SPFC mostra balanço, e dívidas por Ganso e Richarlyson passam de R$ 16 mi

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UOL

Thiago Braga e Rodrigo Mattos

Com a publicação do balanço de 2021, o São Paulo expôs, ontem (27), não só o aumento da dívida global do clube, mas também o que gerou os débitos. Um dos problemas foi não ter pago os compromissos quando a dívida foi gerada. Dois exemplos são os casos do ex-jogador Richarlyson e do meia Paulo Henrique Ganso, atualmente no Fluminense. Só nestas duas operações, o Tricolor tem de pagar R$ 16 milhões — R$ 9,7 milhões por um acordo trabalhista e cível com Richarlyson, e outros R$ 6,9 milhões pela intermediação da venda dos direitos de Ganso ao espanhol Sevilla, em julho de 2016.

O total da dívida referente a acordos trabalhistas e cíveis apresentado no documento é de R$ 99,5 milhões. Entre os credores, além de Richarlyson e Ganso, estão também outros jogadores que fizeram sucesso no time tricampeão Brasileiro entre 2006 e 2009, casos de Borges e Hugo, cada um com direito a receber pouco mais de R$ 1 milhão. Nomes que passaram recentemente pelo Morumbi, como Jucilei, que tem R$ 4,7 milhões a receber, e Hernanes, credor de R$ 2,9 milhões, também estão na lista, onde o maior destaque é a dívida com Daniel Alves. O débito de R$ 22,8 milhões foi parcelado após o jogador deixar o clube no ano passado.

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Richarlyson, hoje comentarista da Rede Globo, deixou o São Paulo em 2010 e ajuizou ação na Justiça pedindo o pagamento dos direitos de arena e de imagem durante o período em que defendeu o Tricolor, que começou em 2005. O clube e o ex-jogador chegaram a um acordo para que a dívida seja quitada. Paulo Henrique Ganso foi contratado pelo São Paulo em 2012 e logo desbancou Jadson como o principal meia de criação do time. Quatro anos depois e com ótimo desempenho na Libertadores de 2016, ele foi vendido ao Sevilla por 9,5 milhões de euros (R$ 34,4 milhões à época). Seu último jogo foi no fim de junho daquele ano, contra o Fluminense, no Morumbi, pelo Campeonato Brasileiro.

A título de remuneração pelo serviço de intermediação na venda de direitos federativos de Ganso para o Sevilla, a empresa Link Assessoria Esportiva tem direito a receber R$ 4,5 milhões do clube paulista. O Grupo DIS tem mais R$ 2,4 milhões a receber pela mesma operação. No montante referente a intermediação na venda e participações de terceiros em direitos econômicos de atletas profissionais, o Tricolor acumula dívidas de R$ 58,2 milhões.

No balanço apresentado nesta quarta-feira (27), o clube do Morumbi apresentou crescimento da dívida em 12%. O débito que era de R$ 574 milhões em 2020, subiu para R$ 642 milhões. As despesas saltaram de R$ 488 milhões para R$ 560 milhões. Se for levado em conta somente o ano de 2021, o São Paulo conseguiu reduzir o déficit, que caiu de R$ 129 milhões para R$ 106 milhões. Um dos pontos positivos do clube foi conseguir aumentar as receitas geradas. No ano passado, o São Paulo arrecadou R$ 465 milhões, superando os R$ 358 milhões do ano anterior. Ou um aumento de quase 30% nas receitas captadas no período.

Especialista lê a dívida global de modo diferente Para o economista César Grafietti, porém, a situação é um pouco diferente. Segundo o analista, a dívida do São Paulo foi de R$ 626 milhões em 2020 e subiu para R$ 744 milhões no ano passado.

“É só uma questão de critério. Eles fazem uma conta diferente, usando todos os ativos e passivos, enquanto eu prefiro trabalhar apenas com os passivos que podem ter algum impacto no caixa e deduzir apenas os passivos que tenho certeza da liquidez [recebimento]. Assim consigo comparar com as receitas, que é a forma correta de encarar as dívidas. Ou seja, apesar do aumento da dívida nominal, ela ficou menor em relação às receitas, o que mostra melhora na capacidade de pagamento”, opinou Grafietti, sócio da consultoria Convocados.

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