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Carlo Carcani e Heitor Esmeriz
Conheça a história do atacante de 23 anos: ele passou por regime durante a quarentena antes de explodir na Ponte e recentemente presenteou seu “descobridor” com um carro 0km.
Bruno Rodrigues e o empresário João Batista “Quebra Osso” — Foto: Divulgação
Alguns dias antes de atingir o auge de sua carreira e realizar o sonho de ser contratado por um grande clube do futebol brasileiro, o atacante Bruno Rodrigues, novo reforço do São Paulo, visitou a família no Rio Grande do Norte.
A expectativa pelo desfecho feliz das negociações com o Tricolor certamente fez o jovem de 23 anos sonhar acordado com a temporada que está por vir, mas nem por isso ele apagou da memória momentos difíceis que viveu na infância. Muito pelo contrário.
Em uma emocionante e rara demonstração de gratidão, Bruno Rodrigues deu um carro 0km de presente a João Batista “Quebra Osso”, empresário que enxergou o potencial do jogador que nasceu em Ceará-Mirim (RN).
“Quebra Osso” foi determinante para mudar a vida de Bruno Rodrigues. Mais do que tirá-lo da rua quando tinha apenas 13 anos, o sócio da Brazil Sports, empresa especializada na representação de atletas, acolheu o garoto, que dormiu na churrascaria do empresário no período em que começou a treinar no Santa Cruz de Natal.
Grato a quem lhe abriu as primeiras portas no futebol, Bruno Rodrigues postou uma mensagem que evidencia seu sentimento por seu “descobridor”.
– Merece mais do que um carro. Sou grato por tudo o que senhor fez e faz, pai Quebra-Osso.
Do Santa Cruz de Natal, Bruno Rodrigues seguiu para a base do Athletico-PR. Chegou a atuar no time sub-23 e foi emprestado ao Joinville, clube pelo qual disputou a Série C do Campeonato Brasileiro.
Em 2019, Bruno Rodrigues foi emprestado ao Paraná. Seu bom desempenho atraiu a atenção da Ponte Preta, e a primeira passagem pelo futebol paulista mudou a sua carreira.
Bruno Rodrigues foi artilheiro e garçom da Ponte Preta — Foto: Álvaro Jr/ PontePress
Mas ainda que tenha terminado a temporada 2020/2021 como artilheiro e principal garçom da Macaca, com 11 gols e 12 assistências, a passagem dele pelo Majestoso nem sempre foi de glórias. Também tiveram dias de luta.
Antes da paralisação do futebol devido à pandemia, em março, o atacante era um dos principais alvos das críticas da torcida diante da campanha que caminhava para o rebaixamento à Série A2.
Depois da derrota de virada por 3 a 2 para o Guarani no dérbi campineiro, Bruno estava em uma lista de jogadores que seriam dispensados. Mas, diante da paralisação, os ânimos esfriaram, e o atacante aproveitou o tempo sem jogos para se reinventar e entrar em forma.
Foram sete quilos perdidos durante a parada do futebol (pesava 77kg antes e foi para 70kg) graças a um cardápio que cortou“besteiras” como batata frita, hamburger e chocolate, que faziam parte das refeições dele com frequência, e treinos diários de corrida na escada do prédio, subindo e descendo 20 andares.
O esforço deu resultado na retomada do futebol, e ele liderou a reação de uma Ponte que foi de lanterna e virtual rebaixada à semifinalista, com três gols em três jogos – todos de cabeça. A principal atuação foi nas quartas de final contra o Santos, na Vila Belmiro.
O Peixe saiu na frente com Marinho no primeiro tempo, mas Bruno empatou logo na volta do intervalo e na sequência chutou de longe para ver Vladimir espalmar e Moisés virar no rebote. João Paulo, nos minutos finais, ainda faria o terceiro da Ponte para definir a vitória por 3 a 1.
Bruno Rodrigues teve grande atuação contra o Santos na Vila Belmiro
A Ponte parou nas semifinais para o Palmeiras, mas a arrancada serviu para resgatar a confiança de Bruno Rodrigues para a sequência da temporada.
Em um elenco com nomes mais badalados como Apodi e Camilo, ele assumiu o protagonismo ofensivo do time na Série B, com sete gols e oito assistências na competição. Quase 50% dos gols da Macaca passaram pelos pés de Bruno de maneira direta ou indireta.
O destaque foi tanto que ele chegou a recusar pelo menos quatro ofertas de clubes da Série A para terminar o contrato na Ponte. A renovação dele era prioridade no clube e até rendeu uma campanha da torcida alvinegra nas redes sociais (#ficabruno) para tentar sensibilizá-lo a ficar.
A Ponte também se esforçou para segurá-lo e chegou a fazer quatro ofertas – a última com salário na casa dos R$ 100 mil, mais que o dobro do que ele ganhava anteriormente, mas não foi suficiente diante da concorrência pesada no mercado e agora Bruno vai iniciar um novo capítulo da sua trajetória no São Paulo, com contrato de empréstimo por um ano e valor pré-fixado em caso de compra futura.
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