Quase seis meses depois de sua chegada, James Rodríguez ainda não conseguiu corresponder às expectativas dentro de campo com a camisa do São Paulo. Ainda assim, a situação é tratada com paciência no clube.
Convidados do Bola da Vez deste sábado (27) com exibição inédita às 23h (de Brasília), com transmissão pela ESPN no Star+, Carlos Belmonte e Rui Costa detalharam a situação do meio-campista no clube.
“A questão do James é sempre decidida de forma conjunta com o treinador. E nós, que somos os dirigentes, não nos metemos nas questões técnicas. A discussão da contratação passa por todos. Então, como foi a contratação do James, juntamente com a do Lucas, que foram praticamente simultâneas, correram ao mesmo tempo”, disse Belmonte, que contou como foram as conversas para sua chegada.
“Eu acho que um veio porque o outro veio, simultaneamente também. Porque são jogadores grandes, que a primeira coisa quando você conversa com os jogadores como o Lucas e o James, eles querem saber, não é quanto vão ganhar, é o projeto. O time tem condição de ser campeão? Ele vem para um time que vai brigar por título? Esse é o primeiro pensamento desses atletas. Porque do ponto de vista financeiro, ele já tem a vida definida. É claro que eles vão negociar valores para vir para cá, mas ele já tem definido”, seguiu.
“Eles querem saber se o time é competitivo e, claro, a chegada de um e de outro, as duas negociações correndo praticamente ao mesmo tempo, nos ajudou a trazer o Lucas e o James. Nós sentamos numa mesa com o Dorival, com o Muricy conversando a respeito dos dois atletas. O pensamento do Dorival e do Muricy, que são a parte técnica, era muito parecida de como usar os dois jogadores. Obviamente, a partir daí nós fizemos um esforço para contratação”, completou.
Belmonte ainda fez questão de ressaltar as diferentes formas de utilização de James na Colômbia e no São Paulo para tratar de como o camisa 19 deverá jogar no Tricolor. “Como o James vai ser utilizado, como o James não vai ser utilizado? Isso é uma questão técnica. Assim, o São Paulo é um time que trabalha todo mundo muito para ser competitivo. O James não tem, obviamente, essa característica de marcação”.
“A gente vê na seleção da Colômbia, o time basicamente joga para que o James consiga jogar. E aí ele joga muito. Ele tem sido fundamental. E aí, o que que nós trouxemos? Para que os técnicos pudessem adequar dentro do processo. O Dorival começou a fazer esse processo, o James jogando um pouco mais para o lado, não jogando centralizado, justamente para o lado direito, porque o Rafinha é um lateral que apoia menos. Então dava para ter uma segurança maior pelo lado direito”, afirmou.
“Não jogou centralizado. Agora vamos ver como o Carpini vai utilizar. O James, inclusive da Colômbia, ele joga mais a frente com dois pontas rápidos pelo lado, fazendo toda essa armação para esses ponteiras. Então assim, isso nós temos deixado sempre na mão do treinador. Mas uma coisa é fundamental: o James, vamos dizer que o James não nos dê no campo tudo o que nós esperávamos. O que o James já nos entregou já é muito”, continuou.
“O James já mudou o patamar do São Paulo na contratação. O James nos gerou muitos recursos a partir da chegada dele. Então, se no campo ainda não tivemos o rendimento esperado, porque o James passa por um processo também físico de melhora… Ele é um atleta excepcional. Ele é um dos primeiros a chegar no CT, trabalha muito, se dedica muito aos treinamentos. Então nós não temos nada a falar do James”, acrescentou.
Questionado sobre a disputa por um lugar no time titular, Rui Costa destacou a importância de se ter um elenco longo e enfatizou o fato de o São Paulo ter que ficar em primeiro plano. “Acho que o perfil do nosso elenco hoje, todos querem ser titulares. Não se conquista nada com 11 titulares. Ele é o James, mas o James vai se adaptar ao São Paulo e precisa se adaptar ao São Paulo, como o Lucas se adaptou ao São Paulo”.
“Como todos atletas que chegam adaptam-se ao São Paulo. Por uma questão de princípio. Ninguém é maior que o São Paulo. Então ele, dentro das suas características muito bem destacadas aqui pelo Belmonte, e vocês conhecem há muito tempo porque ele é um jogador global, ele precisa se adaptar não só ao clube, mas também a Liga que ele está, ao fato de que se joga a cada 72 horas, ao fato de que nós fazemos deslocamentos num país continental. Ou seja, a gente sai de uma temperatura baixa para uma temperatura alta, em que os padrões de gramado não são necessariamente os mesmos”, falou.
“Então, o processo de adaptação ao futebol brasileiro é muito mais amplo que simplesmente ele buscar a titularidade. Nós temos em torno de 75 a 76 jogos na temporada. No ano passado foram 70 jogos, se não me falha a memória. É impossível jogar com um elenco de 11, 12 jogadores. Isso está muito claro. Inclusive, outros treinadores falaram isso nas entrevistas ao longo da semana de que essa época do ano para o futebol brasileiro você tem que ter grupo. E é isso que nós buscamos. Nós temos um grupo hoje em que todos terão a oportunidade, desde que conquistem tecnicamente esse espaço no time”, concluiu.
Por fim, Belmonte ainda ressaltou as conversas que existem entre dirigentes e jogadores, ressaltando que não houve nenhum tipo de reclamação por parte de James. “Com relação as conversas com o James, elas acontecem com todos os atletas o tempo inteiro. E aí o André colocou muito bem. Todos os atletas querem jogar. E as conversas são absolutamente normais”.
“Se eu dissesse, houve uma reclamação do James em algum momento? Não, nunca houve uma reclamação do James. O que há são conversas. O próprio James já nos procurou, já esteve comigo e com o Rui e perguntou: ‘O que eu posso fazer? Onde eu posso melhorar? O que vocês estão achando?’ A conversa sempre é nesse sentido, com o James, de buscar um melhor espaço dentro do clube”, finalizou.
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