GazetaEsportiva
Marcelo Baseggio
O título da Libertadores de 1992 foi importante não só para o São Paulo e seus torcedores, mas também para o futebol brasileiro como um todo. Até o início da década de 90, os clubes do País não incluíam o torneio entre suas prioridades por diversos fatores, mas o Tricolor de Telê Santana pavimentou o caminho para que a disputa continental passasse a ser desejada também por seus rivais.
O fato de o São Paulo ter estreado na Libertadores de 1992 com um time ‘misto’ é prova de que os brasileiros não priorizavam a competição. O técnico Telê Santana, inclusive, incentivou o clube a pressionar a Conmebol para que houvesse, ao menos nos jogos da equipe, controle de dopagem, mesmo que o clube tivesse que arcar com os custos.
Depois da derrota do time ‘misto’ para o Criciúma, por 3 a 0, na estreia, e com a implementação do controle de dopagem no torneio, o São Paulo decidiu disputar a Libertadores com o mesmo afinco mostrado em outros campeonatos.
“Lembro muito bem quando houve esse clique. O Telê chegou no vestiário e disse: ‘Agora a gente vai jogar essa Libertadores para ganhar’. Até o jogo do Criciúma, que perdemos em Criciúma e tivemos que reverter o resultado no Morumbi, não estávamos levando muito a sério. O Telê chegou pra gente na semana desse jogo e falou que agora essa competição a gente ia jogar pra ganhar, que era um título internacional, importante para todos nós, e acho que o Telê sentiu esse sabor porque ainda não tinha vencido uma competição internacional na carreira dele”, disse Pintado, volante daquele time, em entrevista à Gazeta Esportiva.
Até então, apenas quatro clubes haviam sido campeões da Libertadores: Santos (1962 e 1963), Cruzeiro (1976), Flamengo (1981) e Grêmio (1983).
“Começamos a ganhar os jogos da Libertadores e ganhar bem. Na medida que o time foi ganhando e passando das fases, o Telê e o time todo junto foram abraçando a Libertadores. Por isso conseguimos chegar à final”, lembrou o atacante Muller.
“Quando a gente define que ia jogar pra ganhar, a torcida comprou a ideia, a imprensa comprou a ideia, nossa equipe dentro de campo transmitiu essa vontade de vencer, sem contar a importância financeira da Libertadores”, completou Pintado.
Antes da conquista do São Paulo em 1992, o futebol brasileiro havia chegado a 11 finais de Libertadores em 32 edições. Depois do título tricolor, clubes do País disputaram nada mais, nada menos que 22 decisões do torneio em 29 oportunidades.
O futebol argentino continua sendo o detentor do maior número de títulos da Libertadores (25). Entretanto, o futebol brasileiro, que soma 21 conquistas, já superou os ‘hermanos’ em número de finais (38 contra 37) graças ao fato de os clubes do País passarem a priorizar a competição, movimento iniciado pelo inesquecível São Paulo de Telê Santana.
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