Ceni lamenta derrota e quer São Paulo descansado por retomada no Brasileiro

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UOL

Thiago Braga

Após o São Paulo ser eliminado pelo Flamengo da Copa do Brasil, depois da derrota no Maracanã por 1 a 0, o técnico Rogério Ceni atribuiu a queda especialmente ao resultado do jogo de ida, quando foi derrotado por 3 a 1, no Morumbi.

“Lamento o fato de não colocar o São Paulo em uma final de Copa do Brasil. Nós participamos uma única vez, em 2000. Mas eu acho que nós chegamos dentro das condições que nós temos, nós chegamos onde dava para chegar. Nós poderíamos mais no jogo do Morumbi. Ter mais sorte. Acho que nós fizemos um jogo merecedor de um melhor resultado. Vir ao Maracanã para tentar fazer uma diferença de dois gols não é uma coisa muito simples. Se você vem com um empate, [no Morumbi] estava muito mais para o 2 a 2 naquele jogo do que o Flamengo para o 3 a 1, você também põe um pouco mais de pressão, um pouco mais de chance de erro do adversário, apesar de toda experiência que eles têm”, explicou o treinador do São Paulo.

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Apesar de ter tido um domínio territorial durante boa parte do jogo desta noite, o Tricolor não conseguiu traduzir o volume em chances de gol.

“As finalizações de hoje não foram claras. Foram 16, teve três ou quatro com chances de gol. Você gasta muita energia para transpor as linhas do Flamengo. É muita energia gasta e às vezes você não tem o ângulo ideal para fazer. Eu acho que teve algumas finalizações que nós sabemos que nós poderíamos ajeitar de maneira melhor. Acho que talvez tem que escolher às vezes um pouquinho mais cedo ou um um toque a mais para ter uma melhor condição, um melhor ângulo de finalização para gente ter mais sucesso nas nossas finalizações. E encontra um time com tanta qualidade, que quando a bola não entra, o preço chega”, analisou Ceni.

Na 13ª colocação do Brasileiro, o São Paulo agora tem dois jogos para tentar se recuperar no torneio e afastar o time da zona de rebaixamento. “Eu pretendo dar 24 horas de descanso para eles e depois de amanhã começar a preparar para o jogo do Ceará. Nós vamos ter que fazer um time muito competitivo lá. É difícil jogar e agora a gente enfrenta times que descansam a semana inteira. E isso traz uma diferença”, afirmou o comandante tricolor.

“Nós temos esses dois jogos ainda vindo. Nós não podemos largar [o Brasileiro]. Chegou um ponto que não dá mais pra você deixar para depois no Brasileiro. Então nós vamos tentar jogar com o máximo de força possível esses dois jogos, tanto quanto o Ceará quanto contra o Avaí”, resumiu. O Tricolor vai até Fortaleza enfrentar o Ceará, no domingo (18), às 16h (de Brasília). O São Paulo, que está na 13ª posição na tabela, precisa se recuperar para se afastar da zona de rebaixamento.

Confira a coletiva de Rogério Ceni Análise do jogo “Eu acho que sem a bola nós fizemos um jogo muito bom, correndo riscos, jogando muito mano, Diego e Léo contra Gabigol e Pedro e é a única maneira que você tem de tentar marcar o Flamengo um pouco na frente, tentar ter alguma chance de gol. Mesmo assim eles controlam bem o jogo com a bola. Um time que tem muita qualidade técnica do meio para trás. Tivemos as nossas oportunidades, tivemos uma bola na trave, no rebote ali do Calleri também. No primeiro tempo, teve uma pressão boa feita nos primeiros minutos, que foram muito bons, nós tivemos algumas oportunidades. Mas não foi um jogo tão bom quanto no Morumbi. Lá sim nós merecíamos um placar melhor. Aquele terceiro gol foi um balde de água fria pra gente. Mas o time competiu bem, marcou como poderia ser feito, se entregou, como sempre faz. E infelizmente nós não conseguimos nem ter tantas oportunidades assim pra merecer uma vitória no dia de hoje”

Conversão de chances em gol “Eu acho que a gente tem que analisar também em que condições foram as finalizações. No dia de hoje, com exceção do Luciano que deu na trave do Calleri no rebote. Chute do Nestor da entrada da área também que ele pega acho que de perna esquerda se eu não me engano por cima do gol. Uma boa jogada do Patrick cruzada pra trás ali. As finalizações de hoje não foram claras. Das 16, foram três ou quatro com chances de gol. Você gasta muita energia para transpor as linhas do Flamengo. Muita energia gasta e às vezes você não tem o ângulo ideal para fazer, eu acho que teve algumas finalizações que nós sabemos que nós poderíamos ajeitar de maneira melhor. A [finalização] do Patrick por exemplo de perna direita. O Nestor estava de frente com a perna esquerda pedindo a bola. A gente talvez tem que escolher às vezes. Um pouquinho mais cedo ou um toque a mais para ter uma melhor condição, um melhor ângulo de finalização para gente ter mais sucesso nas nossas finalizações”.

