Análise: time reserva em Curitiba escancara prioridade do São Paulo aos títulos mais plausíveis

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GloboEsporte

 Leonardo Lourenço

Rogério Ceni mantém só Miranda entre titulares na derrota para o Athletico; Brasileirão fica de lado com chances em torneios de mata-mata.

Em comparação com o jogo contra o América-MG, três dias antes, só Miranda foi titular do São Paulo também contra o Athletico, neste domingo, na Arena da Baixada. A escalação, cheia de reservas, escancarou a prioridade que Rogério Ceni hoje dá às copas do Brasil e Sul-Americana.

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A derrota, por 1 a 0, com desempenho ruim, foi consequência dessa escolha – aparentemente inevitável a essa altura das competições.

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Para Ceni, a escolha se dá entre duas competições com títulos possíveis (até palpável na Sul-Americana) e que dão vaga na Libertadores, mas nas quais detalhes podem colocar tudo a perder, contra o campeonato em que o título nunca se demonstrou uma realidade, mas bem mais previsível e onde se distribuem muitas vagas à Libertadores.

Rogério Ceni em Athletico x São Paulo — Foto: Robson Mafra/AGIF

Rogério Ceni em Athletico x São Paulo — Foto: Robson Mafra/AGIF

É irreal pensar que o São Paulo tem condições de dar a mesma atenção ao mesmo tempo a todas essas competições com um elenco que já tinha carências antes da enxurrada de lesões que tem tirado jogadores de Ceni há meses, com jogos a cada três dias.

Ao priorizar as copas, o treinador coloca suas fichas no que parece mais plausível – e se um título possível, qualquer um, não deve ser desprezado, imagine no caso de uma Copa do Brasil, jamais vencida pelo clube.

Além disso, a decisão de Ceni de escantear o Brasileirão ainda não chegou ao “ponto de não retorno”. Até o dia 18 de agosto, quando enfrenta o América-MG em Belo Horizonte, o São Paulo já saberá se continua vivo nas copas – os jogos contra o Ceará, pela Sul-Americana, são nas duas próximas quartas.

Se tudo der errado, terão sido disputadas só mais duas rodadas do Brasileiro – contra o Flamengo, sábado, em casa, e o Bragantino, dia 14, também no Morumbi.

Haverá tempo para correr atrás de uma recuperação no Brasileiro, onde o objetivo tricolor sempre foi arrumar uma vaga para a Libertadores do ano que vem.

O G-4, e suas vagas diretas à fase de grupos, parece muito distante, mas tem aí o G-6, que todo ano é inchado – em 2021, virou G-8 – graças ao sucesso de time rivais em outras competições. Um lugar nas primeiras fases do torneio sul-americano já será comemorado.

Não se deve minimizar essa escolha, entretanto. Ela foi facilitada pelo desempenho ruim do time naquela que era a competição mais importante do seu calendário – ruim mesmo quando o Brasileiro ainda era prioridade.

O São Paulo é só o décimo colocado, com 26 pontos – são 11 empates em 20 jogos, apenas cinco vitórias.

O trauma do ano passado, quando passou perto de ser rebaixado pela primeira vez, também acende alertas no Morumbi. Parece exagero, agora, mas seis pontos separam o São Paulo do Cuiabá, o 17ª. A distância para o Inter, que hoje fecha o G-6, é de sete pontos.

Em campo, contra o Athletico, Ceni também não viu jogadores surgirem como solução para eventuais problemas com seus titulares.

Nem Felipe Alves, contratado na sexta para suprir a falta de Jandrei, lesionado, e substituir Thiago Couto, inseguro, entregou a confiança que dele se espera. Falhou ao tentar dominar uma bola sozinho na área e fez pênalti em dividida para recuperar de Vitor Roque.

Depois, defendeu a cobrança ruim de Thiago Heleno. Em outro pênalti, batido por Vitor Bueno, não teve chance – foi o que decretou a vitória dos donos da casa por 1 a 0.

Felipe Alves defende pênalti de Thiago Heleno em Athletico x São Paulo — Foto: Robson Mafra/AGIF

Felipe Alves defende pênalti de Thiago Heleno em Athletico x São Paulo — Foto: Robson Mafra/AGIF

Além de Miranda e Felipe Alves, Galoppo, em seu segundo jogo, é outro dos que estavam em campo na Arena da Baixada que deve ser mantido no time contra o Ceará, quarta, no Morumbi.

– Temos que melhorar o nível de jogo em todas as competições, não só no Brasileiro. É que os caminhos que fomos tendo não nos deixaram fazer o contrário, entrar com toda a força no Brasileiro. A programação na minha cabeça era uma, mas quando saem os confrontos, sorteio contra o Palmeiras ( na Copa do Brasil), não pode abrir mão. Você passa na Sul-Americana, que é uma competição que a gente vê como possibilidade de busca por um título, você não quer abrir mão – afirmou o técnico Rogério Ceni após o jogo contra o Athletico.

Ele, porém, tirou a responsabilidade do resultado em Curitiba das trocas de jogadores:

– Nós tivemos sequência de quatro jogos em dez dias, e vamos ter novamente quatro jogos em dez dias. Se você não rodar o elenco. Não foi pela rodagem do elenco que não vencemos o jogo. Foi pelos nossos próprios erros.

Enquanto isso, a diretoria ainda corre atrás de reforços. Como publicou o ge, o atacante argentino Nahuel Bustos e o zagueiro venezuelano Nahuel Ferraresi estão próximos e podem se transferir para o São Paulo.

Nenhum deles poderá jogar a Copa do Brasil, cujas inscrições já terminaram. Eles só poderão disputar a Sul-Americana a partir das semifinais, caso o time avance. É quando a comissão técnica poderá incluir novos atletas.

Se chegarem, pode ser tarde para os torneios que agora são priorizados. Se o São Paulo falhar nas copas, terão que ajudar o time a se recuperar no Brasileiro. Talvez dê tempo.

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