São Paulo quis roubar estádio do Palmeiras? Protesto da Mancha faz sentido?

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Após a reforma, em 1933, o estádio Parque Antártica se tornou o estádio Palestra Itália, o mais moderno do país na época Imagem: Rubens Mano/Folhapress

O São Paulo encara nesta segunda-feira (13) o Água Santa, pelas quartas de final do Paulistão e mandará seu jogo no estádio do Palmeiras 28 anos depois da última partida. Isso bastou para um protesto da Mancha Verde que diz que o clube do Morumbi teria tentando roubar o local quando ainda se chamava Parque Antártica.

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O que se sabe sobre essa história?

Voltamos para 1942, época da Segunda Guerra Mundial. A decisão do Brasil de apoiar os aliados foi o gatilho para o início de uma campanha difamatória contra o Palestra Itália — nome do time antes de se tornar Palmeiras —, que passou a ser considerado uma ameaça por sua origem italiana.

Conforme o jornalista Celso de Campos Jr. relatou em seu livro “1942 – o Palestra vai à Guerra”, havia motivos para os palmeirenses temerem pela perda do Parque Antártica, e existia a ideia de que o São Paulo estaria por trás dessa conspiração.

Panfletos apócrifos difamando o Palestra começaram a surgir na cidade. Além disso, a campanha era endossada pelo Paulo Machado de Carvalho, que havia sido vice-presidente do São Paulo, por meio da Rádio Record.
Celso de Campos Jr no livro “1942 – o Palestra vai à Guerra”

O próprio autor, no entanto, disse que não existe prova de que o São Paulo tentou de fato roubar o Parque Antártica. “Nas minhas pesquisas no próprio São Paulo, eu não encontrei nada que apontasse para um plano de roubar o estádio do Palestra.”, falou.

Esta versão da história também é rechaçada por historiadores são-paulinos. Michael Serra escreveu em seu livro, “São Paulo Futebol Clube – Onde a Moeda cai em Pé”: “É preciso enfatizar que nenhuma fonte, primária ou secundária, de caráter documental, original e histórica, desabona qualquer conduta ética ou moral por parte do Tricolor”.

Outra justificativa usada por Serra em seu livro para derrubar a tese é que o São Paulo, em 1940, assegurou o direito de preferência de uso do recém-inaugurado estádio do Pacaembu. Em 1942, ano do imbróglio com o Parque Antártica, o time tricolor deu os primeiros passos para adquirir centro de treinamento e sede campestre. “Logo, por que o Tricolor, supostamente, tentaria obter o patrimônio de terceiros, fossem eles grandes ou pequenos?”, concluiu o autor.

Histórico

Segundo levantamento de Serra, o São Paulo jogou ao menos 52 partidas como mandante no estádio do Palmeiras — em outros 17 jogos, não há como comprovar se o Tricolor foi de fato o mandante. Destes 52, foram 33 vitórias, seis empates e 13 derrotas.