GloboEsporte
Leonardo Lourenço
Ceni tem consistência no comando do Tricolor e sair agora poderia frear reação.
A derrota para o Independiente del Valle, em Córdoba, no sábado, na final da Copa Sul-Americana, é frustrante para o São Paulo. Criou-se grande expectativa de que um título, que parecia provável, encerraria uma década de fracassos e abriria o caminho para novas glórias no Morumbi.
Tinha simbolismo: foi justamente o título da Sul-Americana, dez anos atrás, o último do período de ouro do clube no início deste século. Vencer na Argentina seria como fechar um ciclo e iniciar outro.
O título paulista do ano passado encerrou o jejum, que já durava mais de oito anos, mas não serviu a esse propósito – a péssima campanha no Brasileiro (lutou contra o rebaixamento) e a demissão de Hernán Crespo enterrou esperanças.
Rogério Ceni durante a final da Copa Sul-Americana — Foto: REUTERS/Agustin Marcarian
Contra a queda, no ano passado, a diretoria recorreu a Rogério Ceni, que foi mantido e assumiu a liderança de um processo de reconstrução do São Paulo, não só em campo – a piscina do CT da Barra Funda, que trocou cadeiras empilhadas por água, por incrível que pareça, é obra do treinador.
Por sua história como atleta do clube, ninguém tem mais poder do que Ceni para conduzir esse trabalho.
O São Paulo, em 2022, superou expectativas. Foi finalista do Paulista, semifinalista da Copa do Brasil, vice-campeão da Sul-Americana – e ainda tem o Brasileiro, onde faz campanha ruim como consequência da prioridade dada a outros torneios, mas em que dá pra sonhar com uma vaga na Libertadores.
O time hoje é melhor do que o de dezembro do ano passado. Essa retomada é lenta, as derrotas frustram a torcida, mas o processo não pode ser abandonado.
Melhores momentos: São Paulo 0 x 2 Independiente Del Valle pela final da Sul-Americana
Num clube que se acostumou a trocar de treinadores com frequência, Rogério faz um trabalho longevo, com 79 partidas – ninguém esteve tantas vezes no banco sem interrupções desde a última passagem de Muricy Ramalho, em 2013.
A diretoria tem dito que não pensa em trocar de treinador, partem de Rogério as dúvidas sobre sua permanência no São Paulo.
Patrick, do São Paulo, encara o goleiro Ramírez, do Del Valle — Foto: Rubens Chiri/saopaulofc.net
Ele se cobra pela falta de títulos – a da perspectiva de vencê-los – como técnico no clube em que ganhou praticamente tudo como jogador.
As taças rarearam no São Paulo, que se enfiou numa crise financeira sem precedentes nos últimos anos. Dirigentes gastam energia com medidas para concentrar poder e manter seus cargos.
Essa recuperação leva tempo, reaproximar o time dos títulos é um passo importante. Ceni tem peso para suportar pressão e para cobrar cartolas. Precisa insistir.
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