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A partir das 21h45 (de Brasília) desta quarta-feira, Atlético-MG e São Paulo farão o décimo confronto entre as duas equipes em toda a história da Copa Libertadores da América. É o clássico brasileiro mais vezes disputado dentro da competição continental, está cercado de rivalidade e história e, nesta noite, definirá o representante nacional nas semifinais.
Ao Tricolor, basta um simples empate para avançar. Ou uma derrota simples desde que balance as redes, já que venceu o primeiro confronto, realizado na semana passada, no Morumbi, por 1 a 0, vantagem construída após cabeçada de Michel Bastos. Ao passo que o Galo é obrigado a vencer por uma diferença de dois gols se quiser continuar sonhando com o bicampeonato. Caso devolva o 1 a 0, a vaga será decidida nos pênaltis.
O palco do duelo será o Estádio Independência, considerado uma “arapuca” pelo finado Juvenal Juvêncio. O ex-presidente do São Paulo tinha suas razões para classificar assim a arena mineira: em 2013, no bairro do Horto, em Belo Horizonte, a equipe paulista foi eliminada nas oitavas de final do torneio internacional após ser goleada por 4 a 1, com atuação destacada de Ronaldinho Gaúcho. Lá, o Tricolor não bate o Alvinegro desde 2004, antes da reforma concluída há quatro anos.
A rivalidade entre as duas agremiações, porém, não é de agora. O embrião dela surgiu com o Campeonato Brasileiro, iniciado em 1971, ano em que o Atlético-MG saiu como campeão após liderar um triangular final, deixando o São Paulo com o vice.
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Dessa forma, ambos se credenciaram para representar o País na Libertadores de 1972. Compondo o Grupo 3 ao lado dos paraguaios Olimpia e Cerro Porteño, os times brasileiros empataram duas vezes (2 a 2, no Mineirão, e 0 a 0, no Morumbi), resultados que classificaram os paulistas à segunda fase e deixaram os mineiros pelo caminho.
Mas foi no fim daquela década que as disputas entre os dois clubes ficariam mais acirradas. Na final do Brasileiro de 1977, o invicto Atlético-MG, de Toninho Cerezo, era o favorito, enquanto o São Paulo, liderado por Chicão e Waldir Peres, era considerado a zebra.
Bicampeão nacional à frente do Internacional (1975 e 1976), o então técnico tricolor, Rubens Minelli, usou sua experiência para colocar toda a responsabilidade da decisão nas costas do Galo. “O Atlético-MG pode ser considerado o favorito, mas nós faremos de tudo para complicar. O São Paulo é o time pequeno e o Atlético-MG é um trator. Sempre o mais pesado leva vantagem”, declarou, na época, o treinador ao jornal Gazeta Esportiva.
Marcado para o dia 5 de março de 1978, o jogo decisivo aconteceu no Mineirão, um prêmio ao Galo por ter feito melhor campanha nas fases anteriores da competição. Com um público superior a 102 mil pessoas, o estádio não viu gols mesmo após prorrogação, que terminou em clima tenso: Neca quebrara a perna de Ângelo, fato que gerou muitas reclamações por parte dos atleticanos, os quais pediam a expulsão do são-paulino ao árbitro Arnaldo Cezar Coelho. Nos pênaltis, os visitantes venceram por 3 a 2, dando o inédito título nacional ao São Paulo.
Polêmica é de família
Horas antes da grande final do Campeonato Brasileiro de 1977, o Atlético-MG ameaçava escalar o atacante Reinaldo, suspenso para aquela partida. Nas mesmas condições, o avante Serginho, do São Paulo, sequer viajou para Belo Horizonte. Então, o presidente do Tricolor à época, Henri Aidar, pai do ex-mandatário Carlos Miguel Aidar, que, no ano passado, renunciou do cargo acusado de corrupção, disse: “Se o Reinaldo entrar em campo, o São Paulo não entra. Isto eu posso garantir a todos”, brincou, antes de lamentar o insucesso na tentativa de conseguir o efeito suspensivo de Serginho. “Fizemos de tudo para consegui-lo, mas nos foi negado e acabamos nos conformando com a resolução”, emendou.
