A família do goleiro Jian Kayo, encontrado sem vida em sua casa em fevereiro do ano passado, em Itu, briga até hoje por indenização pela morte do atleta. E tenta responsabilizar o São Paulo, clube que o jogador defendeu na base. Quando se suicidou, o menino defendia o Ituano.
Segundo apurou a coluna, a mãe de Jian, Marcia Soares, entrou na Justiça contra o clube tricolor cobrando R$ 500 mil por danos morais pela morte do goleiro e mais pagamento de tratamento psicológico para superar o trauma pela morte do atleta.
O processo corre em segredo de Justiça. Por essa razão, o clube não vai comentar. A defesa de Jian, feita pela advogada Andréia Lima Hernandes, também não vai se manifestar por causa do sigilo imposto pelo Judiciário.
Segundo apurou a coluna, a alegação da família é que o filho morou parte da vida no Centro de Treinamento do São Paulo, tendo lá sofrido todo tipo de maus-tratos, pois seria vítima de bullying. Segundo consta na ação, o goleiro deixou uma carta manuscrita dizendo que tais fatos ocasionaram seu suicídio.
O menor viveu por 7 anos no clube, onde alegava ter sofrido bullying por parte de diretores, por causa de seu cabelo. Por isso, não deixavam ele jogar, e apenas depois de cortá-lo que pôde ser chamado novamente aos jogos, segundo consta nos autos. Isso estaria em sua carta deixada antes do suicídio.
A família de Jian defende que não existia atendimento psicológico aos atletas de base no clube e que o goleiro sofreu toda essa pressão sem o acompanhamento médico devido, quando começou a enfrentar a depressão. Anos atrás, ele já dizia que iria tirar a própria vida, quando morava nos alojamentos do CT de Cotia.
Jian deixou o São Paulo em janeiro de 2021, tendo sido comunicado da dispensa no fim do ano anterior. A mãe entrou com a ação em fevereiro deste ano alegando que os danos causados ao filho no período que defendeu a base do São Paulo foram a causa da morte.
Em sua defesa no processo, o São Paulo alega que não existe relação direta entre a passagem de Jian pela base do clube e sua morte. O clube ainda diz que o atleta era um menino muito pobre, com péssima estrutura familiar, com parentes que sofriam de diversos problemas graves de comportamento.
A defesa de Jian rebate que a mãe criou dois filhos saudáveis e acreditava que Jian estava em um lugar seguro, enquanto sofria uma forte pressão psicológica dentro do São Paulo.
De acordo com o que apurou a coluna, o São Paulo entende que o processo é oportunista, e que a família de Jian deve ter sido convencida por pessoas próximas a tentar ganhar dinheiro com a situação.
Procure ajuda
Caso você tenha pensamentos suicidas, procure ajuda especializada como o CVV e os Caps (Centros de Atenção Psicossocial) da sua cidade. O CVV funciona 24 horas por dia (inclusive aos feriados) pelo telefone 188, e também atende por e-mail, chat e pessoalmente. São mais de 120 postos de atendimento em todo o Brasil.
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