Depois de quase ver Tricolor rescindir, Adidas já fala internamente até em ‘valorização’ com chegada de colombiano
Se dentro de campo a contratação de James Rodríguez pelo São Paulo ainda é uma incógnita, fora dele a chegada do astro colombiano já traz alguns frutos ao time do Morumbi. Isso porque a Adidas, atual fornecedora de material esportivo do clube, sinalizou aos dirigentes durante o final de semana que pretende usar a prerrogativa contratual que tem a seu favor no atual vínculo e cobrir qualquer proposta de concorrente que aparecer.
Mais do que isso: a multinacional alemã quer uma reunião com os cartolas são-paulinos afim de aparar as arestras recentes que motivaram o Tricolor a abrir negociações com outras marcas desde o início para substituir a atual parceira em janeiro de 2024, quando o contrato atual se acaba.
A informação foi passada ao Lance! por pelo menos três fontes diferentes de dentro do Morumbi.
A Adidas teria ‘se empolgado’ com a contratação de James, atleta que foi patrocinado pela marca por mais de cinco anos e mesmo fora dos grandes clubes europeus mantém o status de décimo jogador de futebol com mais seguidores no mundo nas redes sociais.
A avaliação é que a visibilidade a ser gerada é altamente vantajosa. E, por isso, a multinacional pretende discutir mais benefícios ao São Paulo. O principal deles para o clube, além de dinheiro, é a inclusão do Tricolor no rol dos grandes clubes parceiros da Adidas, com venda global de seus produtos. Atualmente só o Flamengo no Brasil conta com esse status.
Conforme o Lance! vem revelando desde o início do ano, o São Paulo dá como encerrada a parceria com a Adidas. O presidente Julio Casares chegou a confidenciar com aliados o plano de romper unilateralmente o acordo depois do Campeonato Paulista e jogar o resto do ano com marca própria, a SAO, mas o valor da multa e os custos de produção afastaram a ideia.
O Tricolor já recebeu propostas de pelo menos cinco marcas para substituí-la no ano que vem. A mais vantajosa e que está próxima de um acerto é a New Balance, que atualmente veste o Bragantino mas tem no clube do Morumbi a chance de ganhar uma fatia mais do que importante no mercado brasileiro.
PARTES VIVEM RELAÇÃO DE AMOR E ÓDIO
São Paulo e Adidas, que iniciaram a parceria em 2018, vivem relações extremamente tumultuadas nos bastidores. Primeiro, o Tricolor reclama da diferença de valores pagos e tratamentos dados a ele e o Flamengo. Há queixas de que até Atlético-MG e Internacional seriam melhores servidos pela marca.
Além disso, episódios recentes escancaram o que torcedores e dirigentes chamam de descaso. Há muitas queixas pela forma como o vínculo foi acertado pela gestão de Carlos Augusto Barros e Silva, o Leco, antecessor de Casares. E também pelo fato de apenas o Flamengo ser tratado como ‘marca global’.
Em dezembro do ano passado, o capítulo de desacordos entre as partes ganhou mais um capítulo, com os uniformes do clube usados na pré-temporada ainda exibindo a marca da Roku, fabricante de players de mídia on-line, cujo acordo venceu há três meses e não foi renovado.
A promessa era de que a situação deveria mudar no fim de janeiro, quando, enfim, o clube lançaria antecipadamente parte da sua nova coleção. Até agora, contudo, não houve fornecimento de novas camisas.
Em setembro do ano passado, o clube se viu refém da marca esportiva e taxou como ‘descaso’ o fato da terceira camisa são-paulina, que faz alusão ao agasalho usado pelo elenco campeão mundial de 1992, ter sumido das lojas após esgotado o primeiro lote.
Lançada em agosto, a peça esgotou em um fim de semana. E a reposição do lote de 3 mil unidades, prometida pelo Tricolor à torcida na ocasião em até 15 dias, demorou quase dois meses. Depois de arrecadar quase R$ 1 milhão no fim de semana de lançamento da camisa, a previsão do marketing são-paulino é que o clube deixou de arrecadar mais R$ 6 milhões com a peça por causa das listas de espera de clientes feitas por lojas.
No início de 2022, a rescisão chegou a ser estudada pelo jurídico tricolor, mas os valores da multa impediram o avanço do planejamento. O contrato entre as partes vai até o fim do ano que vem. A desavença é tamanha que o técnico Rogério Ceni entrou no ‘fogo cruzado’ ao usar roupas da Under Armour, antiga fornecedora são-paulina, no jogo contra o Juventude, em abril daquele ano, pela Copa do Brasil.
A última faísca ocorreu em março, quando torcedores, sócios e conselheiros reclamaram publicamente da Adidas ter ignorado o São Paulo em uma campanha que lançou uniformes inspirados em peças desenhadas nos anos 1990. O clube do Morumbi não apareceu no post que anuncia a coleção nas redes sociais, em que modelos vestem a camisa dos principais clubes e seleções atendidos pela multinacional alemã. E também não foi contemplado com uma camisa na coleção.
Entre selecionados e equipes europeias, somente três sul-americanos aparecem na campanha: Flamengo e a dupla argentina River Plate e Boca Juniors. Único tricampeão mundial do futebol brasileiro, o São Paulo foi completamente ignorado.
LANCE