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Marcelo Hazan e Yan Resende
Meia para de priorizar toques em vez de chutes, participa diretamente de oito dos 16 gols do São Paulo e tem melhor média desde 2008, quando virou profissional.
Paulo Henrique Ganso é o responsável direto por oito dos 16 gols do São Paulo na temporada. São seis bolas na rede (o dobro de todo ano de 2015) e duas assistências. Ou seja, metade. A fase artilheira incomum na própria trajetória deu a ele os últimos cinco gols do time, contra Mogi Mirim (2 a 0), São Bernardo (1 a 3), River Plate (1 a 1), Trujillanos (1 a 1) e Ituano (1 a 1) –confira os gols pelo Paulistão no vídeo acima.
O Tricolor conta com a boa fase do meia para acabar com o jejum de cinco jogos sem vencer nesta quarta-feira, contra o Botafogo-SP, às 21h45, no Pacaembu.
Manter a média de 0,37 gols por partida significará a temporada mais goleadora da carreira de Ganso. O ano de melhor desempenho no quesito foi 2010, quando ele fez 13 gols em 44 partidas por Santos e Seleção (0,29 por jogo). Agora, atingiu praticamente metade do número em março. Por quê?
Ganso tem trocado os passes pelas finalizações. Muricy Ramalho, seu técnico por Santos, São Paulo e agora comandante do Flamengo, dizia que o meia preferia o toque ao chute. A assistência em vez do gol. A lógica se inverteu em 2016.
Ganso se conscientizou de que precisa fazer mais gols. Antes, a responsabilidade era mais dividida com Rogério Ceni (faltas e pênaltis), Alexandre Pato e Luis Fabiano. Sem o trio desde a virada do ano, o meia se vê como um dos melhores finalizadores do elenco. E não tem medo de arriscar o chute.
Dois exemplos são os gols contra Mogi Mirim e São Bernardo (veja nas imagens abaixo), de fora da área. No primeiro, ele recebe de Alan Kardec e tem algumas opções de passe: o próprio Kardec, Carlinhos pela esquerda ou lançamento para Wesley nas costas da defesa. A opção é pela jogada individual: drible, finalização e gol.
No segundo, após receber de Calleri, o meia poderia devolver ao argentino, acionar Carlinhos na esquerda ou buscar o passe para Centurión, na direita. Novamente a escolha é pela finalização e nova bola na rede.
Seu posicionamento com Edgardo Bauza também o ajuda. Ao menos no antigo esquema 4-2-3-1, Ganso não precisava acompanhar os laterais até a defesa para marcar, função dos pontas. Ele ajuda a pressionar o volante e o zagueiro adversários na saída de bola, com auxílio do centroavante, no caso Calleri.
Quando o time ataca, Ganso vira uma espécie de segundo atacante em alguns momentos e entra mais na área. Esse posicionamento lhe dá a chance de fazer gols como contra o Ituano, no último domingo, em que trocou de lugar com Calleri e concluiu o cruzamento do argentino como um centroavante.
Agora, a expectativa é saber como será seu rendimento no sistema novo do argentino, o 4-3-2-1, no qual terá a companhia de Daniel na criação.
No São Paulo desde setembro de 2012, Ganso quer conquistar um título pelo clube antes de sair. O meia atuou em dois jogos do título da Sul-Americana daquela temporada, sem o protagonismo de agora. Com contrato válido até setembro de 2017, conversava com o ex-vice de futebol Ataíde Gil Guerreiro, agora diretor de relações institucionais, para renovar. A negociação está longe de um término.