São Paulo abre mão de títulos na base para ‘abastecer’ profissional: “Foi o que me pediram”

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A base do São Paulo não vem tendo muito sucesso recentemente nas disputas que envolvem, sobretudo, a categoria sub-20. Antes extremamente vitorioso, tendo conquistado a maioria dos campeonatos mais importantes, o time de juniores do Tricolor amarga uma seca de títulos. Mas, em compensação, tem ‘abastecido’ com sucesso o elenco profissional com grandes talentos.

A falta de conquistas, aliada ao fato de o Palmeiras estar vivendo um grande momento com suas categorias de base – se sagrou bicampeão da Copinha neste ano – gerou muitos questionamentos por parte de torcedores são-paulinos. Entretanto, aparentemente, a alta cúpula do clube está mais que satisfeita com os frutos que vêm sendo colhidos em Cotia.

De 2021 para cá o São Paulo lançou nada mais, nada menos que 15 atletas formados em Cotia, encontrando alternativas para se manter competitivo sem a necessidade de gastar valores consideráveis no mercado, algo fundamental, já que atravessa grave crise financeira.

“Fui contratado em dezembro de 2020, logo depois que terminaram os Campeonatos Brasileiros sub-17 e sub-20. Eu estava no Athletico-PR, chegamos às duas finais de Campeonato Brasileiro na época. Sou contratado pelo São Paulo e, na reunião que tive no apartamento do Casares com o Belmonte, o que eles me pediram não foi para ganhar campeonato, mas, sim, revelar jogadores”, afirmou o diretor executivo das categorias de base do São Paulo, Marcos Biasotto, em entrevista exclusiva à Gazeta Esportiva.

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‘Temos 15 jogadores de 2021 pra cá que, de alguma forma, estão no elenco profissional ou passaram por lá e já estão em outros lugares. Do time do Alex que chegou na final do Campeonato Brasileiro em 2021, praticamente a equipe toda subiu. Vou tentar relembrar aqui: Young, Moreira, Nathan, Luizão, Beraldo, Patryck, Pablo Maia, Talles Costa, Pedrinho, Vitinho, Marquinhos, Juan, Rodriguinho, Belém e Caio. Todos esses jogadores praticamente eram titulares do Alex em 2021. Nós fizemos um excelente trabalho em 2021, tanto é que chegamos na final do Campeonato Brasileiro e caímos na semifinal da Copa São Paulo para o Palmeiras em um jogo que, na minha opinião, fomos superiores no segundo tempo, mas acontece. Aquilo que foi pedido pra gente até o momento, nós estamos fazendo, que é tentar colocar o máximo de atletas na equipe principal e revelar jogadores”, completou.

Na atual temporada, o time sub-20 do São Paulo acabou sendo eliminado na primeira fase do Campeonato Brasileiro. No início do ano, o Tricolor deu adeus à Copinha, principal torneio de base do País, ainda na terceira fase, caindo para o América-MG, que chegou até a final e foi derrotado pelo Palmeiras, que se sagrou bicampeão. Com apenas quatro meses de trabalho até aqui, o técnico tricolor, Juliano Belletti, já é alvo de algumas críticas de parte da torcida, mesmo comandando uma equipe que poderia ser consideravelmente melhor, não fossem as promoções de muitos garotos para o elenco profissional.

“Eu entendo que os torcedores querem ganhar, eu também quero, os meninos também querem, mas quando você sobe praticamente uma equipe inteira, você tem um gap até que os outros mais jovens consigam chegar no mesmo nível que estavam esses jogadores que subiram. Daqui a pouco vamos voltar a brigar pelos títulos novamente. Agora, estamos aqui para revelar jogadores, não ganhar título de categoria de base, essa é a grande verdade”, pontuou Biasotto.

O exemplo mais recente desse processo de fornecimento de jogadores formados em Cotia ao profissional é Negrucci. O volante participou de um treino no CT da Barra Funda e agradou bastante o técnico Dorival Júnior, que o relacionou para as viagens a Curitiba e Colômbia, embora não tenha o relacionado para as partidas. A ideia é trabalhar com o atleta e, gradativamente, introduzi-lo à rotina do time principal.

“O Negrucci, que era nosso titular com o Belletti, já está treinando com o Dorival a pedido do próprio Dorival, que gostou do jogador. Isso vai ser uma constante. Independentemente da idade, o São Paulo tem vários jogadores talentosos. Poderia estar citando vários outros jogadores aqui. Já me perguntaram do Newerton, que é muito jovem. Tem vários jogadores que já poderiam estar no elenco profissional, mas ainda são muito jovens, e temos que tomar cuidado com isso para não queimar etapas. Você coloca um jogador muito jovem e acaba tendo dificuldade de adaptação ou alguma outra dificuldade que pode acontecer com um adolescente”, comentou o diretor executivo das categorias de base do São Paulo.

Muricy Ramalho é o responsável por fazer a “ponte” entre base e profissional. É o coordenador técnico do São Paulo que solicita a presença de jogadores do sub-20 que exercem determinadas funções para participarem dos treinamentos no CT da Barra Funda, promovendo uma integração entre os dois mundos que ao longo do tempo vem se provando bem-sucedida. No último domingo, na vitória sobre o Internacional, pelo Brasileirão, dois dos principais destaques do Tricolor foram formados em Cotia: Pablo Maia, autor de um golaço, e Beraldo, zagueiro que a cada partida vem se consolidando como titular indiscutível.

“Sempre converso com o Muricy que existe um caminho a ser percorrido. O menino tem que sentir o cheiro do vestiário, fazer a primeira viagem com o elenco profissional, entender como é a bronca em um time profissional. A bronca é diferente. Quando você está formando o atleta, você tem todo um cuidado para falar. No profissional é diferente. O Negrucci já viajou para a Colômbia, foi para Curitiba, está começando a sentir o cheiro do vestiário e entender que as responsabilidades e a pressão são muito maiores. Precisamos saber lidar com isso. Por isso que eles vão e voltam, para começarem a entender como funciona. Fazemos isso com os menores também. Aqui toda semana um jogador mais jovem treina na categoria de cima”, concluiu Biasotto.

Apesar da grande quantidade de jovens ‘Made in Cotia’ promovidos ao profissional, o São Paulo mantém a mentalidade de aliar uma boa formação com títulos. Mas, entre lotar uma prateleira de troféus e revelar grandes talentos para o time principal, a alta cúpula tricolor não tem dúvidas sobre sua escolha.

“O São Paulo forma muito bem, isso eu posso te garantir, porque já trabalhei em todos os clubes grandes. Trabalhei no Flamengo, Palmeiras, Athletico-PR, Inter, Grêmio. Agora, vencer a gente precisa combinar com os inimigos. Há 11 jogadores do outro lado que também querem vencer. Quando a gente forma bem, a tendência é que esses meninos quando chegam no profissional façam o que o Beraldo e o Pablo Maia vêm fazendo”, concluiu.

Gazeta Esportiva