Bares perto do Allianz querem abrir em jogo do São Paulo: ‘Sem provocação’

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UOL

Vista da Rua Palestra Itália, em São Paulo Imagem: UOL

Os arredores do Allianz Parque, na Zona Oeste de São Paulo, respiram futebol. Na verdade, respiram Palmeiras. Por obra do destino e decisão da Federação Paulista anunciada ontem (6), é neste estádio cravado num bairro todo pintado de verde e branco que o vermelho e preto do São Paulo terão seu maior desafio da temporada até agora.

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São Paulo x Água Santa, pelas quartas de final do Campeonato Paulista, ocorre na próxima segunda-feira no estádio do Palmeiras.

Comerciantes querem abrir as portas

As ruas que cercam o Allianz Parque são muito Palmeiras. Quase tudo por ali é loja, bar, lanchonete ou restaurante com a parede pintada de verde e branco. Por essas ruas vão passar mais de 40 mil são-paulinos para o jogo decisivo da semana o que vem, o que causa uma sensação natural de estranhamento.

Só na Rua Palestra Itália, que dá acesso às entradas de cinco setores do estádio, são 20 prédios muito caracterizados de Palmeiras. Tem Palmeiras Lanches, Lanchonete São Marcos e Restaurante Palestrinha, entre outros. Os comércios não querem fechar as portas porque o São Paulo joga lá na segunda-feira, e não o Palmeiras.

A ideia é abrir, mas isso depende de determinação da Polícia Militar, que até a tarde de ontem ainda não tinha feito contato com os comerciantes.

Às vezes falam que é para fechar a porta ou que só pode vender da porta para a rua. Não dá para saber. Mas eu sou comerciante, quero sempre abrir e atender como atendo a nossa torcida [do Palmeiras].” Jairo Costa dos Santos, gerente da Lanchonete São Marcos

Mas e se ‘o barato ficar doido’?

A Lanchonete São Marcos pretende fazer poucas concessões para atender clientes tricolores. Uma delas é retirar da parede o pôster do time campeão paulista de 2022, em final justamente contra o São Paulo. “Vamos facilitar, eles podem achar que é provocação”, justifica o gerente. No mais, pôsteres dos times campeões da Libertadores e até o uniforme da equipe com o símbolo do Palmeiras, a ideia é não mexer e esperar o bom senso dos torcedores.

“Teve Palmeiras x Santos no Morumbi recentemente e ninguém bagunçou. Espero que seja assim aqui também. Se fosse jogo do Corinthians eu nem abria, mas do São Paulo ainda dá para ir, só respeitar”, torce Jairo Costa dos Santos.

O fato de os arredores do Allianz Parque terem referências tão marcantes de Palmeiras é visto como ponto positivo para os comerciantes. “Todo mundo sabe que só tem palmeirense aqui, isso diminui um pouco a bronca”, diz Djalma Dias, responsável pela pizzaria e lanchonete Alve Verde: “Vamos trabalhar normalmente e ver o que vai dar. Se o barato ficar doido, nós baixamos as portas. Mas acho que não vai ter confusão, não.”

Outro dono de bar diz que vai abrir só para a chegada dos torcedores do São Paulo e fechar quando o jogo começar. “Depois do jogo tem menos polícia, eles tiram algumas grades e fica tudo mais vulnerável. Também não sabemos o placar, o Água Santa é um time forte. Vai que o São Paulo é eliminado. Sabe como é fim de festa, né?”, avisa. Este comerciante preferiu não se identificar.

No Morumbi deu tudo certo

Um show da banda britânica Coldplay no Morumbi explica São Paulo x Água Santa no Allianz Parque. Neste ano, o São Paulo já cedeu seu estádio ao Palmeiras por causa de um evento no Allianz. Há um acordo de reciprocidade entre os clubes.

A Polícia Militar ainda não respondeu ao pedido de contato do UOL sobre medidas de segurança e este texto será atualizado assim que isso acontecer. No Palmeiras x Santos da primeira fase do Paulistão, que ocorreu no Morumbi, não houve relatos de crimes mesmo com o público presente de quase 50 mil pessoas. A polícia cercou a sede da torcida Tricolor Independente, o símbolo do São Paulo no gramado do Morumbi e uma estátua de Telê Santana.

Enquanto as novas medidas de segurança não são anunciadas, os arredores do Allianz Parque continuam respirando futebol. Ontem, o assunto na mesa do bar onde conversavam e bebiam três homens de cabelos grisalhos com a camisa do Palmeiras era a eliminação do Santos: “Aquele Hellmann parece que é horroroso.”