GazetaEsportiva
Maior técnico da história do São Paulo acumulou desgastes com elenco para guiar time rumo às glórias.
Telê Santana é até os dias de hoje uma das maiores figuras da história do São Paulo. Passados 16 anos de seu falecimento, seu nome ainda é entoado nas arquibancadas do Morumbi por torcedores gratos pelo fato de o técnico ter transformado a história do Tricolor, que nesta sexta-feira completa 30 anos do seu primeiro título da Copa Libertadores.
Mas, se engana quem pensa que a trajetória do Mestre Telê foi marcada apenas por glórias. O treinador chegou ao São Paulo com fama de “pé frio” por não ter vencido as Copas do Mundo de 1982 e 1986 à frente da Seleção Brasileira. Assumiu o Tricolor em agosto de 1990, e com poucos meses de trabalho levou o time ao vice-campeonato nacional.
No ano seguinte, em 1991, Telê Santana conquistou o Campeonato Brasileiro e o Campeonato Paulista, dando indícios de que aquele time marcaria época. O treinador chegou a ter alguns atritos com o elenco do São Paulo por ser extremamente exigente, o que ele próprio admitiu aos seus jogadores antes do primeiro jogo da final da Libertadores de 1992, contra o Newell’s Old Boys, na Argentina, de acordo com o jornal A Gazeta Esportiva da época.
“Em Rosário, ainda no hotel, o treinador chamou os jogadores e reconheceu ser difícil o relacionamento com ele. Mas, ressaltou que aquele era o único jeito de fazer o time disputar títulos. ‘Você são jovens e tendem a sair do sério. Preciso exagerar na cobrança’”, disse antes da primeira partida da decisão da Libertadores”.
Por ser perfeccionista no dia a dia de trabalho, Telê Santana também não precisou de uma longa preleção antes do jogo de volta contra o Newell’s Old Boys, no Morumbi, até porque seus jogadores estavam tão ansiosos, que mal podiam ficar sentados.
“Eu tenho a imagem muito clara da sala de preleção com o Telê. O Telê nunca precisou motivar a gente, nunca precisou de uma preleção de 40 minutos. O Telê nunca teve que criar algo diferente, a não ser definir as funções, nossa estratégia e cobrar da gente um bom jogo, uma boa performance”, disse Pintado, volante daquele time, em entrevista exclusiva à Gazeta Esportiva.
“Nós estávamos tão ansiosos que não conseguíamos ficar sentados com o Telê falando. Estávamos em pé enquanto o Telê falava com a gente. A gente queria jogar. Queríamos tanto esse jogo, construir essa história, vencer, ser campeão, que não conseguimos ficar sentados. O Telê entendeu nossa motivação e disse: ‘Moçada, não tem muito para falar, não. É uma final de Libertadores, título mais importante da história desse clube, e a gente vai para vencer’. Dali a gente saiu e foi para o estádio”, lembrou Pintado.
Apesar dos atritos com alguns atletas e o estereótipo de “general”, Telê Santana não só ficou eternizado na história do clube, mas também na vida de muitos jogadores que foram aconselhados pelo treinador dentro e fora de campo.
“O Telê colocou limite pra gente, orientou muito bem. Dentre as pessoas importantes que estiveram em minha reviravolta profissional e pessoal, uma das mais importantes, se não a mais importante, foi o Telê”, concluiu Pintado.
Após conquistar o Brasileirão de 1991, o Campeonato Paulista de 1991 e a Libertadores de 1992, Telê Santana ainda ergueria os troféus do Paulistão de 1992, Mundial de Clubes de 1992, Libertadores de 1993, Mundial de Clubes de 1993, Supercopa Sul-Americana de 1993 e Recopas Sul-Americanas de 1993 e 1994, totalizando dez títulos como treinador do São Paulo.
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