“A rivalidade do São Paulo com o Atlético-MG, realmente, começou aí. O Atlético-MG fez um campeonato excepcional em 1977 e ficou invicto. A gente conseguiu levar a partida decisiva para os pênaltis e isso criou um ambiente entre as duas equipes, decidindo um título, realmente uma situação de rivalidade muito grande”, relatou o arqueiro tricolor à época, Waldir Peres, à Gazeta Esportiva.
Apenas dez dias depois, o Mineirão voltaria a abrigar um embate entre os dois times. Pela fase de grupos da Libertadores, o então campeão e vice brasileiros empataram novamente, mas, dessa vez, por 1 a 1. No returno, o Galo se vingou da fatídica derrota nas penalidades ao superar o Tricolor, em pleno Morumbi, por 2 a 1, e despachando a equipe paulista do torneio.
“O clima era respeitoso, mas teve o problema que o Neca quebrou a perna do Ângelo na decisão do Mineirão. E foi aí que criou esse ambiente, mas futebol é futebol. Teve a desclassificação do São Paulo para o Atlético na Libertadores de 2013, teve uma série de jogos depois, de suma importância, que criou essa rivalidade”, ressaltou Peres.
A desclassificação de 2013 referida pelo ex-goleiro são paulino veio após quatro duelos entre Tricolor e Galo. Assim como nos anos 1970, os rivais caíram na mesma chave. Depois de perder no Independência por 2 a 1, o tricampeão continental deu o troco na última rodada do grupo, vencendo por 2 a 0, com gols de Rogério Ceni e Ademilson.
Não haveria tempo para que o clima pesado criado no Morumbi se esvaísse. Isso porque duas semanas depois o estádio já estaria novamente lotado para que os rivais brasileiros se enfrentassem no primeiro duelo válido pelas oitavas de final. Jadson abriu o placar para o time da casa, que dominava a partida até então. No entanto, o zagueiro Lúcio cometeu falta dura em Bernard, levou o segundo cartão amarelo e foi expulso ainda no primeiro tempo. Com um a menos, o São Paulo se perdeu em campo e viu os atleticanos virarem com Ronaldinho Gaúcho, de cabeça, e Diego Tardelli.
No Horto, a “arapuca” intitulada por Juvenal, os são-paulinos foram presas fáceis e acabaram goleados por 4 a 1, com destaque para a atuação de Ronaldinho. Durante a partida, o pentacampeão abusou dos dribles e, em um deles, Wellington, ao tentar parar o craque atleticano, acabou acertado por Douglas, seu companheiro de equipe, que também acabou driblado. Na sequência, Gaúcho deu um “peteleco” na orelha do volante, que voltou à capital paulista bravo com a atitude do adversário.
“Quando está ganhando, é muito fácil fazer graça. Com a torcida apoiando, em casa, é fácil. Enquanto estava 1 a 0, foi um duelo de igual para igual. Depois que eles fizeram o segundo e o terceiro, aí nosso time teve de sair para o jogo para tentar o gol, buscar o resultado. Foi aí que ele (Ronaldinho), um jogador habilidoso, quis fazer graça. Ele estava junto da torcida, aí desequilibra. Aí vocês acham que o Wellington não marcou, que ninguém correu, que ninguém presta mais, mas o futebol é assim”, queixou-se.
Mais um capítulo de São Paulo x Atlético-MG foi escrito há uma semana, no Morumbi, quando o time da casa largou na frente ao obter uma vitória simples em um jogo truncado. “O jogo de quarta-feira passada, muita pancada, muita chegada junto, então cria um ambiente de rivalidade principalmente em termos de decisão”, avaliou Waldir Peres, que, assim como ambas as torcidas, aguarda mais um confronto emocionante pela Copa Libertadores.
Hoje temos a chance de calar a boca dessa mídia medíocre, vamos São Paulo.
Eu acho que o jornalista está enganado não foi o Neca que quebrou a perna do Angelo, se eu não me engano o Angelo estava desequilibrando o jogo e foi o grande Chicão que pisou na sua perna quando ele já estava no chão, tirando da partida.