.

A proposta de Paiva incluía multa de 10 milhões de euros, que já tinha sido rejeitada pelo São Paulo durante as negociações por ser “incompatível com a autonomia e os parâmetros que o SPFC adota no mercado na precificação de seus atletas”, como grifado numa mensagem anterior.

No e-mail de fevereiro, Rui Costa reforça a posição do clube: “condição inegociável, pelos motivos já declinados”.

Um conflito entre representantes de Marquinhos também dificultou a negociação. O jogador, além de Bruno Paiva, que manteve contato com o São Paulo, também tinha contrato com uma segunda empresa, que rejeitava a renovação.

Dirigentes tricolores foram informados de que um clube inglês – que não era o Arsenal – estaria em vias de assinar um pré-contrato com Marquinhos e, por isso, intensificaram as conversas com Bruno Paiva. Nesse cenário, Paiva intermediou o contato com o Arsenal, que apresentou proposta ao São Paulo.

O São Paulo e Marquinhos já aceitaram a oferta do time londrino – a expectativa é de que o negócio seja selado em dez dias, quando a janela de transferências inglesa se abrir, no dia 10 de junho. O clube deve receber um primeiro pagamento ainda em junho e outro no segundo semestre.

No Morumbi, admite-se que o valor de 3,5 milhões de euros que os ingleses pagarão é baixo, mas que havia risco grande de Marquinhos deixar a equipe daqui dois meses sem gerar qualquer receita.

A reportagem tentou contato com o agente de Marquinhos, Bruno Paiva, mas ele não foi encontrado.

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