Se por um lado o título inédito elevou receitas com premiações e bilheterias, os custos também aumentaram, sobretudo com a folha do futebol. Veja o balancete com números até setembro
A Copa do Brasil exibe como atrativo, além da taça, uma das maiores premiações do futebol sul-americano. Campeão desta temporada, o São Paulo recebeu cerca de R$ 88 milhões pelo título inédito.
Apesar da injeção de dinheiro, o clube fechou o terceiro trimestre de 2023 com as contas no vermelho. Houve um resultado contábil de R$ 97 milhões negativos até o mês de setembro.
O resultado foi pior do que o projetado pela diretoria tricolor para o período. Caso todos os números do orçamento tivessem sido cumpridos, o São Paulo chegaria a setembro com um déficit de R$ 50 milhões.
Todos os números expostos nesta reportagem têm origem no relatório financeiro referente ao terceiro trimestre de 2023. Embora a direção do clube não publique o documento, para que a torcida possa acompanhar as finanças, o ge obteve uma cópia dele.
RECEITAS | Previsto | Realizado | Variação |
Transmissão | 141 | 207 | 66 |
Bilheteria | 49 | 99 | 50 |
Sociais e amadores | 38 | 41 | 3 |
Atletas | 84 | 39 | -45 |
Patrocínio | 43 | 32 | -11 |
Estádio | 25 | 30 | 5 |
Licenciamentos | 14 | 16 | 2 |
Sócio-torcedor | 14 | 16 | 2 |
Outros esportes | 1,5 | 1 | -0,5 |
Total | 410 | 481 | 72 |
No quadro acima, estão expostas todas as receitas do São Paulo entre 1º de janeiro e 30 de setembro. O título da Copa do Brasil deixou a sua marca na linha de “transmissão”, pois a sua premiação tem origem na venda dos direitos de mídia da competição.
A bilheteria também foi beneficiada pelo torneio. Com a alta demanda pelos ingressos das partidas contra Flamengo, Corinthians e Palmeiras, nas fases finais da Copa do Brasil, a arrecadação ficou próxima dos R$ 99 milhões e “dobrou” a meta para o período.
Houve dois pontos em que o São Paulo ficou abaixo do projetado: patrocínios e transferências de atletas. Enquanto a área comercial chegou ao terceiro trimestre com R$ 11 milhões aquém do que esperado, as vendas de direitos de jogadores geraram R$ 45 milhões a menos.
— Em agosto, a gente tinha oferta por três ou quatro jogadores. Naquele momento tivemos a tranquilidade de não os vender para tentar ganhar a Copa do Brasil, como ganhamos. Trouxemos o legado esportivo e valorizamos os atletas — justificou o presidente Julio Casares em entrevista coletiva na última sexta-feira.
DESPESAS | Previsto | Realizado | Variação |
Folha salarial | -160 | -236 | -76 |
Materiais e serviços | -17 | -17 | 0 |
Gerais | -8 | -8 | 0 |
Jogos, tributos, outros | -54 | -81 | -27 |
Depreciação | -3 | -3 | 0 |
Amortização | -68 | -68 | 0 |
Sociais | -37 | -41 | -4 |
Outros esportes | -8 | -7 | 1 |
Estádio | -16 | -17 | -1 |
Administrativas | -32 | -32 | 0 |
Total | -403 | -510 | -107 |
Já o quadro acima mostra os custos até o terceiro trimestre. Fica evidente o “outro lado” da Copa do Brasil: da mesma maneira que a competição eleva as receitas com transmissão e bilheterias, puxa as despesas.
A folha salarial registra os salários, encargos trabalhistas, direitos de imagem e… premiações dos atletas. À medida que o time avançava de fase no torneio, os atletas recebiam parte dos ganhos. Isto faz com que o custo extrapole o que estava projetado no orçamento.
Como o São Paulo também teve despesas adicionais com cada partida realizada na Copa do Brasil, a linha “jogos, tributos, arena e intermediações” também superou a expectativa.
Vale destacar que o orçamento para a temporada de 2023 foi calculado pelo departamento financeiro do São Paulo em 2022, nos últimos meses do ano. O clube elevou a sua folha com as contratações de Lucas Moura, no início de agosto, e James Rodriguez, no fim de julho.
RESULTADO | Previsto | Realizado | Variação |
Receitas | 410 | 481 | 71 |
Despesas | -403 | -510 | -107 |
Resultado financeiro | -56 | -68 | -12 |
Resultado do exercício | -50 | -97 | -47 |
No fim das contas, como as despesas aumentaram mais do que as receitas, a associação chegou ao fim de setembro com um prejuízo maior do que o aguardado por sua diretoria para esses nove meses.
Também pesa o custo financeiro de sua dívida. O clube perdeu R$ 68 milhões com itens financeiros, sobretudo juros sobre dívidas. Só em obrigações com instituições financeiras — como Rendimento, Tricury, Bradesco, Daycoval e BTG —, o São Paulo deve cerca de R$ 209 milhões.
A expectativa de Casares para reduzir os problemas financeiros ainda em 2023 é a venda de jogadores. Beraldo, Pablo Maia, Rodrigo Nestor e Wellington são os principais ativos.
— Dirigente tem que ter sangue frio. Se por um acaso tivermos um déficit esse ano, sabemos que os atletas que valiam cinco ou seis milhões (de euros) vão valer 18 milhões (de euros). É oficial, já existe, mas sabemos que pode aumentar – disse Casares.
Globo Esporte