Presidente do São Paulo, Julio Casares abriu o jogo sobre a implementação do fair play no futebol brasileiro.
Em entrevista exclusiva à ESPN, o mandatário tricolor deu detalhes sobre a reunião realizada na última segunda-feira (2), na sede da CBF, para que medidas, ainda embrionárias sobre o tema, sejam tomadas a longo prazo. Casares criticou clubes que investem mais do que faturam.
”Na questão do fair play a nossa preocupação, e aqui não há nenhuma colocação ao clube SAF ou não, é que você tenha uma regulação da atividade, onde um clube que fatura X não pode ter investimento na contratação de um jogador que seja acima do seu faturamento. Nós temos que pensar no mercado. Que fatura mais porque foi muito competente ou porque tem uma torcida maior, pode dentro de um percentual, estabelecer um teto de investimento”, disse.
Sem citar nomes, Casares criticou as transações envolvendo jogadores de clubes que pertencem a um mesmo dono e as chamou de ‘ciranda de atletas’. Casos como esse aconteceram recentemente, quando Botafogo e Lyon, ambos pertencentes à Eagle Football Holding, empresa de John Textor, negociaram o retorno do zagueiro Adryelson, além de outros nomes, para o elenco alvinegro.
”Outra coisa que nos preocupa são grupos que representam um clube no Brasil e são donos de outros clubes no mundo, onde fazem uma ciranda de atletas. Coloca atleta ali, depois vende o atleta para o próprio grupo. Eu não sei qual foi o tipo de valor, se foi de mercado ou coorporativo, e eu sou sócio talvez de alguns atletas que já tiveram vendas internacionais de grupo para grupo. Eu questiono: ‘Os meus 15% foram de mercado ou foram questões de transações coorporativas?’ Chegou a hora da CBF abrir esse espaço!”, começou por afirmar.
”Pela primeira vez eu vejo um entendimento desses grandes clubes para tocarem em situações difíceis que são arbitragem, calendário e fair play financeiro. E o fair play financeiro não é choro de quem fatura menos. Hoje você vê o Botafogo liderando…O Flamengo, por exemplo, o que ele vai fazer dentro do orçamento dele, é problema do clube. Agora, você ter um faturamento que tem o teto X e investir em futebol acima desse teto, há um desequilíbrio esportivo. Isso é muito claro”, seguiu.
”É claro que um clube que fatura um bilhão vai poder investir mais do que aquilo que fatura 500 milhões. Isso é da natureza do mercado, mas temos que ter regras. Se não, os clubes vão se tornar uma SAF, cada um decidindo da sua forma, porque não há salvação. Eu não sou contrário a SAF, isso pode ser discutido um dia, mas o que vai valer mais: uma SAF com investidor que pega um clube organizado ou investidor com o pires na mão, como vimos no Brasil em três ou quatro situações, totalmente arrebentado. E esses clubes não conseguem mais se recuperar. E eles podem vir com um dono sério ou com aventureiro. É isso que o futebol como patrimônio do povo tem que ser protegido”, finalizou.
ESPN