GloboEsporte
Apesar de frustrações nos últimos clássicos, Tricolor tem números equilibrados contra o rival desde a chegada de Abel Ferreira.
São Paulo e Palmeiras voltam a se enfrentar nesta quinta-feira, no Morumbi, às 20h, mas desta vez pela Copa do Brasil. Os dois times duelam no jogo de ida das oitavas de final da competição.
O momento sugere favoritismo alviverde, mas o histórico do confronto desde a chegada de Abel Ferreira ao Palmeiras mostra que o mata-mata pode ser equilibrado.
Apesar da forte frustração nos dois jogos mais recentes (goleada de 4 a 0 na final do Paulistão e virada nos acréscimos pelo Brasileirão), o São Paulo tem dado trabalho ao Palmeiras nos dois últimos anos, desde que Abel transformou o Palmeiras na equipe mais vencedora do país.
Pablo Maia comemora gol do São Paulo contra o Palmeiras no Paulista — Foto: Marcos Ribolli
O retrospecto é de igualdade: em 12 jogos, são quatro vitórias pra cada lado e quatro empates – essa estatística era favorável ao São Paulo até a última segunda-feira, quando o Palmeiras venceu no Morumbi, pelo Brasileiro, e igualou o número de triunfos.
No banco do Palmeiras, Abel Ferreira enfrentou três treinadores diferentes do São Paulo: Marcos Vizolli, que era interino após a demissão de Fernando Diniz, Hernán Crespo e Rogério Ceni.
O argentino foi quem mais deu trabalho ao português, com duas vitórias (uma delas valeu o título do Paulista de 2021), três empate e uma derrota (que eliminou o São Paulo nas quartas de final da Libertadores de 2021).
Atual treinador tricolor, Ceni está em desvantagem: foram três derrotas e duas vitórias.
O ge questionou comentaristas da Globo sobre os motivos que tornam o São Paulo uma equipe complicada para o Palmeiras.
Leonardo Miranda, do blog Painel Tático
– O Palmeiras faz o ataque posicional. Significa que o time se posiciona para atacar. Não tem nada a ver com ficar estático no campo. Significa que o Palmeiras tem um jeito de se posicionar no ataque. (…) Esse desenho não muda desde que o Abel chegou ao Palmeiras. E aí o São Paulo foi enfrentando o Palmeiras e teve erros e acertos ao tentar jogar contra esse estilo. O Crespo, apesar do 3 a 0 que eliminou o São Paulo da Libertadores, teve importantes vitórias contra o Abel. O que o São Paulo do Crespo fazia para vencer? Primeiro de tudo, jogava com três zagueiros. E o Crespo adotava uma marcação quase individual, os encaixes de marcação. Isso fazia o Palmeiras ficar com a bola, mas não ter para quem passar.
– O São Paulo era uma pedra no sapato do Abel. Mas o Abel conseguiu, principalmente a partir de 2022, grandes vitórias. O que ele fez? Fez o São Paulo provar o próprio veneno. Naquele 3 a 0 da Libertadores, o Palmeiras faz o São Paulo ficar mais com a bola, e aí é o Palmeiras que devolve os encaixes para o São Paulo.
– O Ceni vem usando também essa estratégia de encaixes de marcação. Teve vezes que deu certo e teve vezes que não deu certo. Deu muito certo naquele jogo antes da final da Libertadores, aquela vitória de 2 a 0 muito importante para o São Paulo. Deu certo no primeiro jogo da final do Paulistão, vitória de 3 a 1. O São Paulo se impôs naquele jogo. E deu certo por alguns minutos no último confronto.
Painel Tático: Leonardo Miranda explica os erros e acertos em duelos São Paulo x Palmeiras
Alexandre Lozetti
– O São Paulo soube identificar o momento do adversário pra montar estratégias e tentar causar algum desconforto, encontrar algum ponto menos forte. O acerto é saber ler, ter bons profissionais, e mesmo nessa derrota frustrante de segunda-feira, houve acertos. Durante a maior parte do jogo, o São Paulo foi competitivo, e durante uma parte foi superior.
– O problema do São Paulo é que ele é como um carro em que o tanque de gasolina só vai até a metade. Quando os adversários começam a trocar, usar o banco de reservas, mexer, encontrar alternativas, o São Paulo sofre muito.
Alexandre Lozetti cita semelhanças e diferenças entre São Paulo e Palmeiras
Richarlyson
– Tem sido uma das partidas muito mais interessantes na questão tática. O São Paulo é uma das equipes que consegue dificultar pro time do Abel, que é um grande time, o melhor do Brasil. O São Paulo consegue minar algumas coisas que fazem essa engrenagem do Palmeiras ser tão positiva.
– Uma é a saída de bola com o Danilo, o São Paulo conseguiu tirar essa saída no último jogo com uma marcação muito forte. A outra foi a marcação quase individual do Gabriel Neves no Gustavo Scarpa, um cara que consegue articular.
– O São Paulo conseguiu desestruturar essa parte poderosa do Palmeiras, mas faltou outra que tem sido decisiva na temporada: bola parada. Foi onde, no fim do jogo, o São Paulo não teve a concentração necessária.
Richarlyson analisa duelos de São Paulo e Palmeiras e aponta erros e acertos do tricolor
Caio Dominguez, representante do São Paulo na Voz da Torcida
– Que o Palmeiras hoje é melhor time do Brasil, acho que não resta dúvida a nenhuma torcida. Mas se é ruim pro São Paulo pegar os caras, é ruim pros caras pegar o São Paulo.
– Se pega os dois jogos das finais do Paulista (2022), pra mim a diferença entre os dois times foi tão grande no primeiro jogo a favor do São Paulo como foi grande pro Palmeiras na segunda final. A diferença foi no detalhe, as bolas dos caras entraram mais do que as nossas no primeiro jogo. A gente teve oportunidade de fazer quatro ou até cinco. E acabamos tomando um gol que deixou os caras vivos.
– Ao olhar só o papel, eu diria que eles são amplamente favoritos. Mas se a gente analisar a história, a honra, o peso da camisa, o São Paulo tem condições, como tem jogado de igual para igual. Temos condições de passar, sim.
LEIA TAMBÉM:
- Entenda como saída de Rafinha altera planejamento do São Paulo
- Empresário de Alan Franco diz que espera reunião para tratar de renovação com o São Paulo
- Retrospectiva 2024: São Paulo vence a Supercopa, mas encara frustrações na temporada
- Veja quais jovens da base estão no radar da diretoria e da comissão técnica do São Paulo para 2025
- Sem Rafinha e com possível saída de Moreira, São Paulo liga alerta para lateral-direita