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Gabriel dos Santos
Os gritos de “burro” no empate em 1 a 1 do São Paulo contra o Cuiabá, ontem (4), pelo Brasileirão, não abalaram ou tiraram o foco de Rogério Ceni. Técnico e um dos maiores ídolos da história do Tricolor, ele já vivenciou incontáveis vezes a sensação que está por vir até quinta-feira (8), data do jogo de volta contra o Atlético-GO, pela semifinal da Copa Sul-Americana. A relação conturbada entre torcida, Ceni e elenco ficou bastante evidenciada nos últimos dias, com hostilidades contra Igor Gomes e Jandrei, além da confusão entre o treinador e um torcedor na chegada a Cuiabá.
Depois do empate com contornos heroicos pelas circunstâncias da partida — o São Paulo foi escalado com reservas e ficou com um a menos por quase todo o segundo tempo após a expulsão de Welington —, Ceni deu uma aula sobre o São Paulo e indicou que dois fatores que pesarão no ambiente até a decisão contra o Atlético-GO: cobrança pelos resultados e ansiedade por títulos de expressão.
Os são-paulinos presentes na Arena Pantanal gritaram o tradicional “é quinta-feira” ao fim da partida, um claro recado sobre a importância do duelo que vale vaga na decisão do torneio continental. “Esse ‘é quinta-feira’ é em tom de cobrança, não é em tom de abraço. Tenho certeza que o torcedor estará presente no Morumbi e nós faremos o nosso máximo, sempre com muito respeito ao adversário. Vamos tentar fazer o jogo que pensarmos. Trabalhar o time que vai começar o jogo e ir em busca da vitória e da classificação. É bem simples”, afirmou Rogério Ceni.
“O São Paulo é um time feito para ganhar, para conquistar. Não conquista há muitos anos, devido a algumas coisas que ocorreram ao longo desses anos e fizeram que o clube não tenha condições de igual para igual para brigar com os outros times, mas é time acostumado a vencer. É isso que vamos tentar fazer na quinta, que o time volte a chegar na final de um torneio internacional”, continuou o treinador. Ceni também fez questão de esclarecer a confusão que teve com um torcedor na chegada do elenco em Cuiabá. Segundo o treinador, o homem xingou não só os atletas, mas ele também, na descida do ônibus.
“Esse torcedor chegou a ofendeu a maioria dos jogadores, xingou de filho da p*** todos os jogadores, com raríssimas exceções. Quando estou descendo do ônibus, ele olha para minha cara e me chama de filho da p***. Nem titulo um cara desses tem como torcedor. Uma coisa é liberdade de expressão, protesto, outra coisa é você ofender. É baixo nível, mas foi um único torcedor. Arranquei o celular da mão dele e disse: ‘se quer falar alguma coisa para mim, vamos lá dentro e você conversa comigo. Se você está tão corajoso atrás da grade’. Nem ofendi, não retribui xingamento”, contou Ceni.
“A ansiedade do torcedor vem de dez anos sem título de maior expressão, internacional, sem chegar numa final internacional. Isso gera ansiedade, gera cobrança, é direito do torcedor. O torcedor não quer olhar a situação geral do clube, quer ver o título, a vitória. Vê o São Paulo em posição inadequada com a história do clube, mesmo estando em duas semifinais, vê duas derrotas nos primeiros jogos, e fica mais ansioso pelo titulo. Que possa levar o São Paulo a mais uma final, com dificuldades que já sabemos, pela qualidade do adversário e pela adversidade do resultado”, concluiu o ídolo.
Na ida, em Goiânia, o Atlético-GO venceu por 3 a 1 e agora pode até perder pela vantagem mínima para chegar à final. Para avançar no tempo normal, o São Paulo precisa vencer por três gols de diferença. Vitória do Tricolor por dois gols de diferença leva a decisão para os pênaltis.
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