Ex-SPFC, Centurión hoje joga para 3 mil pessoas e tem narrador como técnico

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Ricardo Centurión (direita) disputa bola em Barracas x Independiente Imagem: Divulgação Barracas Central

Jogador com passagens por São Paulo, Racing e Boca Juniors, o atacante argentino Ricardo Centurión hoje tenta reerguer a carreira em um palco dos mais modestos e com uma “volta à essência”, segundo suas próprias palavras.

Centurión acaba de completar 30 anos e aos poucos vem conseguindo uma vaguinha entre os titulares do Barracas Central, um pequeno do futebol argentino e recém-chegado à Série A (está em 17º de um total de 28 times na atual temporada).

Com sede em Buenos Aires, no bairro de Barracas, a equipe tem como presidente alguém que é mais jovem ainda que Centurión: Matías Tapia, de 27 anos, filho de Claudio “Chiqui” Tapia, que é presidente também da AFA (Associação de Futebol Argentino).

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Prova do momento inusitado, o estádio do Barracas leva o nome de Chiqui Tapia e tem uma capacidade das mais reduzidas: apenas 3.700 lugares, sendo ampliado para 4.400 pessoas em ocasiões especiais.

Centurión disputou seis das oito partidas da equipe neste Campeonato Argentino, atuando nos últimos encontros como titular, mas deixando o time no segundo tempo. É sua primeira experiência no futebol desde que foi dispensado pelo San Lorenzo no começo do ano passado.

Depois de abandonar os treinamentos da equipe e alegar problemas de saúde mental, incluindo um dramático relato dizendo que havia cansado de viver, Centurión conseguiu uma vaga no Barracas, mesmo tendo os salários pagos pelo Vélez Sarsfield, dono dos seus direitos econômicos, mas sem interesse em seu futebol depois de reiteradas situações de indisciplina e problemas de relacionamento com dirigentes, técnicos e colegas de time.

Estádio Chiqui Tapia, do Barracas Central, tem capacidade para 3.700 pessoas
Imagem: Divulgação Barracas Central

De milionário a modesto

Os direitos econômicos de Centurión estão vinculados a Racing (40%) e Vélez (60%), que desembolsaram, juntos, cerca de US$ 4 milhões (R$ 20,95 milhões) por ele.

Em janeiro de 2015, o atacante acertou com o São Paulo por cerca de R$ 13 milhões, sendo transferido em julho de 2017 para o Genoa, da Itália, por 3,5 milhões de euros (então R$ 12,96 milhões), depois de um empréstimo ao Boca Juniors na temporada anterior (a partir de agosto de 2016).

A turbulenta carreira de Centurión incluiu passagens também pelo futebol mexicano (no Atlético de San Luis) e pelo Racing, quando foi dispensado depois de empurrar o técnico Eduardo Coudet, hoje no Atlético-MG.

Centurión ouve técnico Rodolfo de Paoli (à direita na foto)
Imagem: Reprodução TV

Técnico atual é narrador

O treinador de Centurión hoje no Barracas Central é narrador de TV e rádio, sendo reconhecido como um dos melhores da Argentina na função.

O nome dele é Rodolfo de Paoli. Com 44 anos, é técnico do Barracas desde 2021 e um raro caso de dupla jornada nos microfones e na direção da equipe. Foi dele, por exemplo, uma das mais emocionantes narrações do tri da seleção argentina no Qatar, pelo canal de TV TyC Sports.

“Tentamos ajudá-lo, pois Centurión é um menino incrível. Queremos que ele lembre por que um dia quis ser jogador de futebol, de onde vem a sua paixão por este esporte”, falou De Paoli.

“É uma volta à essência, o clube me acolheu bem demais e quero agora fazer minha parte em campo”, finalizou Centurión ao canal de TV em que trabalha o técnico.

Fonte: UOL