Empresa de Leila, presidente do Palmeiras, quase patrocinou o São Paulo em 2015

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Muito antes da polêmica atual sobre estádios, Tricolor chegou a negociar com a financeira, mas grupo optou pelo Alviverde mesmo tendo benefícios mais atrativos na proposta são-paulina

Globo Esporte

A reciprocidade nos aluguéis do Morumbi e do Allianz Parque acalorou a rivalidade fora de campo entre alguns torcedores de São Paulo e Palmeiras nos últimos dias.

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Quando a equipe alviverde mandou a partida contra o Santos, no início de fevereiro, no estádio são-paulino, torcedores do Tricolor não gostaram. Na próxima segunda-feira, é o São Paulo quem será o mandante no Allianz Parque diante do Água Santa, pelas quartas de final do Paulistão.

E alguns palmeirenses não estão felizes com isso…

A troca de aluguéis foi uma articulação entre o presidente do São Paulo, Julio Casares, e da presidente do Palmeiras, Leila Pereira. Hoje em lados opostos, eles poderiam estar juntos no Tricolor.

Sim, é isso mesmo que você leu. Isso porque a Crefisa, empresa de Leila Pereira e que patrocina o Palmeiras, quase acertou com o Tricolor para ser o patrocinador máster em 2015.

Leila Pereira, presidente do Palmeiras, ao lado de Julio Casares, presidente do São Paulo, em reunião sobre criação da liga — Foto: Thiago Ferri

Em 2014, a empresa negociava com São Paulo e Palmeiras ao mesmo tempo. Então presidido por Carlos Miguel Aidar, o Tricolor oferecia benefícios até melhores que as do rival para fechar o acordo.

O clube, por exemplo, colocava o Morumbi no pacote do patrocínio. A proposta dava à Crefisa um camarote de frente para o centro do campo, mil ingressos por jogo em casa, personalizava um setor de cadeiras numeradas com a comunicação visual da instituição financeira, inseria a marca dela em testeiras e placas nos anéis das arquibancadas e em regiões que são mostradas pela televisão em transmissões – o que aumenta o retorno de mídia da patrocinadora.

O banco também teria pontos de venda dentro do estádio, nos quais poderia oferecer empréstimos consignados aos torcedores. A proposta palmeirense pedia os mesmos R$ 23 milhões ao ano pelo patrocínio, mas com benefícios bem mais modestos para a empresa.

Mas por que Leila Pereira e José Roberto Lamacchia, controlador da Crefisa na época, aceitaram o time alviverde?

Palmeiras x São Paulo, Allianz Parque — Foto: Marcos Ribolli

O fator que mais pesou foi que Lamacchia é um palmeirense declarado e afirmou em algumas ocasiões que patrocinar seu clube do coração era um sonho a ser realizado. Além disso, havia grande simpatia por Paulo Nobre, então presidente do Palmeiras.

Por fim, pesou contra o São Paulo a administração de Carlos Miguel Aidar. O ex-presidente, que renunciou ao cargo após acusações de lavagem de dinheiro e corrupção, tinha um contrato com sua namorada, Cinira Maturana, para que ela recebesse 20% de comissão sobre contratos que trouxesse ao clube.

Aidar ainda manchou a imagem do clube com três grandes fornecedoras de materiais esportivos ao atravessar executivos brasileiros, desrespeitar contratos e pré-contratos e fazer leilão.

Em janeiro de 2015, a Crefisa assinou contrato com o Palmeiras e iniciou ali uma parceria vencedora, recheada de títulos, com Copa do Brasil, Libertadores, Brasileirão… O São Paulo, por sua vez, acumulou dívidas e conquistou apenas o Paulistão de 2021.