Córrego Antonico: como estão as obras contra enchentes que permitirão a reforma do Morumbis

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Prefeitura de São Paulo estima que 87 mil pessoas são atingidas por alagamentos na região atualmente; clube pretende modernizar e ampliar o estádio até 2030

Um dos grandes sonhos do torcedor tricolor, atualmente, é a remodelação do Morumbis. Em um projeto que está sendo desenhado pela WTorre, o estádio do São Paulo passaria a ter capacidade para 85 mil pessoas, anfiteatro, um grande estacionamento e ares de nova casa. Mas, para tudo isso sair do papel, as obras do córrego Antonico também precisam avançar.

O Antonico é um córrego que atravessa a favela de Paraisópolis e passa por baixo do Morumbis. As intervenções fazem parte do projeto de revitalização do curso d’água, que há mais de duas décadas causa transtornos aos moradores da comunidade e de seu entorno em períodos chuvosos. A prefeitura e o estado de São Paulo são os responsáveis pelas obras, que estão saindo do papel.

O ge visitou, recentemente, a construção de uma das duas grandes piscinas que vão servir como reservatórios de água para que as chuvas não cheguem de uma vez só aos locais mais baixos do bairro do Morumbi. Uma delas ficará na Praça Alfredo Gomes, “atrás” do estádio. A outra, que nós visitamos, ficará ao lado da Praça Roberto Gomes Pedrosa, em frente ao portão principal do Morumbis.

Neste momento, as obras deste piscinão estão em fase de execução da construção das paredes de diafragma, que vão dar forma ao reservatório (uma verdadeira piscina gigantesca, mas coberta). Esse piscinão em frente ao estádio do São Paulo será capaz de receber 133,5 milhões de litros de água — cerca de 53 piscinas olímpicas. Ele é o maior dos dois.

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Na prática, o efeito das obras para o São Paulo será simples. Um piscinão capaz de armazenar 44 milhões de litros de água vai segurar a chuva que vem pelo Antonico antes do Morumbis, desde Paraisópolis. Lentamente, essa água será desviada do córrego que, hoje, passa por baixo do gramado do estádio para um canal que está sendo construído abaixo da Avenida Jules Rimet. Isso vai, principalmente, evitar alagamentos na região.

– Temos uma questão da canalização que passa por dentro do clube, por baixo do gramado, que não dá conta quando chove muito. O que está sendo feito é um reservatório na parte de cima do São Paulo, que vai segurar um pouco de água, mas não só isso, também vai promover o desvio do córrego por fora do estádio. Essa canalização antiga vai permanecer ativa, porque tem uma função importante de receber algumas águas, mas nas chuvas toda a água excedente vai ser transferida para essa tubulação por fora, que vai ligar os dois reservatórios – explicou o secretário de Infraestrutura Urbana e Obras, Marcos Monteiro.

O canal que desviará o Antonico no futuro – sem a necessidade de interrupção do tráfego na Jules Rimet – será construído num processo parecido com o que acontece para a abertura dos caminhos de metrô.

– É um método que chamamos de tunnel liner. Ele é não destrutível. Por isso, lá em cima temos um grande fosso, que é por onde vai entrar essa máquina, como feito no metrô. É um túnel que vai escavando por baixo da avenida. Não será uma vala aberta que vai parando o trânsito. Aqui, vai ter uma casa que vai transferir toda a água para dentro do reservatório – disse Marcos Monteiro.

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Nesta fase da obra, maquinários gigantescos fazem o trabalho de construir paredes para o maior reservatório, que vai receber as águas das chuvas depois do Morumbis. A previsão é que tudo esteja pronto em 2026. O desvio do Antonico vai custar, aos cofres da cidade, R$ 289,7 milhões.

Quando estiver pronto, o piscinão será coberto e poderá ser utilizado pela população – pode virar uma praça, por exemplo, ao lado do estádio do São Paulo. Ainda não há definição do que será feito com a “laje” do reservatório.

– Fora a questão do alagamento, que toda a população e os torcedores não vão ter, aqui na praça licitamos um reservatório e o uso sobre a laje do reservatório. Estamos iniciando um projeto e conversando com a população, com a polícia militar, para que possamos devolver para a população um espaço para ser usado como área de lazer ou outro serviço público a partir de agora – explicou o Secretário.

Aliado à população na briga pelo fim das enchentes que afetam, também, o clube, o São Paulo passou a ter ainda mais interesse nas obras do Antonico por causa do projeto de reforma de seu estádio.

As ideias da WTorre, em parceria com o clube, ainda estão sendo colocadas no papel. O São Paulo acredita que a empreiteira vai entregar o projeto até novembro. Em entrevista recente ao ge, Eduardo Toni, diretor de marketing tricolor, explicou que ainda não há uma previsão do custo da obra e que o clube e a construtora discutem o modelo de negócio e o prazo da parceria que manterão depois de entregue a modernização.

O que já está definido é que o novo Morumbis terá gramado natural. Foi discutida a possibilidade de o estádio ter grama sintética, mas o São Paulo e a WTorre decidiram manter como é hoje.

– Como todas as pessoas do entorno do Morumbis, o São Paulo também tinha uma expectativa muito grande, já vinha demandando da gestão pública essa obra, é um dos interessados. A conversa sempre foi muito boa, sempre de apoio a essa obra, sempre com a comunidade aqui do entorno. Tivemos uma conversa muito boa – completou o Secretário.

As obras do novo Morumbis só podem sair do papel depois da canalização do Antonico por que o gramado precisará ser rebaixado, o que afetaria o córrego atualmente.

Fonte: Globo Esporte