Técnico agradece legado deixado por Dorival Júnior e diz que conquista da Supercopa passa diretamente pelo trabalho feito pelo treinador no Tricolor
Com apenas cinco jogos, Thiago Carpini venceu seu primeiro título no São Paulo. Depois da vitória nos pênaltis contra o Palmeiras, neste domingo, no Mineirão, pela decisão da Supercopa, o treinador festejou a conquista, elogiou o trabalho deixado por Dorival Júnior, pediu pés no chão ao elenco, mas fez uma projeção ambiciosa.
Foi um divisor de águas. Agradeço a Deus, à diretoria, que teve coragem (de contratar um técnico jovem), à minha família, ao grupo do São Paulo, às pessoas, da maneira como o São Paulo me recebeu, que esses atletas compraram algumas ideias, seguindo o bom trabalho do Dorival – afirmou.
Esse título gera uma expectativa no torcedor de um ano diferente. Amanhã, talvez, eu tenha de ser o chato da história e frear esse entusiasmo. Precisamos viver hoje, mas amanhã vamos virar a chave, porque temos o Paulista. Seguir vencendo é muito difícil. O próximo vai ser ainda mais importante do que foi esse título. Um momento único, mas a responsabilidade aumenta. Precisamos trabalhar muito mais para corresponder à expectativa de todos.
Pela grandeza do São Paulo, conquistar o que faltava para nós. Mais um título histórico, mais um feito inédito. Esse grupo não está aqui de passagem. Não estão fazendo histórias bonitas na Copa do Brasil e na Supercopa. Nosso objetivo é marcar um período, uma época. O São Paulo teve bons momentos no passado dessa maneira. E que assim seja. Amor à primeira vista.
Carpini também explicou a escolha por Nikão para entrar como titular pelo lado esquerdo do ataque. Ele entrou no lugar de Lucas, vetado por dores na coxa esquerda.
– Eu imaginava que fosse ter essa dobra que o Palmeiras sempre faz, com Marcos Rocha e Mayke. Precisava de um jogador desse lado, com profundidade. Eu fiquei entre ele e Michel (Araújo), mas ele teve a pré-temporada comprometida, teve problemas físicos. O Nikão está acostumado com grandes jogos, sofreu muito ano passado. Tive uma conversa bacana com ele, tentar resgatar o Nikão, trazer de volta, gosto de insistir nas pessoas. Ele deu uma resposta positiva, depois o Michel continuou.
Carpini, que levou um banho de gelo dos jogadores que invadiram a entrevista coletiva, acredita que Dorival Júnior ainda tem mérito na conquista da Supercopa.
– Esse título é muito mais do trabalho do que foi feito no ano passado com o Dorival e esse grupo, que conquistou o direito de um jogo único e me permitiu viver isso com eles. Claro que tem um pouco das minhas ideias. Se eu viesse aqui com derrota, não iria dizer que foi o Dorival. Mas sem dúvida pegar um trabalho iniciado e vitorioso é muito mais fácil. Parabéns ao Dorival e obrigado pelo legado.
Veja a entrevista coletiva de Thiago Carpini:
Técnico campeão mais jovem desde Muricy:
– Momento único, especial, marcante da minha vida. Você citou o Muricy como exemplo. Quero falar da coragem do São Paulo, de oportunizar, sei da minha competência e capacidade, mas para ter oportunidade você precisa de coragem. Agradecer ao presidente Julio, Belmonte, Nelson, Rui, o São Paulo tem uma equipe muito boa. O que tem de melhor são as pessoas, me sinto em casa. Momento histórico, semana de quebra de tabu, de uma conquista. Queria agradecer e compartilhar o momento com Dorival, esse título começou lá atrás, com o título da Copa do Brasil, eles nos permitiram fazer parte desta historia. Eu precisava contribuir com esse processo, momento marcante na minha vida, ganhamos tudo, não falta mais nada, mas seguiremos trabalhando por mais.
