GazetaEsportiva
Iúri Medeiros
O São Paulo terá pela frente o Independiente del Valle na final da Copa Sul-Americana, no próximo sábado, em Córdoba, ás 17 horas (de Brasília). Apesar do claro favoritismo do Tricolor Paulista para a decisão, se engana quem pensa que o time equatoriano não pode dar trabalho para os comandados de Rogério Ceni.
Apesar de não ser um clube considerado grande no Equador, o Del Valle tem um dos projetos mais interessantes da América do Sul, focando no desenvolvimento de jovens atletas.
El Negreazuri, como é chamado, se especializou em ser um clube formador, com uma das melhores categorias de base do continente. A ideia é desenvolver jovens promessas, utilizá-las na equipe profissional e depois negociá-las para o mercado externo. Um caso de sucesso recente foi o do volante Moises Caicedo, vendido ao Brighton no início de 2021 por cinco milhões de euros (cerca de R$ 32 milhões na cotação da época).
Além disso, o projeto do Del Valle engloba a padronização de uma proposta de jogo, priorizando o jogo de posse de bola e linhas altas para pressionar o adversário. Até por isso, a equipe dirigida por Martin Anselmi tem poucas diferenças em relação ao que era o time comandado por Renato Paiva, que levou o clube ao título equatoriano de 2021.
Pontos fortes do Del Valle
Boa saída de pressão
O Independiente del Valle tem uma proposta ofensiva muito clara: atrair a marcação alta do oponente para quebrar as linhas adversárias e atacar com espaço na parte final do campo.
Ou seja, é normal o Del Valle buscar sair jogando de forma curta com goleiro, os três zagueiros, mais o primeiro volante (normalmente Cristian Pellerano). Se o time não conseguir sair com passes curtos, a ideia passa por usar uma ligação direta para Junior Sornoza e especialmente Lautaro Díaz, que encontram campo para transitar em velocidade.
Caso o São Paulo opte por marcar o Del Valle de forma adiantada, é fundamental que os encaixes sejam bem realizados e que os defensores tricolores estejam atentos com as bolas longas do time equatoriano.
Marcação sufocante
O Del Valle do técnico Martin Anselmi tem como princípio atuar com um bloco de marcação alto, ou seja, a linha defensiva se posiciona na altura do meio-campo, enquanto os jogadores de ataque buscam tirar espaço do adversário para recuperar a bola o quanto antes.
Se o oponente não for esperto, o Del Valle naturalmente irá recuperar muitas bolas no campo de ataque e criará chances a partir disso. Como o São Paulo gosta de construir jogo desde a defesa, é importante cuidar bem da bola nesse cenário.
O técnico Rogério Ceni falou sobre isso após a goleada por 4 a 0 contra o Avaí, pelo Campeonato Brasileiro. “Temos que melhorar coisas como diminuir o número de chutões para frente, como fizemos hoje (contra o Avaí), não podemos entregar a bola para o adversário, porque o Del Valle tem um estilo de jogo muito mais Flamengo, Fluminense, o próprio Corinthians, time de construção. Joga de igual para igual, não tem medo, arrisca muito. Para isso vamos ter que ter uma marcação muito ajustada em alguns momentos”, comentou.
Cruzamentos rasteiros
Do meio para frente, o Del Valle não é um time de estatura privilegiada. O atacante Lautaro Díaz, por exemplo, possui 1,81 m e tende a perder disputas aéreas com os defensores adversários.
Assim, um recurso da equipe é a utilização de cruzamentos rasteiros, na entrada da área. Um jogador que aparece muito nesse contexto é o meia Lorenzo Faravelli, que possui boa capacidade de infiltração e finalização à média distância.
O uso dos lados do campo também é muito presente no funcionamento da equipe, com os alas Jhoanner Chávez pela esquerda e Matías Fernández pela direita.
Pontos fracos do Del Valle
Dificuldade para controlar profundidade
Ao mesmo tempo que jogar com as linhas altas te ajuda a ter mais chances de recuperar a bola no campo de ataque, isso também deixa sua equipe mais exposta em situações de lançamentos.
Constantemente os adversários exploram o posicionamento alto da linha defensiva do Del Valle, buscando atacantes em profundidade, nas costas dela. Por vezes, os zagueiros da equipe equatoriana estão distantes um do outro ou não estão preparando o lançamento, fazendo com que saiam em desvantagem contra o ataque rival.
Alto número de gols perdidos
Pela boa aplicação de seu modelo ofensivo, o Del Valle costuma criar muitas chances de gol durante os jogos. No entanto, a taxa de conversão dessas chances não é boa.
É comum ver o time desperdiçar oportunidades claras, em situação de mano a mano com o goleiro, por exemplo. No geral, o Del Valle precisa de muitas finalizações para marcar um gol, situação que se assemelha com o próprio São Paulo de Rogério Ceni.
Fique de olho:
Luis Segovia (ZAG) – O zagueiro canhoto de 24 anos se destaca pela sua boa capacidade de construção. Com passe qualificado, o jogador ajuda a equipe equatoriana a progredir no ataque e também pisa no campo ofensivo, com conduções. No jogo de volta contra o Melgar, o defensor anotou o terceiro tento do Del Valle levando a bola ao ataque e finalizando de fora da área.
Jhoanner Chávez (LE) – Com apenas 20 anos, Chávez é pela fundamental no esquema do Del Valle, atuando como ala pela esquerda. O jovem se projeta muito ao ataque no momento ofensivo, jogando praticamente como um ponta. Ele apresenta recurso técnico, com qualidade nos cruzamentos e na finalização.
Lorenzo Faravelli (MEI) – O meia de 29 anos se destaca há tempos no Del Valle. Com bom passe, Faravelli auxilia a construção ofensiva, além de ajudar a equipe com infiltrações na área, pisando no ataque.
Lautaro Díaz (ATA) – Artilheiro do Del Valle na Sul-Americana com quatro gols, Lautaro Díaz é fundamental para o Del Valle. O jogador se movimenta muito bem, arrastando os defensores adversários, além de ter presença ofensiva para finalizar no momento certo. O jogador sentiu uma pancada na partida contra o Macará, no dia 24, mas não foi constatada qualquer lesão grave. Díaz é tratado como dúvida para o confronto.
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