Entrevista coletiva depois do jogo contra o Cobresal, no Morumbis, teve o treinador na defensiva, com números à mão e discurso firme diante dos muitos desfalques no elenco
Depois de 16 jogos em três meses no comando do São Paulo, Thiago Carpini teve na noite de quarta-feira, no Morumbis, uma mudança de postura em sua entrevista coletiva, concedida depois da vitória por 2 a 0 contra o Cobresal, a primeira da equipe tricolor nesta edição da Conmebol Libertadores.
Vítima de uma enorme fritura interna e externa no São Paulo, sendo questionado por boa parte dos torcedores e da imprensa, o técnico que completa 40 anos em julho levou “uma colinha” com os números do jogo para defender a atuação da equipe e uma lista com todos os atletas lesionados. O ato lembrou os tempos de Rogério Ceni como treinador no Morumbis.
– Tivemos de nos adaptar pela lesão do Ferreira ontem. As pessoas não fazem muita força (para entender), você nunca vai ter jogadas combinadas, nunca vai ter o seu melhor se você não repetir. Eu acredito em futebol de repetição, em continuidade de ideias – defendeu-se.
– O meu sonho é ter todos os atletas à disposição um dia. Que a gente possa colocar as ideias, as variações e entregar o que for melhor para o torcedor. Aquilo que o torcedor espera de nós. O torcedor merece muito – disse ele, descontente com o excesso de problemas em seu grupo.
A lista de Carpini contava com Ferreira e Lucas com lesões musculares; Wellington Rato e Rafinha com fraturas ou torções; Luiz Gustavo com lesão no tendão; além de Moreira, Patryck, Rodriguinho, Young, Iba Ly e Negrucci, todos indisponíveis pelos mais diversos problemas.
A repetição dos problemas tem ganhado atenção interna. O técnico fez questão de se eximir de culpa e lembrou que toda a estrutura de trabalho se manteve no CT da Barra Funda, repetindo problemas de lesões que já aconteciam nos últimos anos.
– De maneira nenhuma (estiquei a corda), porque daqui a pouco vão dizer que o trabalho que faz as lesões. Os problemas já vêm há quatro anos. É recorrente. Precisamos resolver internamente. Tivemos reuniões internas, ontem, antes de ontem, teremos outra amanhã. Precisamos resolver isso porque a responsabilidade cai nos atletas e em mim. Precisamos dividir com todos os departamentos do clube. Se eu pegar todos esses dados, porém, muitos não foram lesões musculares – apontou.
– Não é o trabalho (que causa lesões), não é a carga de trabalho, porque o fisiologista é o mesmo, os preparadores são os mesmos. Eu quero um time de mais intensidade, mais incisivo. Talvez mudanças de comportamento alterem algumas situações.
Carpini disse entender parte das críticas, respeitar quem não gosta do seu trabalho, mas cravou que seguirá à frente do São Paulo para tentar obter mais conquistas, como a da Supercopa.
– Não cheguei aqui de graça. Vamos continuar, sei meu trabalho e o respaldo que tenho.
Um novo capítulo da era Carpini começa no sábado, às 21h (de Brasília), contra o Fortaleza, pela estreia no Campeonato Brasileiro, novamente no Morumbis.
Globo Esporte