‘Fui resiliente’: ex-São Paulo superou críticas e ganhou confiança de Ceni

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Diego Costa se considera um cara discreto, foge de polêmicas, mas em campo garante: a história era diferente. O ex-zagueiro do São Paulo, que hoje vive um momento de consolidação no futebol europeu vestindo a camisa do Krasnodar, da Rússia, relembrou a passagem pelo tricolor paulista e a resiliência para superar momentos difíceis.

Sempre fui um cara muito discreto, ainda mais fora do campo, sempre estou com a minha família e nunca fui muito de falar em rede social ou de me retratar, mas dentro de campo eu sempre fui ao contrário, sempre falei muito, briguei, lutei, ainda mais se tratando do São Paulo. Sou um cara mais tranquilo e reservado, mas dentro de campo era outra história

Diego Costa, ao UOL

O defensor de 25 anos é cria de Cotia, passou boa parte da sua juventude e vida adulta no São Paulo. Diego acredita que, por se tratar do clube do seu coração e da pressão desde a base, isso o ajudou a criar maturidade rápido e lidar com a pressão desde pequeno.

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Diego Costa viveu altos e baixos com a camisa tricolor. Foi dos elogios a alvo de críticas por parte da torcida, mas nada disso o abalou. Deixou o clube em julho, pela porta da frente, e apenas guarda boas lembranças.

“A gente sabe que se tratando de São Paulo, ainda mais para um moleque que vem da base do clube, cheguei a ganhar, a perder, então são momentos normais e a pressão ela vem, assim como os aplausos no momento certo também. Temos que saber lidar com os dois. Fui resiliente, eu sabia muito bem lidar com aquela atmosfera, cresci ali dentro, lembro que quando cheguei ao São Paulo a gente precisava muito ganhar e conseguimos trazer esse Paulista e depois a inédita Copa do Brasil e a Supercopa. Guardo muitas boas lembranças, fui feliz lá e são momentos que vou guardar para o resto da vida.”

Diego tinha apenas 23 anos em 2022 quando recebeu a braçadeira de capitão da equipe de Rogério Ceni. O defensor conquistou o técnico no dia a dia, que viu no “Made in Cotia” um perfil de líder. O zagueiro, por sua vez, não esconde a admiração por ter sido treinado por seu ídolo no futebol.

“Eu lembro que quando o Rogério chegou, eu comecei a jogar nas primeiras partidas. Fui conquistando no dia a dia, com trabalho, seriedade, humildade, e a gente tinha uma relação muito boa porque ele sabia que podia confiar porque eu estava ali todos os dias dando o meu melhor. Acho que tudo que você faz com carinho e dedicação real as coisas acontecem. Fico triste de não ter ganhado um título com ele, era meu sonho, mas é um dos maiores ídolos que eu tenho, como pessoa, técnico e jogador, é um cara extremamente incrível e foi uma honra ter trabalhado com ele.”

Confira outros trechos da entrevista do UOL com Diego Costa, zagueiro do Krasnodar

‘Gosto especial’ contra o Corinthians: “Talvez seja o maior clássico que temos hoje no clube, claro que também temos outros grandes adversários se tratando do São Paulo. Claro que eu entrava mais motivado, a vontade de vencer era dobrada, fui feliz por atuar sempre com vitória, nunca perdi um clássico, graças a Deus, e são boas lembranças que eu tenho”.Continua após a publicidade

Ligado no São Paulo: “Eu sou são-paulino, né? Desde moleque, então eu sempre acompanho. Falei com o Lucas esses dias, tenho muito contato com todos os meninos lá, fora o pessoal que trabalha no clube, que são meus amigos. Infelizmente, não conseguimos seguir na Libertadores, mas estou sempre na torcida pela rapaziada, e se Deus quiser vão pegar uma vaguinha na próxima Libertadores”.

De pedreiro em Campo Grande-SP a jogador profissional: “Eu agradeço muito a Deus por ter chegado onde cheguei hoje, por ter passado pelo São Paulo e hoje estar em um clube de expressão na Rússia. A gente sabe que não é fácil esse começo, tentando ser jogador de futebol, encontra muita dificuldade, para mim não foi diferente, mas graças a Deus consegui atingir meus objetivos no Brasil e hoje estou buscando meu espaço aqui fora”.

Início no futebol russo e ambições: “Eu cheguei faz pouco tempo, mas o clube me deu todo o suporte desde o início, em todos os aspectos, então está sendo um começo bem mais tranquilo do que imaginei. A equipe está muito bem no campeonato, estamos conseguindo manter bons jogos, boas vitórias e agora contra as principais equipes estamos conseguindo ganhar sem levar gols, o que é importante também. Vejo esse começo bem promissor e espero continuar assim, sabemos que é um campeonato que vai acabar apenas no meio do outro ano e esperamos beliscar esse primeiro título do Krasnodar”.

Conflito entre Rússia e Ucrânia e novo idioma: “Para mim está sendo bem tranquilo, a gente sabe que não tem ligação ou acesso com isso, mas aqui em Krasnodar é bem tranquilo, vive normalmente, é uma cidade muito boa e inclusive muito quente, isso facilita bastante a adaptação no começo. Está sendo muito melhor do que eu imaginei, os jogos são muito duros, os times respeitam muito a tática, e eu estou conseguindo me destacar nesse começo e espero continuar assim no decorrer do campeonato”.

“Comecei a fazer algumas aulas de russo, o básico ali, é bem difícil porque o alfabeto muda e fica bem diferente, mas no clube temos tradutor, e a maioria dos atletas fala inglês, assim como o treinador e os diretores”.

Fonte: UOL