Cinco jogos e um título:
– A consolidação profissional, pessoal, toda conquista é difícil, uma com o São Paulo é outro peso. Isso me coloca num patamar de carreira, num patamar diferente, aumenta-se a expectativa, os resultados vão seguir acontecendo. Agradeço minha família, sei de tudo o que vivi, a gente trabalha por esses momentos, mas nem eu mesmo esperava. Há 15 meses estava eliminado numa Copa Paulista em Água Santa x XV de Piracicaba. Falar desta loucura que é a vida, me sinto um cara preparado e abençoado.
– Duelo de dois grandes clubes, a rivalidade é historia. O São Paulo impõe dificuldade, não só pela capacidade deste elenco. Essa rivalidade vai ser sempre desta maneira, alguns adversarios você cresce. Tem essa mística contra esse rival. Ressaltar o jogo também que foi contra o Corinthians, a queda do tabu, independentemente da situação deles, vimos a dificuldade que o time dele nos impôs.
Força do elenco:
– Vejo que temos, sem dúvida, um excelente elenco, que foi escolhido peças pontuais para aumentar seu nível. Um elenco parelho com Palmeiras e outras equipes, não é por uma vitória e título que não temos defeitos, mas num momento como esse as limitações eu guardo para mim, para meu elenco, para nossa semana de trabalho. Quero valorizar a boa equipe, nosso vestiário, temos um elenco forte e competitivo que precisa buscar sua melhora, e não digo de contratações, é a gente melhorar o nosso coletivo e individual. Aumenta-se a expectativa, somos um bom time, uma equipe muito forte e competitiva. Vamos trabalhar muito para ter um ano vitorioso.
Sobre Rafael, o herói da decisão:
– O Rafa dispensa comentários, merecidíssimo, não só enaltecer o tamanho da importância dele, mas também o Jandrei e os meninos que ajudam no dia a dia, isso eleva o nível dele. Um ajuda o outro a elevar o nível. Mérito é dele, do Rafinha, do Arboleda, é do São Paulo, mas só enfatizando que essa competitividade interna ajuda. Ele se sente em casa aqui, viveu muito aqui, assim como Alisson, que conhece o Mineirão. Tem um sabor especial ser campeão aqui.
Sobre James
– De ele ser relacionado, foi uma decisão minha. Mas a gente toma as decisões em conjunto. A carreira dele fala por si só. Não teve nada para nós ele não estar aqui. Talvez seja melhor ele ter ficado em São Paulo. Tudo perfeitamente normal. Ee foi relacionado, mas depois entendemos que seria mais proveitoso ficar em São Paulo.
Semana pessoal:
– Semana fantástica, incrível, única. Um tabu que incomodava, por mais que às vezes a gente tirava o peso, porque o classico já tem esse peso, mas essa quebra do tabu, invencibilidade no Paulista, a liderança do grupo, e eu tinha certeza da importância do tamanho desta semana. Poderíamos estar aqui falando de uma perda de título, sabemos com funciona, esse meio valoriza muito o resultado. Para início de projeto, existe o projeto, mas também o resultado. Foi importante, aumenta a expectativa de todos, a responsabilidade. Vamos ter dificuldades nas competições, na temporada. Vamos nos fortalecer enquanto grupo. A gente se sentiu em casa no Mineirão e nos fizeram fortes.
– Eu vinha sonhando com esse momento deste terça. A gente sabia como seria difícil, confesso que já no vestiário não consegui pensar muito no pós, era entender se tudo ia funcionar como planejamos e treinamos, não ser surpreendido, dar o máximo de informações, o foco fica na partida e você não tem noção das grandezas dos fatos.
O que esperar do Carpini?
– Está caindo a ficha, a gente vai assimilando. Não é esperar do Thiago Carpini, é do São Paulo. Mas como foi direcionada a mim, mesmo empenho, mesma alegria todos os dias, me sentir muito feliz no São Paulo, esperar erros e acertos, às vezes até amis erros que nos fazem melhor, ouvir as pessoas. Esperar um cara que quer melhorar, aprender, sou muito competitivo na semana, no dia a dia, encontrei um grupo com essa mesma chama, isso facilitou. Agora é comemorar, voltamos o foco no Paulistão, quarta temos Agua Santa pela frente, temos nossos objetivos.
Globo Esporte