Presidente do Nacional se emociona em velório de Izquierdo e elogia atitude ‘incrível’ de dupla do São Paulo

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Em entrevista nesta quinta-feira (29) à rádio Sport 890, o presidente do Nacional-URU, Alejandro Balbi, falou dos momentos que viveu ao lado da família do zagueiro Juan Izquierdo no Brasil, valorizou os muitos gestos de solidariedade que recebeu e pediu à torcida que tenha “paciência” com o elenco no restante da temporada.

“As horas pareciam eternas enquanto a gente esperava um milagre que infelizmente não aconteceu. Enquanto a gente esperava, conversei muito (com a família de Izquierdo) e falamos sobre muitos assuntos. Foram dias duríssimos porque não há uma cartilha de como agir nesses casos… Quando você se lança nessa aventura de ser dirigente de futebol, e a mesma coisa acontece com treinadores e jogadores, você não está preparado para esse tipo de coisa”, admitiu Balbi.

“Você está preparado para encarar as leis naturais da vida, que dizem que os filhos enterram os pais, e não para o contrário… Infelizmente, houve nesse caso essa exceção à lei da vida. Por mais que eu possa transmitir a dor, pois estou destruído por dentro, não posso sequer me aproximar do que estão sentindo os pais de Juan e sua esposa. Não há maneira de não sofrer por eles”, seguiu.

“Quanto mais você passa tempo com alguém, mais conhece a história, os relatos e o esforço da família. Seus pais me contaram de quando levavam o Juan na escolinha de futebol de moto para vê-lo jogar. E o único dinheiro que o Juan pedia a eles era para comprar chuteiras para jogar futebol”, recordou.

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Perguntado sobre como estava o estado anímico do plantel para retormar as atividades visando o Campeonato Uruguaio, Balbi foi sincero.

“É muito difícil… Não temos vontade nenhuma de falar sobre a data de retorno (da liga local) ou quando voltaremos a jogar. É tudo muito difícil. É impossível colocar na cabeça que vai ter um treino quando aconteceu tudo o que aconteceu. E a maneira de processar as coisas não é coletiva… Há jogadores que serão afetados de uma maneira, enquanto outros serão afetados de forma diferente”, lamentou.

“Os jogadores estão destruídos, porque sabem que está faltando alguém. Agora, temos que encarar essa situação e sabemos que será necessário um grande trabalho psicológico. Serão semanas duríssimas, então, peço às pessoas que tenham compreensão. Sei que neste clube sempre temos que ganhar e ser campeões, mas, por trás dos jogadores de futebol, há sempre famílias e ausências dolorosas. Quando os jogadores sentarem para comer no CT e verem que há uma cadeira vazia, vão pensar que o Juan deveria estar ali… E isso será muito duro”, completou.

Balbi terminou agradecendo as muitas mostras de solidariedade e mensagens que recebeu, elogiando especialmente o atacante Calleri e o lateral Rafinha, ambos do São Paulo, pela “atitude incrível” que tiveram.

“Fiquei muito feliz ontem de ver em nossa sede muitos torcedores com camisas do Peñarol [principal rival do Nacional] e de outros clubes… Essa é a melhor resposta que podemos dar neste momento e mostra como nós, como uruguaios, prezamos por nossos valores”, emocionou-se.

“O que o plantel do São Paulo também fez por nós foi incrível, nos ajudaram de todas as formas. Escutar o Calleri e o Rafinha ligando para o diretor da agência de viagens do clube pedindo um avião para virem ao velório diz muito sobre como eles também foram afetados pelo que aconteceu”, finalizou.

O que aconteceu com Izquierdo

Izquierdo passou mal após sofrer uma arritmia cardíaca e cambaleou antes de cair desacordado, sozinho, no centro do gramado na reta final do jogo entre Nacional e São Paulo pelas oitavas de final da CONMEBOL Libertadores, na última quinta (22), no Morumbis.

A ambulância entrou em campo e imediatamente levou o jogador para o Hospital Albert Einstein.

Posteriormente, o hospital informou que o zagueiro teve uma parada cardíaca na ambulância, sendo reanimado com uso de desfibrilador.

No mesmo dia em que o defensor foi internado, Alejandro Balbi, presidente do Nacional, negou que o jogador tivesse histórico de doenças cardíacas.

”Foi o que o Einstein nos perguntou quando chegamos com ele. Os exames do atleta sempre foram normais e ele nunca havia tido nenhum episódio cardíaco ou qualquer outro episódio”, afirmou.

O anúncio da morte de Izquierdo foi feito na noite da última terça-feira (27) pelo Hospital Albert Eintein, em São Paulo.

Leia o comunicado:

O Hospital Israelita Albert Einstein informa, com pesar, o falecimento do Sr. Juan Manuel Izquierdo, ocorrido nesta terça-feira, 27 de agosto de 2024, às 21h38, em decorrência de morte encefálica após uma parada cardiorrespiratória associada à arritmia cardíaca.

Vida e carreira de Juan Izquierdo

Nascido em Montevidéu, Izquierdo começou sua carreira jogando pelo pequeno Cerro, da capital uruguaia, em 2018.

Nos anos seguintes, passou por Peñarol, Montevideo Wanderers e Atlético San Luis antes de chegar ao Nacional, em 2022, para sua primeira passagem pelo clube.

Em sua 1ª temporada pelo Bolso, o zagueiro ajudou o gigante a conquistar o Campeonato Uruguaio, naquele que foi também seu 1º título como atleta profissional.

Na temporada seguinte, Izquierdo foi para o Liverpool, também do Uruguai, e teve passagem de enorme destaque, ganhando o Uruguaio e a Supercopa do Uruguai.

Com isso, ele despertou novamente a atenção do Nacional, que voltou a contratá-lo em 2024, com o jogador sendo titular absoluto da defesa.

Nesta temporada, ele registrou 24 partidas e marcou um gol pelo time.

Fonte: ESPN