Dorival chega ao São Paulo, elogia trabalho de Ceni e pede paciência: “Vim aqui para tentar vencer”

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Treinador fará sua estreia neste sábado, pelo Brasileirão, e diz que vai aproveitar legado de antecessor; veja mais respostas do novo comandante

Dorival Júnior falou pela primeira vez como treinador do São Paulo nessa sua segunda passagem. Nesta sexta-feira, ele foi apresentado no CT da Barra Funda e falou em dar sequência ao primeiro período que teve no clube, entre 2017 e 2018. Ambicioso, disse que o Tricolor pode brigar por grandes objetivos na temporada.

Dorival fará sua estreia no sábado, às 18h30, no Morumbi, em confronto diante do América-MG, pela segunda rodada do Campeonato Brasileiro. O contrato vai até o fim de 2024.

– Estou vindo para o São Paulo com esse objetivo. Eu venho, como você mesmo disse, para um clube gigante e que de repente não vivencia o momento que merece. Mas que pode voltar a ser em questão de tempo, meses. Tudo vai depender do trabalho, dedicação, acreditarmos. Eu estou plenamente consciente do passo que estou dando. Terei um tempo de contrato que depois, no fim dele, vocês podem me fazer a mesma pergunta.

Dorival Júnior é apresentado no São Paulo — Foto: José Edgar de Matos

– E espero que aconteça tudo que eu almejo. Para mim é uma sequência do trabalho que deixei em 2018. Eu cheguei com o São Paulo na zona de rebaixamento e até o último jogo contra o Bahia, o São Paulo era o líder de pontos do segundo turno. Com o gol a gente caiu para terceiro. Aquilo mostrou que algo ficou plantado aqui dentro. Volto com esse espírito. Na minha carreira tem alguns passos assim – afirmou Dorival Júnior.

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Em vários momentos da entrevista, Dorival fez questão de valorizar o trabalho deixado por seu antecessor, Rogério Ceni, demitido na última quarta-feira. Coincidentemente, foi o próprio Ceni que Dorival substituiu na primeira passagem, em 2017. Ao menos nos primeiros jogos, boa parte do que foi proposto pelo antigo treinador vai continuar.

– Vou tentar manter o trabalho do Rogério. Eu só tenho um dia de trabalho. Amanhã vai ter mudança? Esquece, não vai. Será aos poucos. O que espero é uma mudança comportamental, atrás dos resultados. Temos que nos preocupar a estar mudando a todo instante, sempre querendo o máximo e melhor. Mas eu vou tentar que o próprio trabalho do Rogério seja aproveitado.

– Eu nunca chego a uma equipe com uma forma de jogar, porque só aqui dentro que vou conhecer o perfil e características dos atletas. Podemos ter algumas coisas, mas nada de mudar um padrão que já vem sendo feito – explicou Dorival Júnior.

Dorival Júnior é apresentado no São Paulo ao lado do presidente Júlio Casares — Foto: José Edgar de Matos

Veja mais respostas de Dorival Júnior:

Passos na carreira

– E todos fazem essa pergunta porque mudo. Pegava o Santos que estava desorganizado e arrumamos aquele time. Quando acabamos aquela etapa, com títulos, nos colocaram que não aconteceria diferente. Com Ganso, Neymar. As pessoas às vezes não tem ideia do que acontecia ali dentro. Foi uma equipe brilhante durante o processo.

– No São Paulo em 2017, nesse trabalho de recuperação falaram a mesma coisa pelo trabalho que teve. Estou acostumado com isso. Com o Flamengo me falaram que eu era louco de assumir um clube tão grande, com coisas complicadas. Atingimos o objetivo e falaram que foi porque tinha o melhor elenco. Podem ter certeza que quando acabar o contrato daqui 1 ano e meio terão coisas boas acontecido.

Chegada de reforços

– Eu acho que temos que pensar jogo a jogo, rodada a rodada. Teremos decisão na semana que vem, mas temos que pensar no América. Janela, contratações, eu não penso. Vou trabalhar com os que aqui estão. O São Paulo sempre estará atento ao mercado, mas nesse instante eu tenho que valorizar e extrair ao máximo do que aqui estão. E depois ajustes que possam ser necessários. A partir daí buscar sempre qualificar dentro do possível e sem nos apressemos para que isso aconteça. Teremos uma pausa sem que os clubes possam inscrever.

Continuidade do trabalho

– Sempre cito um caso que o Klopp demorou quatro anos para ganhar um título expressivo. No Brasil um treinador para passar do quarto mês precisa conquistar resultado. Lá fora tem a paciência, já conhecem seu trabalho e sabem o que você já desenvolveu. Eu acredito na continuidade, um trabalho que possa desenvolver. Aí fora de repente um treinador apenas esse processo seja preenchido. Aqui no Brasil vem um, dois, três, corrige, volta…

– Quem está certo? A história está mostrando.. Estamos dando passos para trás e aí fora andando a passos largos. Está na hora de mudarmos isso, mas é um processo. Foi prejudicial ao futebol brasileiro. Tem que ter calma, paciência. Mais pra frente eu devo parar e eu não devo ver isso num modo geral.

Paciência da torcida

– Acho que isso tudo é a vivência que vivemos. Eu falei em 2014, saindo do Palmeiras, que ele estava preparado para conquistas. No Flamengo quando saí lá atrás eu disse que quando ganhasse um embalaria vários. Falei com o presidente do São Paulo e disse que o trabalho aqui até pode sair um pouco mais demorado, mas tem muitos garotos e vão precisar amadurecer. Mas é um trabalho consistente mais do que em outras equipes e até aqui no São Paulo mesmo.

– A paciência precisa ter, acho que a torcida tem entendido. Com uma ou outra contratação pontual e os garotos valorizados… Tudo é questão de tempo. Sabemos que é uma torcida carente de títulos. Essa é uma obrigação nossa, da comissão de um modo geral. Temos que tentar acelerar, chegar nesse nível de maturação para chegar onde queremos.

Vai priorizar competições?

– O mínimo que temos que entregar é o nosso melhor. Se a gente está em 3 competições, temos que pensar que no mínimo temos que conquistar uma. Tudo é questão de acreditar naquilo que está fazendo. Não espere nada, mas busque todas. O São Paulo tem que entrar com esse pensamento sempre. Não pode entrar com o mínimo. Temos que estar incomodados com a nossa atuação, porque ao nosso redor todo mundo ganha, e a gente não.

Globo Esporte