De manipulação e fair play financeiro a até ‘ciranda’ de atletas: as polêmicas entre Textor e Casares

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Botafogo e São Paulo se enfrentam nesta quarta-feira (18), às 21h30 (de Brasília), pela partida de ida das quartas de final da CONMEBOL Libertadores, no Nilton Santos, com transmissão do Disney+. Dono do clube carioca, John Textor esteve na mira algumas vezes do presidente tricolor, Julio Casares.

De críticas ao investimento feito pelo empresário norte-americano no Botafogo, além de provocações durante a CPI de Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas, Casares não poupou críticas a Textor. E o ESPN.com.br relembra algumas que esquentam o duelo na Libertadores.

No dia 22 de maio deste ano, Julio Casares aproveitou o depoimento na CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas para ‘cutucar’ John Textor, que disse ter evidências de possíveis manipulações no futebol brasileiro, e o Botafogo. O mandatário são-paulino falou na condição de convidado.

Casares questionou os apontamentos de Textor, baseados em relatórios de inteligência artificial. Um dos jogos citados pelo mandatário norte-americano como manipulado foi o clássico entre Palmeiras e São Paulo, com derrota do Tricolor por 5 a 0, no ano passado.

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“Achei e acho ainda uma esperança importante para o futebol brasileiro um investidor do tamanho dele, mas eu não sei se esse mesmo estudo dessa plataforma foi feito quando ele tomou uma virada histórica do Palmeiras”, ‘cutucou’ Casares.

Mas cutucadas vieram no dia 9 de setembro. Em entrevista exclusiva à ESPN, sem citar o nome do Botafogo, Casares alertou para o fair play financeiro. Segundo ele, é errado times que investem mais do que faturam em um ano.

”Na questão do fair play, a nossa preocupação, e aqui não há nenhuma colocação ao clube SAF ou não, é que você tenha uma regulação da atividade, onde um clube que fatura X não pode ter investimento na contratação de um jogador que seja acima do seu faturamento. Nós temos que pensar no mercado. Que fatura mais porque foi muito competente ou porque tem uma torcida maior, pode dentro de um percentual, estabelecer um teto de investimento”, disse.

Novamente sem citar nomes, Casares criticou as transações envolvendo jogadores de clubes que pertencem a um mesmo dono e as chamou de ‘ciranda de atletas’. Casos como esse aconteceram recentemente, quando Botafogo e Lyon, ambos pertencentes à Eagle Football Holding, empresa de John Textor, negociaram o retorno do zagueiro Adryelson, além de outros nomes, para o elenco alvinegro.

”Outra coisa que nos preocupa são grupos que representam um clube no Brasil e são donos de outros clubes no mundo, onde fazem uma ciranda de atletas. Coloca atleta ali, depois vende o atleta para o próprio grupo. Eu não sei qual foi o tipo de valor, se foi de mercado ou coorporativo, e eu sou sócio talvez de alguns atletas que já tiveram vendas internacionais de grupo para grupo. Eu questiono: ‘Os meus 15% foram de mercado ou foram questões de transações coorporativas?’ Chegou a hora da CBF abrir esse espaço!”, começou por afirmar.

”Pela primeira vez eu vejo um entendimento desses grandes clubes para tocarem em situações difíceis que são arbitragem, calendário e fair play financeiro. E o fair play financeiro não é choro de quem fatura menos. Hoje você vê o Botafogo liderando…O Flamengo, por exemplo, o que ele vai fazer dentro do orçamento dele, é problema do clube. Agora, você ter um faturamento que tem o teto X e investir em futebol acima desse teto, há um desequilíbrio esportivo. Isso é muito claro”, seguiu.

”É claro que um clube que fatura um bilhão vai poder investir mais do que aquilo que fatura 500 milhões. Isso é da natureza do mercado, mas temos que ter regras. Se não, os clubes vão se tornar uma SAF, cada um decidindo da sua forma, porque não há salvação. Eu não sou contrário a SAF, isso pode ser discutido um dia, mas o que vai valer mais: uma SAF com investidor que pega um clube organizado ou investidor com o pires na mão, como vimos no Brasil em três ou quatro situações, totalmente arrebentado. E esses clubes não conseguem mais se recuperar. E eles podem vir com um dono sério ou com aventureiro. É isso que o futebol como patrimônio do povo tem que ser protegido”, finalizou.

A última delas veio no dia 11 de setembro. O mandatário tricolor disse estar incomodado com as transferências de atletas do Glorioso rumo à equipe francesa com valores baixos. O exemplo citado por Casares foi o movimento de Lucas Perri. Formado no São Paulo, o goleiro custou pouco mais de R$ 17 milhões aos cofres dos Lyon, outro clube que John Textor é dono.

Segundo o presidente, o goleiro deveria ter sido negociado por um valor mais elevado devido à trajetória de sua carreira.

“Não quero fazer acusações, não trabalho assim. Mas um jogador convocado para a seleção brasileira vale muito menos que o valor de mercado? Isso suscita dúvidas. Precisamos de uma investigação, que pode ser da Fifa ou de autoridades superiores, para cada negociação. Não estou fazendo juízo de valor, sou cauteloso, mas queremos que o futebol brasileiro consiga agora estabelecer uma melhor avaliação dos pontos de cada clube”, finalizou.

Agora, Botafogo e São Paulo duelam pela partida de ida das quartas de final. Quem avançar, enfrenta o classificado de Flamengo e Peñarol.

ESPN