Tricolor enfraquece a base com subidas ao time principal, mas praticamente não aproveita os garotos. Equipe consegue reação no torneio depois de aparecer em penúltimo
Os últimos meses do time sub-20 do São Paulo deixaram a desejar. Agora 17º entre os 20 times que disputam o Campeonato Brasileiro da categoria com só três vitórias, dois empates e oito derrotas (13 pontos), o Tricolor chegou a estar à frente apenas do Internacional, que tinha três jogos a menos por causa das tragédias climáticas do Rio Grande do Sul.
Para conter a crise, o São Paulo trocou, no fim de maio, o técnico da equipe sub-20. Allan Barcellos, que estava no sub-17, foi promovido, enquanto Menta desceu de categoria. A mudança demorou a surtir efeito, mas o Tricolor conquistou duas de suas três vitórias no Brasileiro nas últimas semanas, já sob o novo comando.
Apesar de valorizar mais a revelação de jogadores do que os resultados nas categorias de base, o São Paulo entende que o desempenho do sub-20 está aquém do esperado — foi penúltimo no grupo em 2023. O que o clube evita, justamente para não interferir tanto no processo de formação que começa bem antes em categorias inferiores, é empilhar mudanças.
O entendimento interno é de que o principal motivo para resultados tão ruins no sub-20 é uma dificuldade na transição entre categorias e a utilização de garotos com menos de 20 anos no elenco profissional. Muitos deles, porém, não jogam e também não são aproveitados na base.
De acordo com o site do São Paulo, a equipe comandada por Luis Zubeldía tem, neste momento, seis jogadores com até 20 anos: Rodriguinho (20), Moreira (20), Henrique (17), William Gomes (18), Negrucci (20) e Leandro (19).
O único com minutagem significativa entre os profissionais é Moreira, mas o garoto aparece como a terceira opção para a lateral direita, atrás de Rafinha e Igor Vinicius, e tem convivido com problemas físicos. Neste momento, está apto a jogar, mas não tem sido relacionado.
Vistos como grandes promessas das categorias de base, os atacantes Henrique e William Gomes também têm sido relacionados por Zubeldía, mas apenas o segundo já foi utilizado nesta temporada entre os profissionais. Jogou só 58 minutos, divididos em cinco partidas.
E na base?
Pouco utilizados no profissional, os garotos com menos de 20 anos poderiam ajudar a equipe sub-20 no Campeonato Brasileiro, na Copa do Brasil e no Campeonato Paulista da categoria, mas eles não têm descido para reforçar o time comandado por Allan Barcellos.
Isso, inclusive, tem sido uma prática no São Paulo. O ge ouviu pessoas do clube para entender por que os garotos pouco utilizados no profissional e com menos de 20 anos não costumam reforçar a equipe sub-20.
A principal razão, segundo o São Paulo, é física. Há um entendimento de que é mais proveitoso fisicamente para o futuro dos garotos ficar definitivamente no profissional.
Semanalmente, jovens das categorias de base passam pelo CT da Barra Funda para períodos de treinamentos com o profissional, mas retornam para suas equipes, diferentemente do que acontece com quem já é visto como parte do elenco de Zubeldía — ou pelo técnico que estiver no cargo.
Por causa de metodologia, cargas e controle do que é feito no dia a dia, o São Paulo evita “descer” os jovens pouco utilizados no profissional para reforçar a equipe sub-20.
Há, também, um zelo pela “justiça”. Diferentemente de quem é chamado para treinos esporádicos com os profissionais e volta para a base, os jovens que já estão inseridos na rotina do elenco principal não participam de nada do que é feito nas categorias de base: treinamentos, jogos, viagens e acompanhamento nutricional.
O São Paulo acredita que não seria justo com os garotos que participam diariamente da rotina da equipe sub-20 reforçar o elenco com os profissionais apenas para que eles ganhem minutos em campo. Como não há rebaixamento no Campeonato Brasileiro, o senso de urgência perde força.
Apesar de pouco espaço entre os profissionais, Henrique, seis vezes (cinco na Copinha e uma no Brasileiro), William, três vezes (duas na Copinha e uma no Brasileiro), Negrucci, sete vezes (seis na Copinha e uma no Brasileiro) e Leandro, seis vezes (seis na Copinha), não têm reforçado a equipe sub-20 no Brasileiro da categoria.
Isso tem feito o São Paulo entrar em campo com alguns jogadores ainda distantes dos 20 anos, o limite da idade na categoria. A média da equipe titular no empate por 2 a 2 com o Atlético-MG, por exemplo, na rodada passada, era de 18,36 anos. Apenas dois dos 11 já completaram 20 anos.
Independentemente de resultados, o São Paulo não pretende mudar a metodologia utilizada para revelar jogadores em Cotia.
Globo Esporte