“Tem a bola que bateu na trave e saiu. No Morumbi a bola deu na trave, na linha e saiu. Quando você encontra um time com tanta qualidade, quando a bola não entra assim, o preço chega”.

Sequência de jogos até a final da Sul-Americana “Eu pretendo dar 24 horas de descanso para eles e depois de amanhã começar a preparar o jogo do Ceará. Os que jogaram ainda fazem um treinamento mais leve na sexta, e aí no sábado a gente define esse jogo ou o time para o jogo do Ceará. Nós vamos ter que fazer um time muito competitivo. Lá é difícil jogar e agora a gente enfrenta times que descansam a semana inteira. E isso traz uma diferença. Então vamos analisar. É um dia a mais que se tem nós precisamos do resultado é um confronto direto né? As duas equipes com a mesma pontuação. Chegou um ponto que não dá mais pra você deixar para depois no Brasileiro. Então não vamos tentar jogar com o máximo de força possível nesses dois jogos, tanto o Ceará quanto contra o Avaí. A gente espera poder conseguir adiantar ao menos um ou dois dias esse jogo. Para ter um espaçamento maior porque o jogo da final é um jogo que que se pressupõe que possa ter prorrogação e tudo. E para gente, pela sequência de jogos, acho que o São Paulo é o time que mais jogou no Brasil esse ano, pesa bastante para gente. Se precisar jogar 120 minutos nessa sequência de jogos”.

Próxima temporada “Eu vejo primeiro que nós temos seis ou sete jogadores que vencem o contrato. Vai ter que ser analisado para o ano que vem como vai ser feito. De bom, eu vejo o número de garotos só que estão sendo usados e que vão ganhando experiência. Com jogos como esse aqui de semifinal de Copa do Brasil. Lamento o fato de não colocar o São Paulo numa final de Copa do Brasil que, nós participamos de uma única final, em 2000. Mas eu acho que nós chegamos dentro das condições que nós temos nós chegamos onde dava pra chegar. Era o limite. Acho que nós poderíamos mais no jogo do Morumbi.Ter mais sorte. Acho que nós fizemos um jogo merecedor de um melhor resultado. Vir até ao Maracanã para tirar uma diferença de dois gols não é uma coisa muito simples. Enquanto se você vem com uma situação que fosse um empate, nós estávamos muito mais para o 2 a 2 naquele jogo do que o Flamengo para o 3 a 1. Você também põe um pouco mais de pressão, um pouco mais de chance de erro do adversário. É apesar de toda a experiência que eles têm. Agora eu vejo como o amadurecimento de muitos. Se eu estiver aqui ano que vem, se eu estiver aqui no ano que vem, nós analisaremos pra tentar formatar. Nós temos que baixar o custo da folha de pagamento. A gente deve fazer e nós temos que ter reunir jogadores que dê mais opções de características distintas do que nós temos. Principalmente no caso de drible e velocidade. Então acho que isso pro ano que vem nós estando aqui nós vamos, ao final deste ano, quando acabar o campeonato esse ano tem um espaçamento maior pro início da temporada, né? Pra ele acabar em novembro. Mas agora o grande objetivo é o jogo do Ceará. E a gente chegar em boas condições também pra tentar esse título. Que o ano com o título ele tem um valor. O ano sem o título ele muda radicalmente a preparação para o ano que vem. A preparação não. Mas talvez o investimento.”

Gostou de Jandrei “Eu achei que ele fez um belíssimo jogo. Eu gosto muito do Jandrei. Ele tem como característica [o jogo com os pés]. Achou muitos passes para Reinaldo/Wellington e Igor Vinicius quebrando as linhas de marcação da linha de três do Flamengo. Que vinha com Arrascaeta, Gabriel e Pedro e logo atrás já Everton, João Gomes e o e o Maia. Então nós conseguimos achar muita bola porque ele tem essa característica e eu acho que a outra característica boa dele é a saída de gol. Eu acho que ele tem um bom tempo de bola.

O Felipe fez grandes jogos, o Jandrei hoje fez um bom jogo. Mostra que mesmo sem custo, praticamente os goleiros que vieram que têm potencial vão ajudar a gente vem ajudando a gente e vão continuar colaborando. Foi uma ótima partida, uma boa partida. Algumas tomadas decisões ainda que poderiam ser com mais calma, tentar a gente sair jogando pelos lados do campo onde o Flamengo sofre um pouco nas inversões de lado. Eh mas no geral no geral fez uma partida muito boa”.

