Contratação de colombiano, prestes a ser concretizada, e sonho com meia formado em Cotia se diferem de longa lista de reforços dos últimos três anos, marcada principalmente por coadjuvantes
Nos últimos três anos, o São Paulo, sob a gestão do presidente Júlio Casares, contratou 32 jogadores de perfil semelhante: atletas já com alguma experiência, de investimento menor, com potencial para dividir responsabilidades num time sem uma referência clara.
A iminente contratação do meia James Rodríguez, de 32 anos, coloca uma estrela em meio a vários coadjuvantes. A negociação com Lucas Moura, sonho de anos, pode colocar outra.
O padrão de contratações recentes do São Paulo foi construído pelas circunstâncias: com pouco dinheiro, o clube apostou principalmente em jogadores baratos, muitas vezes em contratos de empréstimo ou livres.
Foram poucas as exceções: Calleri, ídolo da torcida, tornou-se um investimento de US$ 3 milhões (R$ 15 milhões, hoje); por Galoppo, pagou outros US$ 4 milhões (R$ 19 milhões, hoje), por ver grande potencial de revenda no meia argentino de 24 anos; Ferraresi, que tem acordo fechado, mas não assinado, custará cerca de R$ 23 milhões.
Nos dois primeiros anos da atual administração, foram contratados 21 atletas. Segundo os balanços financeiros do clube, neles foram gastos R$ 131 milhões – os dados relativos às contratações de outros 11 atletas nesta temporada ainda não estão disponíveis.
Além disso, havia a preferência de Rogério Ceni, técnico de passagem mais longa no período, por um time mais voluntarioso e brigador – com o ex-goleiro no banco, o São Paulo contratou atletas como Alisson, Patrick, Marcos Guilherme, Wellington Rato, Méndez e David.
Não há no elenco tricolor ninguém com o currículo de James Rodríguez, campeão mundial, europeu e espanhol pelo Real Madrid, campeão alemão pelo Bayern de Munique, artilheiro da Copa do Mundo de 2014.
São conquistas, porém, que não refletem o momento do meia. Nos últimos anos, James Rodríguez defendeu Everton (Inglaterra), Al Rayyan (Catar) e Olympiacos (Grécia) sem brilhar, distanciando-se da expectativa criada nos primeiros anos de sua carreira.
Foi o que permitiu a aproximação do São Paulo. Sem contrato desde abril, o meia tentou se recolocar no mercado europeu, sem sucesso.
O São Paulo não precisará investir na compra de direitos econômicos, mas negociações assim geralmente envolvem o pagamento de luvas – um bônus pela assinatura do contrato. O clube brasileiro não revela os valores envolvidos para o acordo e nos salários, mas garante que assumirá todos os custos relacionados ao atleta, sem a participação de terceiros.
Lucas Moura passa por momento parecido. Após dez anos na Europa, pelo PSG e Tottenham, ficou sem contrato com o time de Londres e priorizou uma recolocação no continente, mas não teve ofertas convincentes.
O São Paulo, que em toda janela faz contatos de cortesia com Lucas, foi mais incisivo na última semana e se colocou como opção para o jogador caso ele tope atuar no Morumbi por pelo menos seis meses e tente um clube europeu novamente em janeiro. Há a possibilidade, também, de Lucas assinar com alguma equipe – o Monterrey, do México, oferece muito dinheiro –, mas jogar até dezembro no São Paulo, um desejo do atleta.
No Morumbi, James, se confirmada sua contratação, e Lucas, mais distante, podem ser colegas de outro atleta de carreira semelhante. Alexandre Pato surgiu sob altas expectativas, mas se afastou delas mais rápido.
Pato não colecionou tantos títulos e voltou à América do Sul ainda mais cedo, aos 23 anos – e só teve destaque quando defendeu o São Paulo, onde está em sua terceira passagem em contrato curto, só até o fim do ano.
James Rodríguez deve assinar acordo com o clube até o fim de 2025. Lucas ainda negocia.
Globo Esporte