Treinador, que não teve o contrato renovado na Gávea mesmo após vencer Libertadores e Copa do Brasil no ano passado, conduz retomada tricolor na temporada
O técnico Dorival Júnior deixou o Flamengo no fim do ano passado, por decisão da diretoria, mesmo após ter vencido a Libertadores e a Copa do Brasil. Hoje no comando de um São Paulo em crescimento, viverá um reencontro no Maracanã cercado de expectativa.
Nas redes sociais, muitos rubro-negros se mobilizam para cantar o nome de Dorival. A ideia, porém, divide opiniões. Fato é que há grande movimentação para protestos e provavelmente o ex-comandante se sentirá mais em casa do que o atual.
Reencontro com atletas que o adoram
Outra cena que promete causar constrangimento é o reencontro dos jogadores do Flamengo com Dorival Júnior. Em 25 de novembro do ano passado, o treinador ficou sabendo pela imprensa que seria substituído por Vítor Pereira. A notícia caiu como uma bomba dentro do elenco, já que Dorival era muito querido por todos, inclusive os reservas.
Diante de tal panorama, o banco do São Paulo certamente receberá rubro-negros em massa para abraços calorosos no ex-comandante. Isso num momento em que o relacionamento com o atual treinador, Jorge Sampaoli, é muito ruim, e o diálogo entre as partes é raro.
Tranquilidade no Morumbi contrasta com crise na Gávea
Se Dorival novamente vive momento de prosperidade, algo que havia conseguido em Ceará e Flamengo, o adversário encontra-se em grande turbulência. Já está em seu segundo treinador desde a saída do são-paulino. Vítor Pereira, que fez um trabalho muito ruim após saída polêmica do Corinthians, durou quatro meses. No Fla desde abril, Sampaoli já sofre forte contestação.
Dorival saiu como o terceiro treinador campeão da Libertadores da história do Flamengo e se depara com um time que foi vice-campeão três vezes em 2023 e sofreu vexames na semifinal do Mundial de Clubes e nas oitavas de final da principal competição do continente.
O paulista de Araraquara tem tido carreira bem mais calma no Morumbi do que seus colegas rubro-negros.
Foi contratado em abril, após a demissão de Rogério Ceni. Com ele, o time ganhou confiança e posições no Brasileiro, além de chegar às semifinais da Copa do Brasil – a partida de volta, contra o Corinthians, é quarta – e às quartas de final da Copa Sul-Americana – enfrenta a LDU daqui duas semanas.
Desde que chegou ao Morumbi, Dorival conquistou 14 vitórias, seis empates e sofreu oito derrotas. O temor de que time poderia brigar contra o rebaixamento no nacional se dissipou rapidamente, e a realidade é de briga pelo G-4.
Na última quinta, o São Paulo bateu o San Lorenzo em casa, por 2 a 0, e se classificou para as quartas da Sul-Americana, minimizando o momento de maior instabilidade tricolor desde a chegada do técnico – foram cinco partidas sem vitórias.
Goleadas, acertos e taças no Flamengo
Dorival Júnior estava no Ceará quando foi procurado pelo Flamengo, no meio do ano passado, para substituir Paulo Sousa. No comando do time, fez campanhas avassaladoras na Copa do Brasil e Libertadores, com taças, ressignificando uma temporada que parecia perdida com o português.
Profissional conhecido por gerir bem grupos, já chegou ao Ninho do Urubu resolvendo atrito que teve com Diego Alves em 2018, ano de sua segunda passagem pelo clube – a primeira foi entre 2012 e 2013. Efetivou o experiente goleiro e, no tempo certo, fez de Santos o titular da posição.
Posteriormente, mesmo com uma opção a menos diante da grave lesão de Bruno Henrique, conseguiu o que quase nenhum outro treinador fez: acomodou Gabigol e Pedro juntos. Esse é talvez o maior acerto de Dorival Júnior.
O batismo da dupla veio em goleada por 7 a 1. Pedro fez quatro gols e deu assistência. Gabigol marcou um e chutou para outro que terminou em gol contra após receber passe de calcanhar do companheiro.
O Flamengo de Dorival ainda golearia Juventude (4×0), Atlético-GO (4×1), Athletico-PR (5×0), Bragantino (4×1) e o Vélez Sarsfield (4×0) na Argentina dentro de uma semifinal de Libertadores. O trabalho do treinador também é lembrado pela recuperação de Rodinei e por uma virada marcante contra o Atlético-MG na Copa do Brasil.
Negociou a ampliação de seu contrato – em certo momento, o presidente do Flamengo e o vice de futebol chegaram a dizer que acerto dependia apenas de Dorival –. Parecia questão de tempo, mas as conversas foram interrompidas quando a diretoria surpreendentemente se aproximou de Vitor Pereira, que tinha deixado o Corinthians semanas antes para voltar a Portugal sob promessa de que não dirigia outra equipe brasileira.
As conquistas e a forma abrupta como o trabalho foi interrompido fizeram Dorival revelar recentemente que tem intenção de voltar à Gávea para realizar sua quarta passagem e encerrar um ciclo da maneira que gostaria.
Ao ge, em entrevista em julho, o treinador disse que pretende terminar o que começou lá:
– Não sei se vai demorar um, dois ou cinco anos, mas eu ainda vou voltar para finalizar tudo aquilo que ainda ficou aberto – afirmou.
O foco, porém, agora é no São Paulo, onde o treinador ainda sonha com duas taças e tem a possibilidade de subir posições no Brasileiro.
Globo Esporte