Carpini, elenco, diretoria e torcida: os bastidores da queda de braço pelo futuro do técnico no São Paulo

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Técnico sofre pressão por eliminação precoce no Paulista e problemas no desempenho do time

O São Paulo anunciou a contratação de Thiago Carpini no dia 11 de janeiro. Três meses e um dia depois, o treinador vive num ambiente de pressão. Defendido por jogadores e criticado por torcedores, tem a diretoria como fiel da balança para tentar ter sequência e não ter seu trabalho interrompido.

As primeiras impressões foram boas. Fim do longo tabu, de 10 anos, sem vitórias do São Paulo na Neo Química Arena diante do Corinthians e título da Supercopa do Brasil em cima do Palmeiras. Em pouco tempo, a empolgação da torcida deu lugar à desconfiança por causa da eliminação nas quartas de final do Campeonato Paulista e o futebol abaixo do esperado pela torcida.

De um lado, Thiago Carpini conta com o apoio dos jogadores. O trabalho do treinador é elogiado pública e internamente por líderes do elenco. Os principais jogadores do Tricolor têm dado constantes declarações defendendo a permanência do técnico e elogiado o dia a dia no CT da Barra Funda.

Do outro, os torcedores estão insatisfeitos. A principal alegação é que o São Paulo não consegue apresentar evolução técnica e tática mesmo com reforços contratados no início desta temporada. A eliminação para o Novorizontino, nos pênaltis, nas quartas de final do Campeonato Paulista, e o desempenho nas duas primeiras rodadas da Conmebol Libertadores pesam.

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No torneio internacional, o Tricolor perdeu do Talleres na estreia e suou para vencer o fraco Cobresal no Morumbis.

No dia a dia, a relação de Thiago Carpini com os jogadores do São Paulo é boa. O ge ouviu pessoas próximas aos atletas e ao técnico para confirmar as declarações públicas nos últimos dias. O que ouvimos, de principal, é que o elenco gosta da maneira como o treinador trabalha no CT da Barra Funda, seus treinos e o trato entre eles.

 Eu acho que o momento é muito mais criado pela imprensa, pela parte externa do que pela gente. Classificamos em primeiro no Paulista, caímos nos pênaltis para uma equipe muito bem entrosada, que se defendeu muito bem, e propusemos o jogo o tempo todo no Morumbis (…). O Carpini tem todo o nosso apoio. Vemos o trabalho dele no dia a dia. Quem acompanha o trabalho dele, jogadores, diretoria, não tem como ser diferente a não ser apoiar o trabalho dele – disse Lucas após a estreia com derrota na Libertadores.

Thiago Carpini costuma dar abertura para os jogadores depois de tomar suas decisões. Mas uma mudança de esquema tático, por exemplo, não é debatida. O treinador, porém, gosta de ouvir dos atletas onde eles se sentem mais à vontade em campo.

James Rodríguez tem o costume de jogar mais solto, sem tantas obrigações táticas. No primeiro tempo do jogo contra o Cobresal, o meio-campista colombiano precisou exercer uma função específica pelo lado esquerdo do ataque, numa dobradinha com Michel Araújo. No intervalo, Carpini deu mais liberdade para o camisa 55, que acabou participando dos dois gols da vitória.

A pressão sobre Thiago Carpini, é claro, chegou aos ouvidos e aos olhos dos jogadores. O elenco, então, tem tentado, em momentos específicos, demonstrar apoio ao técnico. Em rodas de união depois de jogos, por exemplo, os líderes já falaram sobre como os atletas têm tentado contribuir para que as ideias do treinador saíssem com sucesso do papel.

James Rodriguez, nos últimos dias, se aproximou um pouco mais de Thiago Carpini. Mostrou, em conversas com o treinador, que quer contribuir o máximo que conseguir – diante do Cobresal, ficou 90 minutos em campo, a maior minutagem pelo São Paulo em 2024.

Outro exemplo de como funciona a relação de Thiago Carpini com os atletas foram mudanças feitas para a estreia na Libertadores, contra o Talleres. Lucas, que depois da derrota por 2 a 1 elogiou o treinador, ficou satisfeito por atuar aberto pelo lado esquerdo, posição na qual fez sucesso na Europa. Em pouco mais de 20 minutos, porém, foi substituído com uma lesão.

As contusões, por sinal, têm sido uma constante no trabalho de Thiago Carpini. Neste momento, o São Paulo tem no departamento médico:

  • Luiz Gustavo (lesão no tendão de Aquiles da perna direita);
  • Moreira (lesão no músculo reto femoral da coxa direita);
  • Patryck (lesão muscular à esquerda do quadril);
  • Rafinha (fratura na fíbula esquerda);
  • Lucas (lesão na região posterior da coxa esquerda);
  • Wellington Rato (lesão de sindesmose no tornozelo esquerdo);
  • Ferreira (lesão no músculo adutor esquerdo).

E a diretoria?

Responsável por manter ou demitir Thiago Carpini, a diretoria do São Paulo está em silêncio sobre o futuro do treinador. No dia a dia, principalmente nas últimas semanas, com o aumento da pressão, não foi debatido entre o técnico e os dirigentes uma possível demissão.

Depois da vitória sobre o Cobresal, o técnico foi mantido, mas o trabalho continua sendo avaliado partida a partida. No sábado, às 21h (de Brasília), o Tricolor estreia no Campeonato Brasileiro no Morumbis, contra o Fortaleza, mais uma vez com a pressão sobre seu treinador.

Carpini se sente respaldado por quem está mais perto dele, como Rui Costa, Muricy Ramalho e Carlos Belmonte, os comandantes do departamento de futebol, e tem boa relação com o presidente Julio Casares. O técnico sabe, porém, que os resultados precisam melhorar para que sua vida volte a ser mais tranquila no São Paulo.

Globo Esporte