Fora dos planos no São Paulo, Luan se vê maduro após empréstimo e não descarta defender rivais

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Volante, que tem contrato até 2026 e atuou no Vitória no ano passado, avalia opções para a temporada

Após cerca de dez anos no São Paulo, o volante Luan, 25, buscou outros ares em 2024. Fora dos planos do técnico Luis Zubeldía, ele foi emprestado ao Vitória, onde atuou nos últimos meses por empréstimo.

A passagem pelo clube baiano, que chegou a brigar para não cair, mas acabou na 11ª posição, classificado para a Sul-Americana, serviu, segundo Luan, para que ele amadurecesse.

Criado em Cotia, o volante teve um bom início no time profissional tricolor. Muito identificado com o clube, marcou um dos gols da final contra o Palmeiras que tiraram a equipe da fila ao vencer o Paulistão de 2021.

A ascensão foi interrompida por um período lesionado entre 2021 e 2022 e pela dificuldade de retomar a forma física. Luan nunca mais conseguiu recuperar espaço no São Paulo.

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– Admito que muitas coisas aconteceram de maneira bem rápida na minha vida e acabei tomando atitudes que não foram as melhores. Mas tudo o que eu passei serviu de aprendizado – afirma Luan, ao ge, em entrevista por e-mail.

Apesar de considerar a passagem pelo Vitória como boa, o volante não ficará no time baiano – o técnico Thiago Carpini afirmou à Central do Mercado, recentemente, que o clube não tinha condições financeiras de manter o atleta.

Luan também não terá oportunidades no São Paulo sob o comando de Luis Zubeldía, para onde retorna agora. O próximo passo ainda está sob análise.

Ele reafirma sua relação com o São Paulo, onde espera voltar a atuar, mas não descarta defender um rival – em outros momentos, ele chegou a ser especulado em clubes como Santos e Corinthians.

– Por toda a minha relação com o São Paulo e por tudo o que eu vivi no clube, jamais darei as costas para o São Paulo, jamais. Mas sou um cara profissional, tenho família, muitas pessoas que dependem de mim e que dependem do meu trabalho – diz.

Veja a entrevista:

Você passou 10 anos no São Paulo, entre base e profissional. Como foram esses primeiros meses fora do clube, defendendo o Vitória?

– Pois é. A minha vida inteira como jogador tinha sido no São Paulo. Cheguei ao clube quando era bem garotinho e fiquei até o começo de 2024. Foram muitos momentos bons, que sempre vou guardar no meu coração.

E aí, no primeiro semestre deste ano, saí pela primeira vez. Durante esses meses fora do São Paulo, lá no Vitória, tudo o que vivi foi bem positivo. Pude amadurecer profissionalmente e também melhorei como pessoa.

Tive a oportunidade de morar em outro estado pela primeira vez na vida e essa experiência me fez crescer como homem. Foi tudo muito bom. Em todos os sentidos.

Como avalia sua passagem pelo Vitória?

– Na minha opinião, foi boa. Cheguei ao Vitória sem fazer uma pré-temporada e estava parado há bastante tempo. Precisei de um tempo pra recuperar o ritmo, o time já estava formado e em boa fase.

Era o atual campeão da Série B e ainda conquistou o Campeonato Baiano em cima do rival. Tudo isso fez com que eu tivesse que trabalhar muito pra ganhar uma oportunidade.

Mesmo assim, mesmo sem a pré-temporada e sem poder jogar o estadual, treinei muito e conquistei a posição em um momento que o nosso time passava por dificuldades no Brasileiro. Estávamos brigando na parte de baixo da tabela.

Consegui fazer 25 jogos no Brasileiro, sendo 22 como titular. Recebi uma sequência de 11 partidas seguidas, o que não acontecia há muito tempo, e, graças ao esforço de todos, nossa equipe se recuperou bem.

Você já tem ofertas para 2025? Pode revelar alguma?

– Desde o fim do campeonato, estou avaliando com muita calma qual será o próximo passo e tenho que ter bastante cuidado pra tomar essa decisão. Recebemos algumas sondagens bem legais, mas ainda não decidi.

Mesmo nas férias, continuei trabalhando forte, mas os últimos três dias do ano reservei pra descansar um pouco com a minha família. Quando eu voltar, vou sentar com o meu estafe pra resolver.

Você pretende continuar atuando no Brasil ou entende que uma oportunidade no exterior, se tiver, seria a melhor opção?

– Eu não tenho preferência de continuar no Brasil ou ir para exterior. O que quero é atuar em um clube estruturado, com bons objetivos na temporada e onde as pessoas confiem em mim, confiem no meu futebol e acreditem que eu possa ser uma peça importante para a temporada.

A diretoria e a comissão técnica do São Paulo, por enquanto, não têm você nos planos para o ano que vem. Com dois anos de contrato, ainda acredita que pode voltar a atuar pelo clube?

– Por tudo o que vivi no São Paulo, não tem como dar as costas ao clube e não pensar em um retorno. Todo mundo sabe o carinho que tenho pelo São Paulo, pelas pessoas que eu convivi diariamente durante anos e também por toda a torcida, que sempre me tratou com muito carinho e respeito. Mas eu estou tranquilo e só quero dar sequência na minha carreira.

No São Paulo houve momentos em que sua condição física e seu comportamento foram citados como problemas. Você admite ter tido esse tipo de dificuldade? Como vê essas questões hoje, depois de quase um ano fora?

– Olha, é muito difícil eu falar sobre isso porque passei por tantas coisas no São Paulo. A maioria foi maravilhosa, mas também passei por situações complicadas. Admito que muitas coisas aconteceram de maneira bem rápida na minha vida e acabei tomando atitudes que não foram as melhores. Mas tudo o que eu passei serviu de aprendizado.

Só que eu também fui prejudicado porque sofri uma lesão bem grave e que, durante muito tempo, me impossibilitou de treinar direito, de poder fazer alguns movimentos. Só eu e algumas pessoas próximas a mim sabemos como esse período foi complicado.

Depois da cirurgia, passei um tempo na recuperação e até voltei antes do previsto pelos médicos, mas precisei de um período pra reencontrar o ritmo ideal.

Quando voltei a jogar, o time estava bem e aí eu tinha que esperar minha oportunidade de jogar. Mas assim é o futebol. E, no São Paulo, a concorrência sempre é muito forte.

Hoje, sei que o meu trabalho não termina quando saio do CT. Passo horas do dia fora do CT trabalhando e me preparando.

Em outras janelas seu nome foi especulado em clubes como Corinthians e Santos. Com a identificação que você tem com o São Paulo e a torcida, defender um rival é possível?

– É como eu falei. Por toda a minha relação com o São Paulo e por tudo o que eu vivi no clube, jamais darei as costas para o São Paulo, jamais. Mas sou um cara profissional, tenho família, muitas pessoas que dependem de mim e que dependem do meu trabalho.

Tenho que seguir minha carreira de uma maneira profissional e correta, pois tenho bastante objetivos a cumprir.

Fonte: Globo Esporte