Xodó de muitos torcedores, uruguaio foi investimento importante do time para 2023, mas ainda não entrou em campo; próxima chance de ser relacionado é contra o Santo André, no domingo
Globo Esporte
O momento de Gabriel Neves no São Paulo contrasta com o investimento feito pelo clube para ter o uruguaio até 2025. O Tricolor investiu R$ 8 milhões de luvas, além de ter desembolsado cerca de R$ 1,5 milhão pelo empréstimo do Nacional do meio de 2021 ao fim do ano passado. Só que até agora, em 2023, o jogador não entrou em campo. E foi relacionado apenas uma vez, contra a Portuguesa.
Esse cenário é fruto do excesso de estrangeiros no elenco tricolor. São sete (sem contar o lesionado Ferraresi), sendo que Ceni só pode convocar cinco por partida. Essa regra, aliada a problemas médicos em outros setores e a necessidade de escalar outros gringos, tem diminuído o espaço de Neves.
Recuperado de uma lesão no joelho direito, o volante foi tratado como prioridade de investimento da diretoria por conta da boa impressão deixada antes de se machucar na semifinal da Sul-Americana, em setembro do ano passado. Na reta final do Brasileirão, o uruguaio até chegou a ser relacionado para três jogos, mas não entrou em campo.
Mas como o jogador tem encarado esse período? E a diretoria do São Paulo, como vê o momento do uruguaio depois do importante investimento?
O ge apresenta abaixo diversos pontos de vista sobre o meio-campista, querido pelos torcedores são-paulinos.
A rotina no São Paulo
Gabriel Neves viveu altos e baixos no clube. Começou pouco utilizado, cresceu no meio da temporada passada e agora se vê atrás de concorrentes na vaga por um lugar entre os convocados. Tais oscilações, entretanto, não alteraram a rotina de trabalho do uruguaio.
A “ética profissional” de Gabriel Neves é elogiada por quem trabalha no dia a dia. Não houve até o momento qualquer relato de insatisfação pela situação enfrentada neste início de temporada, segundo fontes do clube, da diretoria e ligadas ao jogador.
O uruguaio de 25 anos se mantém dentro dos padrões disciplinares exigidos pelo clube, chegando sempre no horário para os treinamentos e mantendo o comportamento semelhante ao do período em que tinha sequência no meio-campo.
Relatos de pessoas do CT da Barra Funda apontam Gabriel Neves como “um dos últimos a sair” todos os dias. O uruguaio também mantém o perfil de comportamento do ano passado, brincando com colegas (especialmente os estrangeiros) e funcionários.
Fora de campo
Reservado, Gabriel Neves foge do perfil “boleiro” tradicional. Nos momentos de lazer, gosta de frequentar ambientes abertos, como o Parque Ibirapuera e o do Povo, para passar e aproveitar o clima. Recentemente, Galoppo seguiu os passo do uruguaio e foi flagrado no primeiro parque.
O meio-campista ainda frequenta cafeterias, restaurantes (alguns temáticos, como um específico com pista de skate) e locais turísticos da capital, como o aquário da cidade. Outro refúgio do jogador é a cidade de Maresias, no litoral norte de São Paulo.
Todos esses movimentos são realizados nos tempos livres. Mesmo sem estar em campo, Gabi Neves faz questão de acompanhar os jogos do Tricolor. Nesta temporada, o volante chegou até a publicar imagens de uma televisão com uma partida são-paulina pelo Paulistão.
O que diz Rogério Ceni?
Na análise de Rogério Ceni e da comissão técnica, Gabriel Neves começou a temporada 2023 atrás dos companheiros na questão física. A lesão no ano passado tirou o jogador de ritmo, na comparação com os colegas que terminaram 2022 atuando normalmente.
– Ele é um ótimo jogador, ajudou a gente muito no ano passado. Começou quando teve oportunidade e jogou bem, fechou o ano lesionado. Quando voltou, um pouco fora de ritmo. Neste ano está readquirindo sua condição. O que faz com que ele não seja relacionado é ter oito estrangeiros – disse Ceni.
– Não tem nada pessoal, gosto muito do Neves, lamento não tê-lo na relação. Pode acontecer outras vezes, porque infelizmente aconteceu isso quando cheguei (oito estrangeiros) – complementou Ceni, depois da vitória contra a Ferroviária, pela segunda rodada do Paulista.
Desde então, Ceni levou Gabriel Neves apenas para o jogo contra a Portuguesa, quando o uruguaio permaneceu no banco. Hoje, o meio-campista é o estrangeiro com menos espaço por circunstâncias de elenco.
Somente cinco podem ser relacionados, e o clube não conta no momento com Ferraresi, machucado. Entre os outros sete, Arboleda, Alan Franco, Méndez e Calleri são titulares; Galoppo, que também ficou fora do clássico de domingo, é o artilheiro da temporada; enquanto Orejuela surge como o único lateral-direito do elenco diante das lesões de Igor Vinicius, Rafinha e Moreira.
O que pensa a diretoria?
O comportamento de Gabriel Neves deixa a diretoria do São Paulo tranquila. Fontes ligadas à cúpula asseguraram que o relacionamento com o uruguaio segue ótimo.
Dentro da diretoria, há uma aposta de que o calendário brasileiro, as possíveis lesões e suspensões vão naturalmente abrir caminho para Gabriel Neves ter espaço na temporada, mesmo diante do excesso de estrangeiros.
Gabriel Neves assina a renovação de contrato com o São Paulo — Foto: Divulgação
Nesta avaliação encontra-se também uma análise do próprio desempenho de Gabriel Neves, considerado “muito bom jogador” e capaz de “mudar o quadro” pelo que já demonstrou no clube. Há um sentimento de que ainda é “cedo” para uma análise de quem jogará mais com Ceni na temporada.
Concorrência
Além do excesso de estrangeiros, Gabi Neves também se encontra no setor mais concorrido do São Paulo no momento. Rogério Ceni tem muitas opções para o meio-campo.
Recém-chegado, o equatoriano Méndez, que disputou a Copa do Mundo, possui um status de titular ao lado de Pablo Maia e Rodrigo Nestor. Como opção imediata, Ceni voltou a contar com Luan, destaque do clube no título paulista de 2021.
Galoppo e Gabriel Neves trabalham no CT da Barra Funda do São Paulo — Foto: Rubens Chiri/saopaulofc
O próprio Galoppo, artilheiro da temporada, é outro a sofrer diante desta concorrência, tanto que estava até trabalhando como centroavante nas últimas semanas.
Os jovens Talles Costa e Rodriguinho também são alternativas, além de André Anderson, que está no departamento médico. Liziero, meio-campista de origem, retornou de empréstimo ao Internacional para disputar vaga na lateral esquerda.