Pressão no Brasileiro “Eu escuto essa palavra tem que vencer mas faz tempo que eu escuto sabe? Hoje eu também tinha que vencer. Nem sempre a gente consegue vencer. Essa é a realidade. As pessoas têm uma coisa entre expectativa e realidade. O que você pode e o que você consegue no final. Eu acho que a maior preocupação primeiro é em recuperar jogadores e analisar um time que consiga jogar no Castelão. Lá é dureza, lá é quente, é pressão. O Ceará precisando de torcida, assim como a do Fortaleza, são torcidas que comparecem.

Estádio grande e aí diante disso tentar saber a data do jogo do Avaí. Pra gente pensar no que fazer agora. Ou seja, nós vamos ter que enfrentar Ceará e Avaí com força máxima dentro das condições de cada um e arriscar um pouco. Vão ter que correr riscos”

Jogo com o Independiente del Valle “Não vai dar pra fazer uma preparação mais calma e tranquila estudando Del Valle. Vamos ter que usar os dias entre Avaí e Del Vale pra tentar preparar um time com as características. A partir de agora também quero olhar um pouco mais o Del Valle. Porque nós não tivemos tempo. É pesado pra você ficar estudando os outros sendo que você tem dois jogos tão difíceis como foi Corinthians e hoje com o Flamengo. Mas nós precisamos usar tudo que nós temos para não correr risco no brasileiro. Lógico que um título é muito importante, mas correr risco no Brasileiro é uma coisa que não podemos deixar acontecer.”

Estrutura no São Paulo “O salário é muito importante para mim. É o sustento das pessoas que dependem de mim. Agora eu realmente não sei qual é, eu não olho. Porque eu gosto de trabalhar. Eu vim aqui no Flamengo trabalhar. Eu tentei fazer meu melhor todos os dias aqui. É muito importante para cada trabalhador receber o seu salário. Podem ter interpretado com uma crítica a dirigente. Não tem nada a ver isso. As pessoas me tratam muito bem desde o presidente [Julio Casares], o [diretor executivo Carlos] Belmonte, com o Muricy [Ramalho, coordenador de futebol].

Converso com todos, com o Rui [Costa, executivo do futebol]. Tenho uma boa relação com todos. As dificuldades que o clube atravessa o próprio Flamengo já atravessou e hoje está aí com grande chance de ganhar dois títulos. Favoritos a dois títulos importantes, vamos colocar assim. Então todos já passaram por essa dificuldade. O clube atravessa uma dificuldade muito grande. E eu não quero ser o cara que atrapalha. Se não der pra ajudar, não tenho problema nenhum.

Eu quero tentar fazer o São Paulo se sentir campeão novamente. A Sul-Americana dá um título internacional, uma vaga direta para Libertadores e uma chance de uma Recopa contra Athletico-PR ou Flamengo. Agora é um momento de dificuldade como tantos clubes já passaram.Todos estão tentando fazer o melhor para que o clube saia dessa zona. Chegando a uma final de Paulista, infelizmente nós perdemos. E nós perdemos também por um grande time, bem estruturado. Chegamos na semifinal da Copa do Brasil e perdemos para um clube que está um passo à nossa frente hoje”.

Reta final da temporada “Temos a Sul-Americana e o Campeonato Brasileiro. Por mim teria escolhido o Brasileiro, mas o a o os jogos escolheram por si só não fui eu. Aquela derrota para o Palmeiras nos acréscimos do Brasileiro mudou todo o planejamento. E hoje nós nos encontramos numa situação que era inesperada para o Campeonato Brasileiro. Mas em uma situação nas Copas que era completamente inesperada por todos. Chegar numa semifinal e numa final. Tivemos que mudar o foco, não porque eu quis ou por escolha.

O caminho se mostrou assim. É que nem jogador, joga o jogo, o cara se escala pro próximo. Então foi acontecendo. O que era primário para nós que era o Campeonato Brasileiro. No momento que nós tivemos muitos desfalques, nós não tínhamos time. Ou a gente colocava o time B no Brasileiro para tentar passar nas copas ou a gente morreria. Foram escolhas que foram sendo feitas e hoje a situação é essa. É uma semifinal de Copa do Brasil que a gente chega, perde para o Flamengo, mas tem orgulho de ter no mínimo competindo de igual para igual. Chegar na final da Sul-Americana que se a gente vencer será fantástico, se a gente perder será visto como um ano ruim para as pessoas que mais resultadistas.

E no Brasileiro nós precisamos reagir. Nós não podemos ficar na 13ª posição. Nós temos que tentar subir. Não vamos mais conseguir chegar entre os seis. Não vamos, mas nós temos que subir o máximo possível no campeonato brasileiro para não correr riscos e pra tentar ainda uma vaga quem sabe de uma pré-Libertadores. Nós temos que tentar.”.

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