Há 25 anos, meia deixou a Europa para ajudar o clube em que se destacou a virar um mata-mata contra o Corinthians, objetivo igual ao que foi dado ao camisa 7 nesta quarta-feira
Um ídolo do São Paulo, após anos atuando na Europa, retorna ao clube do Morumbi às vésperas de uma decisão contra o Corinthians comandado por Vanderlei Luxemburgo. Em campo, o objetivo é ajudar a equipe a virar o confronto, já que foi derrotada por 2 a 1 na partida de ida.
É a missão de Lucas, nesta quarta, na Copa do Brasil. Era a missão de Raí, 25 anos atrás, no Paulistão.
São histórias semelhantes, e a torcida do São Paulo espera que elas tenham o mesmo final.
Em 1998, Raí já tinha um acerto para voltar ao Tricolor após o fim de seu contrato com o PSG, da França. O vínculo terminava após a partida de volta da final do Paulistão, mas com a equipe francesa em fim de temporada, Raí negociou para se apresentar com antecedência.
Ele chegou dias antes do segundo jogo da decisão, fez dois treinos e entrou em campo.
O São Paulo tinha perdido por 2 a 1 a partida de ida, e o Corinthians precisava apenas do empate para ser campeão. Uma brecha no regulamento, porém, permitiu ao time do Morumbi inscrever Raí mesmo que só para a última partida.
Assim foi feito. Raí foi titular, fez o primeiro gol e participou de outro. O placar de 3 a 1 deu a taça aos são-paulinos. França fez os outros dois gols da vitória.
– O mais curioso para mim, na verdade, é que a torcida do Corinthians lembra mais desse jogo de 1998 do que daquele de 1991 que eu fiz três gols na final (do Paulista). Eles me encontram na rua e dizem: “Você veio da França para roubar nosso título”. É certamente um dos jogos mais especiais da minha carreira, mas também por todo o contexto que tinha naquele ano – disse Raí, em 2018, em depoimento publicado no ge.
Dessa vez, na Copa do Brasil, a vantagem alvinegra é a mesma: venceu por 2 a 1 em casa e precisa só do empate. Lucas não estava no jogo em Itaquera.
Contratado no começo deste mês, foi inscrito a tempo na Copa do Brasil. Ao contrário de Raí, porém, teve tempo de atuar com os novos companheiros: foram dois jogos, contra o Atlético-MG, em que entrou no segundo tempo, e contra o Flamengo, quando foi titular e fez gol.
Lucas passou dez anos na Europa, primeiro no PSG, depois no Tottenham. Voltou ao São Paulo com contrato curto, até dezembro – a conquista da Copa do Brasil, inédita na sala de troféus do Morumbi, é parte importante do projeto.
O camisa 7 deve ser titular contra o Corinthians, já que Luciano, suspenso, não joga.
– Não dá para falar em favoritismo, pois a vantagem é do Corinthians, uma equipe perigosa e é um clássico. Essa situação é reversível diante do nosso torcedor, possibilidade de jogar a final. Eles têm a vantagem, precisamos fazer um gol para empatar. Está aberto, mas temos tudo para conseguir a classificação – disse Lucas ao ser apresentado, há dez dias.
Bônus para os mais supersticiosos
Há mais semelhanças entre esses dois momentos da história do São Paulo que podem ajudar a aumentar o ânimo daqueles mais ligados a superstição.
Naquela final do Paulistão de 98, um colombiano saiu do banco de reservas para participar da decisão: Aristizábal. Agora, em 2023, muito provavelmente um jogador do mesmo país entrará em campo em algum momento para ajudar o São Paulo. James Rodríguez deve ser utilizado.
Ele ainda não não está nas condições ideais para começar como titular. Portanto, Dorival Júnior pensa nele para o segundo tempo contra o Corinthians.
Outro ponto é que a referência daquele time de 1998 era um centroavante: França, autor de dois gols na decisão no Morumbi. No time desta temporada, até a chegada de Lucas, o principal jogador era Calleri, também centroavante e goleador.
E se você é daqueles que busca coincidências em todos os cantos, aqui vai mais uma: no Corinthians vice-campeão paulista 25 anos atrás tinha um jogador paraguaio: Gamarra. O rival deste ano também tem jogadores do país vizinho: Matías Rojas, que pode ser uma das novidades de Luxemburgo, e Romero, atualmente reserva.
Globo Esporte