Sem taças, Rogério Ceni ganha respaldo que só Muricy teve no São Paulo na última década

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Após queda precoce no Paulista, técnico termina o sexto campeonato seguido sem título

Globo Esporte

O técnico Rogério Ceni terminou, na última segunda-feira, com a eliminação nas quartas de final do Paulista, o sexto campeonato seguido no comando do São Paulo sem ter conquistado um título nessa que é sua segunda passagem pelo clube na função.

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Durar tanto assim no cargo é um feito que só um de seus chefes conseguiu na última década. Muricy Ramalho, hoje coordenador de futebol no São Paulo, treinou a equipe pela última vez entre 2013 e 2015, quando disputou oito torneios e não venceu nenhum – anteriormente, ele tinha sido o comandante de uma época de ouro do clube, tricampeão brasileiro entre 2006 e 2008.

Entre os dois trabalhos, 11 treinadores foram contratados – entre eles o próprio Ceni, em 2017 –, sem contar interinos. Nesse período, marcado por grande pressão pela falta de conquistas no Morumbi, só dois profissionais fizeram mais de 50 jogos: Fernando Diniz (74) e Hernán Crespo (53), antecessores de Rogério.

O argentino Crespo, inclusive, é o único que liderou o São Paulo a um título ao vencer o Paulista de 2021 e encerrar o jejum que durava desde a Sul-Americana de 2012. Não foi suficiente para segurá-lo no banco quando o time passou a brigar para não cair no Brasileiro naquele ano.

Ceni e Muricy em treino do São Paulo — Foto: Divulgação

Rogério assumiu o time logo em seguida com a missão de evitar o que seria a primeira queda do clube para a segunda divisão nacional. Conseguiu, mas apenas na penúltima rodada.

No ano seguinte, mantido no cargo apesar de uma crise que quase levou à sua saída, Ceni colocou o time em duas finais, as do Paulista e da Copa Sul-Americana, mas ambas com finais traumatizantes.

No estadual, venceu o jogo de ida contra o Palmeiras, no Morumbi, por 3 a 1. No Allianz Parque, apesar da vantagem considerável, viu seu time ser atropelado pelo rival, que ganhou por 4 a 0.

A Sul-Americana se tornou a prioridade do São Paulo no restante do ano, visto que dava ao campeão uma vaga na Libertadores – e num torneio em que enfrentaria equipes de pouca tradição.

Por causa dessa expectativa, e da possibilidade de o time voltar a ganhar uma taça internacional após dez anos, a derrota para o Independiente del Valle por 2 a 0 gerou turbulência no Morumbi.

Antes, o time tinha sido eliminado pelo Flamengo nas semifinais da Copa do Brasil.

O cenário se tornou ainda mais sombrio com o fim do Brasileiro, em que o São Paulo terminou apenas em nono, sem vaga na Libertadores.

Ao fim da temporada 2022, Ceni e a diretoria acordaram uma grande restruturação no elenco, que levou à saída de 12 jogadores e à chegada de nove reforços – desde 2021, quando Julio Casares assumiu a presidência, 30 novos jogadores foram contratados.

A derrota para o Água Santa, nos pênaltis, na segunda-feira, colocou em xeque esse planejamento. Os resultados ruins ainda não colocam o emprego de Ceni em risco. A diretoria do São Paulo ainda apoia o treinador e não admite a possibilidade de demissão, por ora.

O São Paulo volta a campo só em abril, quando inicia as disputas do Brasileiro, da Copa do Brasil e da Sul-Americana.

Dez anos atrás, Muricy retornou ao São Paulo em situação semelhante à de Ceni – a missão de evitar o rebaixamento no Brasileiro.

O ex-treinador, naquele ano, ainda chegaria à semifinal da Sul-Americana, eliminado pela Ponte Preta.

Em 2014, caiu no Paulista para a Penapolense e, na Copa do Brasil, para o Bragantino. Na Sul-Americana, alcançou a semifinal, eliminado pelo Atlético Nacional, da Colômbia. No Brasileiro, foi vice-campeão, atrás do Cruzeiro.

Na temporada seguinte, Muricy suportaria apenas até abril, com disputas no Paulista e na Libertadores. O desempenho ruim da equipe e a saúde do treinador, debilitada na época, levaram a uma troca no comando – pouco mais de um mês depois, o clube anunciou o colombiano Juan Carlos Osorio, demitido ainda naquele ano após 26 partidas.

Entre 2013 e 2015, Muricy treinou o time em 109 partidas, com 58 vitórias, 22 empates e 29 derrotas – aproveitamento de 59,9%.

Desde que voltou, em 2021, Ceni tem 102 jogos, com 47 vitórias, 27 empates e 28 derrotas, 54,9% dos pontos conquistados. Nos últimos dez anos, Diego Aguirre (55,8%), Fernando Diniz (55%) e Crespo (57,2%), caíram com aproveitamentos melhores.