Contrato, relação e desempenho: entenda a situação de Luis Zubeldía no São Paulo

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Treinador tem vínculo com o clube até dezembro de 2025, mas, em entrevistas recentes, presidente Julio Casares não garantiu sua permanência

O técnico Luis Zubeldía tem contrato com o São Paulo até o fim de 2025, está na briga por uma vaga no G-4 do Campeonato Brasileiro e conta com o carinho dos torcedores, mas ainda não tem futuro garantido no clube no ano que vem. Mas por quê?

No início desta semana, o presidente Julio Casares falou, em entrevista à TNT, sobre a situação de Zubeldía. O dirigente não garantiu a permanência dele no ano que vem, apesar de elogiar seu trabalho.

– Eu não gosto de pensar muito à frente, às vezes vem uma seleção, faz um convite e ele vai embora. Eu disse a ele que seu trabalho, por enquanto, está sendo muito bom, e fizemos planejamento para os nove jogos, foi antes do jogo contra o Cuiabá. Embora o futebol seja dinâmico, vamos trabalhar semana a semana, jogo a jogo. Caímos da Copa do Brasil e da Libertadores, são coisas do futebol, agora temos uma Copa para terminar o ano bem. Vejo ele trabalhando e confio muito no trabalho dele – disse Casares.

Desde abril, Zubeldía e sua comissão já comandaram o clube em 41 partidas, com o técnico no banco em 35 e seus auxiliares em outras cinco, nos jogos em que ele cumpriu suspensão. Com 22 vitórias, dez empates e nove derrotas, a comissão apresenta aproveitamento de 61,7%.

Ele foi eliminado na Copa do Brasil e na Conmebol Libertadores, nas quartas de final das duas competições, e está em quinto lugar no Campeonato Brasileiro – pontuação melhor em relação a 2023.

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O desempenho está dentro do que foi planejado pelo São Paulo para esta temporada, desde que garanta, pelo menos no G-6, a classificação para a Libertadores. A avaliação é de que o Tricolor faz um bom 2024 sob o comando de Zubeldía. Mesmo assim, algumas decisões são contestadas.

Há um entendimento interno de que o treinador não teve seus melhores desempenhos na eliminação do São Paulo para o Atlético-MG, na Copa do Brasil. Ele não estava no banco na derrota por 1 a 0 no Morumbis, mas a demora da comissão técnica para fazer substituições incomodou os dirigentes.

Maxi Cuberas, auxiliar de Zubeldia que estava à beira do campo contra o Atlético-MG, fez apenas uma substituição na partida, depois dos 40 minutos do segundo tempo: colocou Rodrigo Nestor na vaga de Wellington Rato. A atuação da comissão técnica nesta partida incomodou o São Paulo.

Em contrapartida, o comportamento na eliminação para o Botafogo, nas quartas de final da Libertadores, não gerou desgaste. No jogo de volta, precisando vencer, Zubeldía lançou o garoto William Gomes ao time titular. Ao notar que sua estratégia não havia dado certo, mudou a rota e tirou o jovem ainda na primeira etapa. A postura enérgica do técnico ao corrigir uma ideia que não tinha dado certo foi ao encontro do que se esperava dele no São Paulo.

Já um momento de desencontro entre direção tricolor e Zubeldía foi mais no início do Brasileiro, quando o time ficou quatro partidas sem vitórias: empatou com Corinthians e Internacional e perdeu para Cuiabá e Vasco. Preocupado com a Copa do Brasil e a Libertadores, que voltariam a ser disputadas depois das Olimpíadas, Zubeldía decidiu preservar jogadores nas duas derrotas seguidas.

A opção desagradou aos dirigentes, que conversaram com o treinador e alertaram para a necessidade de pontuar, também, no Campeonato Brasileiro, independentemente das copas. O argentino voltou atrás e passou a escalar força máxima.

Desde então, o São Paulo reagiu no Brasileirão e se aproximou novamente da parte de cima da tabela, mas foi eliminado na Copa do Brasil e na Libertadores.

O mercado

O que também faz o São Paulo não ter certeza sobre a próxima temporada com Zubeldía é a atenção que o treinador costuma receber do mercado de transferências. Desde sua chegada ao Tricolor, ele já foi procurado pelo Boca Juniors e pela seleção do Equador, mas decidiu permanecer no clube.

O São Paulo acredita que pode haver assédio de outras equipes, novamente, ao fim da atual temporada. E, sem condições financeiras de fazer grandes promessas a Zubeldía, pode perdê-lo.

Relações

Nas redes sociais, torcedores temem pela relação entre a direção do São Paulo e o técnico Luis Zubeldía, principalmente pela falta de apoio público depois das eliminações nas duas copas e ausência de garantia de permanência em 2025.

No dia a dia, dirigentes do São Paulo acompanham, de perto, os treinamentos no CT da Barra Funda. Há conversas frequentes – Carlos Belmonte, diretor de futebol tricolor, inclusive, costuma ser fotografado ao lado do argentino. O treinador falou sobre isso depois da vitória por 3 a 0 sobre o Vasco:

– Os dirigentes sempre vão aos treinos, estão todos os dias, veem os treinamentos, e mantêm uma distância normal, boa, comigo, com os jogadores. Não precisam falar sempre, eu gosto a distância. Eu gosto de processar o momento do time. Eu não posso mexer em outras situações. Estou focado no que posso fazer, nada mais.

– O São Paulo faz todo o esforço possível para que o nosso torcedor tenha um espetáculo em campo, onde sempre me trataram muito bem. Tenho um feeling muito bom com eles, porque os jogadores se entregam ao máximo. No ano passado foram muito bem. E esse é um bom ano. estamos fechando bem para entregar esse prêmio de um bom ano para o torcedor. A relação de todos é boa – disse Zubeldía.

Fonte: Globo Esporte