Quando o sorteio da 3ª fase da Copa do Brasil indicou o confronto entre São Paulo e Ituano, a torcida tricolor não ficou muito satisfeita, afinal, o time do interior quase subiu à Série A do Campeonato Brasileiro no ano passado e foi até a semifinal do Campeonato Paulista esse ano, sendo eliminado pelo Palmeiras, que no último domingo (9) se sagrou campeão.
Além disso, o Ituano virou uma espécie de “pedra no sapato” do são-paulino, já que o time se defende muito bem e nos últimos dois anos o Tricolor recebeu o rival no Morumbi no Paulistão, sem conseguir sair do 0 a 0 em nenhuma das oportunidades.
Porém, se depender do retrospecto apenas em competições de mata-mata, o torcedor do São Paulo pode se animar. Em toda a história, essa é apenas a terceira vez que os dois times se cruzam em torneios eliminatórios. E nas duas primeiras, a equipe atualmente comandada por Rogério Ceni se saiu melhor.
Uma delas foi nas quartas de final do Paulistão de 2019. Após se classificar em segundo lugar no grupo, o São Paulo chutou a desconfiança e eliminou o rival rubro-negro com duas vitórias: 2 a 1 no Morumbi e 1 a 0 no Novelli Júnior.
A outra é ainda mais especial, já que valeu título. Foi na final do Supercampeonato Paulista de 2002. Naquele ano, os times grandes não disputaram o estadual e o Ituano foi quem faturou a taça. Isso o credenciou a se juntar a São Paulo, Palmeiras e Corinthians, os melhores colocados no Torneio Rio-São Paulo, no Supercampeonato.
Na semifinal, o time do interior surpreendeu o Corinthians, se garantindo na decisão para enfrentar o Tricolor, que despachou o Palmeiras.
E nas finais, prevaleceu a força do São Paulo. Após um empate em 2 a 2 fora de casa, o time brilhou no Morumbi e goleou por 4 a 1, se sagrando campeão da única edição daquele torneio.
O ex-atacante Reinaldo, revelado pelo Flamengo e que defendeu o São Paulo entre 2001 e 2003, lembra muito bem daqueles jogos. Em entrevista ao ESPN.com.br, ele comemorou ter feito gols nas duas decisões, o que garantiu uma taça importante para ele e para o clube.
“Foi meu único título pelo São Paulo. O Ituano era um time muito bom, com jogadores como Lúcio (ex-lateral que atuou por Palmeiras e pelo próprio São Paulo), Vinícius (Bergantin, ex-zagueiro que hoje em dia é técnico) e o Basílio (atacante ex-Palmeiras e Santos). O primeiro jogo foi bem difícil. Estava 2 a 1 para eles e eu fiz o gol de empate. No Morumbi, o São Paulo sempre foi muito forte. A torcida abraçou e se mobilizou para encher o Morumbi, tinha 70 mil pessoas aquele dia e conseguimos ganhar”, iniciou ele, antes de detalhar um dos momentos mais especiais que viveu.
“O destaque do jogo foi o Adriano, que fez dois gols de falta e eu fiz um dos gols mais bonitos da minha carreira. Eu arranquei, toquei para o Simplício, a bola subiu e peguei de primeira, de fora da área. A torcida explodiu de alegria, ainda mais por ser uma final de campeonato”.
‘Era um momento conturbado, mas demos a resposta’
Mais do que erguer uma taça, o confronto foi importante para deixar o time em uma situação mais tranquila naquela época. “Na Copa do Brasil, a gente foi eliminado pelo Corinthians na semifinal. No primeiro jogo, eu estava machucado e no segundo o França estava fora. Uma pena, porque nosso ataque era muito forte. Ainda tinha o Kaká. Isso fez com que a gente entrasse muito pressionado para vencer o Super Paulistão. Era um momento conturbado, mas demos a resposta”.
Segundo Reinaldo, que atualmente trabalha como treinador do Maricá, que disputará a Série A2 do Campeonato Carioca, a taça também foi importante para, apesar do pouco tempo que permaneceu, construir uma identificação com a torcida do São Paulo.
“O bacana é que a torcida gosta muito de mim pela minha entrega, jogava com amor. Esse reconhecimento é muito bacana e sempre lembram da minha passagem. Tive uma média legal de gols e nos momentos decisivos brilhava”.
Sobre o time atual, Reinaldo acredita que, apesar dos resultados frustrantes recentes, como por exemplo a eliminação do Paulistão pelo Água Santa, o Tricolor está no caminho certo e disse confiar bastante em Rogério Ceni, que foi seu companheiro nos tempos de jogador.
“Vejo o São Paulo hoje muito forte na mão do Ceni. É o treinador certo para esse momento, maior ídolo do clube e super atualizado. Tem uma ideia de jogo bem clara, um time rápido, com variações. Ele sabe o que quer para o São Paulo e o que o time precisa. Esse mata-mata é muito difícil, porque o Ituano vem em uma crescente muito grande. Quase subiu para a Série A do Brasileiro e fez um bom Paulista. Mas com esse tempo de preparação, acho que o São Paulo é favorito. Voltou a confiança depois da vitória contra o Tigre, na Sul-Americana”.
ESPN